Vai ano, vem ano, e os problemas com o transporte público de segue sendo os mesmos. Apesar de muitas reivindicações dos usuários e de lucro milionário do , empresa que detém o transporte da Capital, os problemas seguem sendo ‘eternos’. Com o aumento dos casos de coronavírus, a preocupação retorna para quem usa o transporte. 

Depois de semanas em queda, o número de casos de coronavírus voltou a crescer em Mato Grosso do Sul. Um sinal de que a doença tem avançado no estado é que o Disk chegou a ter as linhas congestionadas devido ao aumento da procura de pacientes com sintomas por testes nos drive-thrus. Além disso, o aumento da demanda lotou a agenda dos drive-thrus pelos próximos três dias.

Além disso, o O Hospital Cassems Campo Grande emitiu comunicado de alerta, na tarde desta terça-feira (17), para o aumento de 83% em atendimento de casos suspeitos de coronavírus durante a primeira quinzena do mês de novembro, comparado a outubro. A unidade decidiu suspender as visitas aos pacientes internados.

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Basta abordar o primeiro passageiro que tiver à vista nos terminais que as reclamações serão as mesmas. No Terminal Nova Bahia, durante o horário de pico, a reclamação dos passageiros é a pouca quantidade de ônibus para inúmeros passageiros, dentre outras pontuações.

Passageiros enfrentam coronavírus com lotação nos ônibus em Campo Grande
Antônia | Foto: de França, Midiamax

Antônia Gonçalves, de 57 anos, disse que a demora para conseguir chegar em casa é uma das piores partes do dia. Antes da pandemia, havia uma linha que ia direto para o bairro dela, o Jardim Columbia, mas depois dos cortes do Consórcio Guaicurus, precisa de outro trajeto.

“O ônibus São Julião demora cerca de 1 hora, quando tinha a linha direta para o bairro, era muito mais fácil”, disse a moradora que trabalha no Centro.

Para a passageira Valdete Araújo, de 58 anos, o preço da tarifa deveria coincidir com a qualidade do serviço prestado. “A gente fica uma hora esperando. A passagem está um absurdo e não tem ônibus o suficiente”, disse a moradora, questionando os R$ 4,10 que paga por passagem.

“Acham que a população não precisa. Eles [Consórcio Guaicurus] querem ganhar nas alturas e o povo que se ferre”, exclamou a trabalhadora ao Jornal Midiamax.

Confiar na tabela horária e no aplicativo que “mostra”, na teoria, onde o ônibus está, é arriscado, disse o cozinheiro Emerson Gomes, de 43 anos. “O valor que a gente paga não é bom, principalmente na pandemia. Ônibus lotados e o aplicativo não funciona, nunca bate os horários. Aí a gente se atrasa e tem que dar satisfações para o chefe, que acha até que é desculpas”, pontuou.

Passageiros enfrentam coronavírus com lotação nos ônibus em Campo Grande
Emerson | Foto: Leonardo de França, Midiamax

No Terminal Morenão, os passageiros comentam que temer o coronavírus não é uma opção para quem precisa andar no transporte público oferecido pelo Consórcio Guaicurus. “É superlotado, tem poucos ônibus. A gente acorda cedo para ir trabalhar e vai prensada porta de tão cheio que vai os ônibus”, comentou Vanessa Marques.

Laerte Aparecido Alves, de 66 anos, disse que a pandemia fez com que os serviços prestados pela empresa de transporte só piorassem.

“A gente paga por um transporte de péssima qualidade. Temos uma das tarifas mais caras do Brasil com ônibus nessas condições. Eu demoro 1h50 para chegar no meu trabalho, 1h50 em um trajeto de 16 km. Eu pago para andar em pé”, disse.

Passageiros enfrentam coronavírus com lotação nos ônibus em Campo Grande
João | Foto: Leonardo de França, Midiamax

O bailarino, João Rodrigues, de 21 anos, disse que acaba ficando de mãos e pés atados diante da situação diária que precisa enfrentar no transporte público.

“Em uma época de pandemia, está bem ruim. É desumano cobrar tão caro pelo momento, o transporte não tem um pingo de segurança e nem higienização”, pontuou o rapaz.

Lucro de R$ 12 milhões

Em 2019, a empresa de consultoria da (Agência Municipal de Regulação dos Serviços Públicos) revelou que durante todo o ano passado, o Consórcio Guaicurus teve um lucro líquido de R$12.289.916,89, considerando R$ 11,1 milhões do consórcio e R$ 1,1 milhão da Assetur, associação que administra o grupo de empresas. O montante milionário representa que por mês, durante o ano passado, as empresas lucraram mais de R$ 1 milhão, já com todos os encargos, salários e custos descontados.

O consórcio também apresenta 18 cenários possíveis de lucro da empresa no prazo de 5 a 7 anos dependendo do valor da tarifa, que é ajustada todos os anos. Na época, a pesquisa mostrou que em todas as projeções, em apenas duas delas as empresas operariam no vermelho. Daqui a 7 anos, por exemplo, com uma tarifa custando R$ 3,75 o consórcio ainda teria lucro líquido de R$ 469 mil em um ano.

Os melhores cenários de lucro para os empresários seriam, claro, com a tarifa pesando mais ainda no bolso do passageiro. Na projeção daqui a 5 anos com tarifa de R$ 4,49, o consórcio fecharia o ano lucrando o montante de R$ 19,1 milhões líquidos. O mesmo valor de tarifa daqui a 7 anos renderia incrível lucro de R$ 23 milhões no ano.