Medo do coronavírus pode causar sintomas em pessoas que não foram infectadas, diz especialista

A manifestação de sintomas físicos causados por um problema psicológico, a somatização, não é incomum. A exemplo disse temos a gravidez psicológica. E nessa época de pandemia do novo coronavírus (Covid-19) com muitas informações e o medo do contágio faz com que muitas pessoas desenvolvam os sintomas sem estarem infectadas pela doença. Em entrevista à […]

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A manifestação de sintomas físicos causados por um problema psicológico, a somatização, não é incomum. A exemplo disse temos a gravidez psicológica. E nessa época de pandemia do novo coronavírus (Covid-19) com muitas informações e o medo do contágio faz com que muitas pessoas desenvolvam os sintomas sem estarem infectadas pela doença.

Em entrevista à BBC News, o psicólogo e chefe da pós-graduação da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade de La Salle, na Cidade do México, Emiliano Villavicencio disse: “Do coronavírus, podemos sentir a febre, a dor de cabeça e até tossir sem ter a doença. Tudo é possível”.

Aos 30 anos, um biólogo morador de Campo Grande, que prefere não se identificar contou que no começo da pandemia começou a sentir febre, dores de garganta, dores de cabeça e acabou ficando gripado.

“Eu tive sintomas de gripe no começo, não sabia se era do tempo ou se era por medo do coronavírus. Até falta de ar eu sentia. Não conseguia dormir, ficava acelerado”, disse.

A somatização é reconhecida no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais publicado pela Associação Psiquiátrica Americana dos Estados Unidos, segundo a BBC News.

E, conforme o psicólogo, a situação atual de pandemia relacionado ao medo da emergência de saúde causada pelo novo coronavírus, pode causar os sintomas da doença em alguns pacientes.

Sintomas reais e que acabam confundindo algumas pessoas, que acreditam estar com a doença, por um estado de ansiedade e preocupação. “Na somatização, se o paciente acredita que sua cabeça dói, é porque realmente dói, só que a explicação para essa dor é psicológica”, explicou Villavicencio.

Os sintomas mais comunas da Covid-19, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), são febre, tosse seca, mal-estar e dificuldade para respirar. Em alguns casos foram relatadas secreções nasais, problemas gástricos, perda de olfato, entre outros.

Cuidado

Na entrevista à BBC News, Villavivencio disse que diante da emergência sanitária, os pacientes com sintomas psicossomáticos estão aumentando em seu consultório.  Pessoas saudáveis com sintomas do coronavírus, o que é normal, mas nestes casos ele procurar tratar o medo em vez de receitar medicamentos.

Segundo ele, é preciso que o especialista descarte qualquer causa física aos sintomas e depois procurar uma razão psicológica.  Muitas vezes se descobre, por exemplo, que é uma pessoa hipocondríaca.

“A diferença entre uma pessoa hipocondríaca e um paciente que manifesta sinais psicossomáticos se deve à influência de um fator ambiental. O hipocondríaco não precisa desse elemento externo — neste caso a emergência de saúde — para desenvolver ansiedade e sentir os sintomas de uma doença”, esclarece o especialista.

Além disso, a superexposição às notícias sobre o coronavírus é uma das principais razões do aparecimento de sintomas psicossomáticos. Por esse motivo, é importante lembrar que não basta cuidar apenas da saúde física, é preciso tomar cuidados também da saúde mental.

Analisar as notícias e não simplesmente “engoli-las”, conhecer bem o que implica ter o coronavírus, “cuja mortalidade geral não é tão alta”, e consultar “fontes confiáveis de informação e não apenas uma publicação no Facebook”, segundo Villavivencio.

“Uma pessoa superexposta pode construir facilmente fantasias catastróficas, distorcer a realidade e produzir um estado psicossomático. A partir das ideias e fantasias, o atendimento médico dos países pode ser prejudicado”, conclui o especialista.

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