Falsianes, mas raras: por que essas cobras achadas em florestas de MS serão pesquisadas?
Espécies raras de falsa-coral foram encontradas por pesquisadores na região da propriedade Barra do Moeda, uma área de preservação ambiental da empresa Suzano, em Mato Grosso do Sul. Com escassos registros científicos, as espécies Apostolepis goiasensis e Apostolepis intermedia, estão sendo pesquisadas. Durante pesquisas de campo que ocorreram entre outubro de 2017 e abril de […]
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Espécies raras de falsa-coral foram encontradas por pesquisadores na região da propriedade Barra do Moeda, uma área de preservação ambiental da empresa Suzano, em Mato Grosso do Sul. Com escassos registros científicos, as espécies Apostolepis goiasensis e Apostolepis intermedia, estão sendo pesquisadas. Durante pesquisas de campo que ocorreram entre outubro de 2017 e abril de 2018, foram catalogadas 28 espécies da fauna e flora, ameaçadas de extinção.
Ao todo, foram capturadas cinco cobras, sendo três da espécie Apostolepis intermedia e duas Apostolepis goiasensis. Quatro delas estavam em áreas de plantação de eucalipto e uma estava em uma área de Cerradão (Cerrado denso). Os animais foram coletados sob a licença SISBIO (Sistema de Autorização e Informação em Biodiversidade), do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), e enviados para a Coleção Herpetológica do Instituto Butantan, no Estado de São Paulo.
“As duas espécies aqui registradas ocorrem predominantemente em áreas de Cerrado. Este bioma é um hotspot de biodiversidade. A raridade de registros das duas espécies mostra que ainda sabemos pouco sobre a fauna de cobras desse bioma, principalmente formações florestais como o Cerradão”, destaca a publicação.
“Embora esse gênero de serpente seja endêmico na América do Sul, principalmente no Brasil, as duas espécies encontradas em nossas áreas florestais são pouco conhecidas e registradas. Além disso, é bastante incomum as duas espécies serem localizadas em uma mesma área, o que atesta as nossas boas práticas de manejo para a conservação da biodiversidade. A Suzano mantém, desde 2007, um intenso trabalho de recuperação de áreas degradadas e monitoramento da fauna e da flora em suas áreas visando proteger os biomas, no caso de MS, principalmente o Cerrado. Esses registros nos reforçam que estamos no caminho certo”, ressalta Maria Tereza Borges Rocha, gerente de Meio Ambiente Industrial da Suzano.
A comunicação científica, de autoria de Fábio Maffei, consultor da Funatura da área de herpetologia, e Cristiano Nogueira, da Universidade de São Paulo, foi enviada em agosto para avaliação da revista científica Herpetology Notes (https://www.biotaxa.org/hn), especializada na área de herpetologia (ramo da zoologia dedicado ao estudo de répteis e anfíbios).
Monitoramento
Ao todo, foram catalogadas 1.208 espécies da fauna e flora da região nas florestas da Suzano. Vinte e oito delas estão ameaçadas de extinção, seguindo os critérios do IUCN (União Internacional para Conservação da Natureza).
Dentre as espécies catalogadas, estão: 485 diferentes plantas nativas; 353 espécies de aves – o que corresponde a 47% das espécies do Cerrado, segundo o ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) -, 103 artrópodes, 79 espécies de mamíferos, 62 de répteis, 55 de peixes e 41 espécies diferentes de anfíbios.
Na lista das espécies em risco de extinção pela IUCN catalogados pela empresa, estão desde aves como mutum-de-penacho (Crax fasciolata) e águia-cinzenta (Urubitinga coronata) à mamíferos, como cervo-do-pantanal (Blastocerus dichotomus), duas espécies de gatos-do-mato (Leopardus guttulus e Leopardus tigrinus), tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla), ariranha (Pteronura brasiliensis) e anta (Tapirus terrestres).
Falsa-coral
De acordo com a publicação, estima-se que haja 37 espécies de falsa-coral na América do Sul, sendo 32 delas ocorrendo no Brasil. No entanto, são poucos os registros desses animais. A Apostolepis goiasensis foi descrita em 1943 a partir de um espécime de Rio Verde, em Goiás, e, em 2003, com base em um segundo espécime do município de Uberlândia (MG).
Posteriormente, foram publicados dados sobre indivíduos em Luziânia (GO), Ribas do Rio Pardo e Três Lagoas (MS). “O espécime de Três Lagoas é o primeiro registro conhecido baseado em um espécime vivo obtido em uma amostra de campo”, destaca o comunicado. Outros três registros da espécie são apresentados para o Distrito Federal (Brasília), Goiás e São Paulo.
Já a Apostolepis intermedia era conhecida com base em um único espécime supostamente coletado em Miranda, cujo holótipo (fragmento ou ilustração feita a partir de espécime usado para a descrição original de uma espécie) foi perdido. Um segundo exemplar foi registrado em Anastácio, em 2012, e outros dois, no Paraguai.
Mato Grosso do Sul possui 113 espécies de serpentes, oito delas do gênero Apostolepis.
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