Reunião entre representantes das escolas, prefeitura e MPMS (Ministério Público de ) pré-fixou o dia 10 de setembro para o retorno das aulas presenciais em Campo Grande. Entretanto, especialistas alertam de que não é o momento nem para iniciar a discussão sobre o assunto.

O médico infectologista e ex-diretor do Departamento de Imunizações e Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, Júlio Croda, argumenta que o retorno deve ser pensado quando a cidade estiver com pelo menos um mês com queda nos números de casos e mortes. “ não tem nenhum critério com queda constante em número de casos. A média móvel está estabilizada, mas não sabemos se vai continuar aumentando. Tem que esperar”, pontuou.

O especialista explica que existem dois indicadores importantes para determinar se uma doença está sob controle. Um deles é do Centro de Controle e de Doenças dos (CDC, na sigla em inglês). “Ele considera o ideal quando temos 1 caso por 100 mil habitantes”, informa. Nesse indicador, considerando população de 900 mil habitantes em Campo Grande, teríamos que ter cerca de 9 casos por dia.

Outro indicador é da OMS (Organização Mundial de Saúde). “Ele considera a positividade de testagem em 5% e estamos na casa dos 10% em Campo Grande”, explica Croda.

São Paulo

Na cidade de São Paulo, que já está há cerca de um mês com tendência de queda, foi realizado um inquérito sorológico, que detectou que 64% das crianças infectadas são assintomáticas e 16% já tiveram contato com o vírus.

Não é o momento, alertam especialistas sobre pressão de particulares sobre volta das aulas
Inquérito sorológico realizado pela Prefeitura de SP em crianças de 4 a 14 anos. (Foto: Reprodução)

Para Croda, Campo Grande vive outro momento. “O inquérito sorológico é interessante em outro momento. Atualmente, não tem outro indicador que permite a reabertura”, conclui.

O secretário estadual de saúde, Geraldo Resende, elogiou a decisão da prefeitura da capital paulista. “São Paulo tomou decisão acertada. Espero que tenhamos a mesma decisão aqui”, avaliou.

Escolas pressionam

Desde o começo da , as escolas particulares pressionam o MPMS para definir uma data de retorno das aulas presenciais. Primeiro, ficou definido dia 1º de julho. Depois, acertaram a data de 24 de agosto e, por fim, ficou estabelecido o dia 10 de setembro.

Em todas as reuniões, conforme apurado pelo Jornal Midiamax, a associação das escolas particulares apresenta uma nova data para não sair sem uma prévia.

A presidente do Sinepe-MS (Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino de MS), Maria da Glória, argumenta que as escolas já estão com plano de biossegurança aprovados e com materiais adquiridos para coloca-lo em prática. “Setor nenhum foi condicionado a voltar atividades atrelada a algum teste”, avaliou.

Riscos

Nos Estados Unidos, o retorno antecipado das aulas no início desse mês de agosto teve um resultado trágico e esperado: novo surto de coronavírus entre alunos e funcionários.

A situação ficou tão complicada que vários estados suspenderam novamente as aulas e colégios foram fechados.

retorno às aulas
Volta às aulas em escolas norte-americanas tem aglomeração e surto da . (Imagem: Reprodução)