Pandemia expõe miséria em Campo Grande: famílias contam com R$ 600 para não passar fome
A fila em frente à Caixa Econômica Federal nesta véspera de feriado é grande e muita gente conta com os R$ 600 para comprar o essencial, que há dias falta na geladeira de casa: comida. Desempregados, eles se apegam à esperança de finalmente ter acesso ao benefício e colocar alimento na mesa. Algumas pessoas contam […]
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A fila em frente à Caixa Econômica Federal nesta véspera de feriado é grande e muita gente conta com os R$ 600 para comprar o essencial, que há dias falta na geladeira de casa: comida. Desempregados, eles se apegam à esperança de finalmente ter acesso ao benefício e colocar alimento na mesa. Algumas pessoas contam que têm se alimentado apenas de doações.
Fabiana Cristina, de 36 anos, é moradora da Favela do Linhão e conta que se sente humilhada após diversas tentativas de acessar o auxílio emergencial. “Falam pra gente se isolar, mas ou a gente vem atrás do dinheiro, ou morre de fome”.
Ela conta que tem uma filha de um ano meio e que precisa comprar principalmente comida, leite e fraldas. “Moro no Linhão, a gente vive de doação, está todo mundo necessitado. O almoço do dia está sendo as marmitas doadas. Estou desempregada e me preocupo com o próximo mês, o frio chega e precisamos de agasalho e cobertores”, relata.
Também desempregado há bastante tempo, Sandro Costa da Silva, de 55 anos, precisa do auxílio para se alimentar. Ele não tem a carteira assinada há quatro anos e trabalhava com ‘bicos’ como catador e jardineiro. Entretanto, com o coronavírus, as ofertas de trabalho acabaram. “Como vou comer sem dinheiro? Estou pedindo comida em restaurantes para não passar fome. É a terceira vez que venho aqui [na Caixa]”, explica.
Sandro afirma que foi roubado e está sem os documentos. Ele registrou o caso na Polícia Civil, mas a Caixa não teria aceitado o boletim de ocorrência como documento. “Como? É registrado na Polícia Civil. Foi assinado por um delegado”.
Ricardo Mendes, de 54 anos, conta que mora em Anhanduí e enfrentou uma verdadeira saga para chegar à agência da Caixa no centro da Capital. “Ficou complicado porque cortaram os ônibus que iam direto pra lá, agora tenho que pegar quatro ônibus para voltar. Só de passe gastei R$ 24 e mais R$ 10 de almoço, é um dinheiro que não tenho”, afirma.
Ele conta que trabalhava com serviços gerais, mas não teve o contrato renovado por causa do coronavírus. “Esse dinheiro vai servir pra me custear. Onde eu moro não entregam nada, parece que não existimos, ninguém lembra de doar. Lá tem idosos passando necessidade”.
Uma gestante que estava na fila com uma criança de colo, mas não quis se identificar, conta que tenta pela segunda vez sacar o benefício. Ela está desempregada e sustenta a filha apenas com a pensão. “É difícil, não tem prioridade para grávidas e ficar no sol é situação chata”.
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