VÍDEO: Nos bairros, moradores contam como acaba o sossego quando o céu escurece

Foram 73 mm de chuva e os moradores da Aldeia Urbana Vida Nova, no bairro Nova Lima, estão entre os mais atingidos pelos alagamentos que atingiram Campo Grande nas últimas 24 horas. Na relação de prejuízos trazidos pelas chuvas, moradores listam móveis perdidos, lama nas casas, muros derrubados e perderam até o sossego – que […]

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Foram 73 mm de chuva e os moradores da Aldeia Urbana Vida Nova, no bairro Nova Lima, estão entre os mais atingidos pelos alagamentos que atingiram Campo Grande nas últimas 24 horas. Na relação de prejuízos trazidos pelas chuvas, moradores listam móveis perdidos, lama nas casas, muros derrubados e perderam até o sossego – que vai embora sempre que a previsão do tempo aponta uma nova chance de chuva.

A tarde de quinta-feira (20) foi permeada pelo desespero nas aldeias urbanas. Os moradores lamentam as perdas materiais, mas mencionam que a maior preocupação naquele momento era com a segurança das famílias. “Achamos que as casas iam cair sobre as nossas cabeças”, relatam os moradores.

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Albertina se emociona ao lembrar do desespero durante alagamentos. (Foto: Marcos Ermínio)

Quem mora no bairro desconfia que a construção de um quebra-molas no meio da quadra pode ter intensificado a ação da enxurrada, que chega aos quintais e invade as casas. Na manhã desta sexta-feira (21), imagens dos alagamentos na aldeia começaram a ser divulgados nas redes sociais. Uma das cenas mais dramáticas é de uma senhora, que é retirada em prantos da casa alagada.

Foi o que aconteceu com Albertina Cândida, de 75 anos, moradora antiga do bairro. Ela viu a rua tranquila onde mora se transformar em um rio e conta que a água invadiu a casa inteira. Nesta manhã, ela se emocionou ao falar com a reportagem, lembrando do desespero e temendo a previsão do tempo, que indica mais chuvas para este fim de semana. “É a terceira vez que acontece nesse ano. A gente fica com medo de tempo fechado. Nessa casa que fica nos fundos, a água até derrubou o muro”, lamenta.

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Joana observa os móveis que conseguiu salvar. (Foto: Marcos Ermínio)

Joana Gomes Anastácio, de 31 anos, é operadora de caixa e aponta que perdeu todos os móveis que tinha na sala de casa. “A água entra pela varanda e leva tudo. O que eu fiz foi colocar os móveis na varanda da frente, que é mais alta. Ainda consegui salvar algumas coisas”, diz.

A família de Joana também viveu momentos dramáticos durante a chuva. O avô, que tem dificuldades de locomoção, ficou preso em casa, já que não conseguia abrir a porta com a força da água. Com ajuda, ele conseguiu sair e passa bem. Joana conta que já passou por outros alagamentos em casa ainda neste ano e que já sabia que ia perder muita coisa com a lama. “É triste ver o tempo fechar e já pensar no que vou perder dessa vez. A gente compra móveis sabendo que vamos perder”, diz.

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Na hora da chuva, Eva temia pela vida. (Foto: Marcos Ermínio)

Eva Henrique, de 51 anos, é autônoma e também perdeu muita coisa com a chuva. Geladeira, cama e outros móveis foram destruídos. Ela relembra o desespero durante o alagamento, quando estava sozinha com a nora. “Daí você imagina duas mulheres, água entrando e três crianças para salvar. Hoje a gente não tem nem água gelada porque perdemos a geladeira que compramos há cinco meses. Me deu medo até da casa cair em nossas cabeças, pelo jeito que estava a água”.

A costureira Floristela Farias, de 33 anos, mora em um barraco na aldeia urbana com quatro crianças. Só no ano passado, o barraco ficou sem telhado por duas vezes, por causa de tempestades. “Única coisa que conseguia fazer era chorar. Para a gente que mora em barraco, o perigo é maior”, afirma.

Em momentos como este, ela diz que os moradores não têm opção, além de torcer para que a chuva passe logo. “Não faço nada, não tem o que fazer. Eu e meus filhos sentamos no sofá e daí jogo cobertas e colchão em cima da gente, tenho medo da casa cair em cima de nós”, lamenta.

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