Única ‘bandeira cinza’ em MS, cidade restringe até sinuca e contesta classificação
Prefeitura de Caarapó aponta baixo número de casos e boa estrutura de Saúde; decreto proíbe tereré e narguilé e restringe jogos de sinuca.
Arquivo –
Notícias mais buscadas agora. Saiba mais
Dez dias antes de ser o único município de Mato Grosso do Sul na Bandeira Cinza (Grau Extremo) de risco para atividades sociais e econômicas devido ao coronavírus, a Prefeitura de Caarapó –a 270 km de Campo Grande–havia adotado mais medidas para tentar frear o avanço da Covid-19. Por isso, a classificação foi recebida com indignação e deverá ser contestada.
A lista de restrições incluiu a limitação a 50% da capacidade de público em estabelecimentos comerciais da cidade, a proibição de rodas de tereré e do consumo de narguilé –com promessa de notificação dos pais dos jovens flagrados nas práticas– e, ainda, a restrição a até 4 pessoas por mesa de sinuca, nos comércios que oferecem esse tipo de entretenimento.
Boletim da Secretaria Municipal de Saúde de Caarapó havia anotado, até quarta-feira (9), 389 casos confirmados de coronavírus, com 370 pacientes recuperados e 17 em isolamento –um deles internado–, além de 2 óbitos. Também há 7 resultados aguardando processamento. Números que, segundo o prefeito André Nezzi (PSDB), mostram uma situação tranquila.
“Entre os profissionais de Saúde, a Bandeira Cinza foi recebida com indignação. E para a população isso soa como piada”, criticou o prefeito, segundo quem os dois óbitos envolveram pacientes com comorbidades: um idoso de 87 anos e um indígena de 33, diabético. “Como o município está na zona cinza com 2 mortes apenas e 17 casos ativos e Naviraí, aqui do lado e com 22 mortes, está melhor que nós? Respeito o estudo, mas não entendo isso”.
Nezzi afirma que a Secretaria de Estado de Saúde explicou que a nota baixa seria resultado da falta de atualização dos dados de coronavírus no dia 7 de setembro, feriado, “ficando como se não tivéssemos enviado. Mas isso é um critério absurdo, deixa a entender que Caarapó teria de fazer lockdown”, disparou.
O prefeito nega tanto adotar o “fechamento total” de atividades sociais e econômicas na cidade como endurecer ainda mais as regras vigentes desde 1º de setembro, que proíbe aglomerações –que, em Caarapó, envolvem reuniões com mais de 6 pessoas, mesmo número máximo de clientes por mesa de estabelecimento–, limitou o horário de funcionamento de supermercados e restringiu a 50% a lotação nos comércios.
“Mantivemos o decreto, inclusive com toque de recolher às 22h, e não queremos restringir mais nada. Está tudo sob controle. E já esteve pior: quando explodiu o número de casos em Juti chegamos a 80 casos ativos e a bandeira não ficou Cinza como agora, com 17 casos”, afirmou Nezzi. Juti teve aumento considerável de casos a partir de um frigorífico.
O prefeito prometeu apresentar defesa para que Caarapó seja retirada da Bandeira Cinza antes da próxima atualização do Prosseguir, que só ocorrerá em 14 dias. “Isso gera mal-estar e insegurança. Se houvesse alguma dificuldade eu seria o primeiro a anunciar. Já atravessamos o momento pior e nunca teve bandeira Cinza ou Preta”.
Ida de pastores a distrito causou medo com a ‘chegada’ do coronavírus a Caarapó
Caarapó já havia entrado no mapa do coronavírus muito antes do Prosseguir ser instalado. Em 1º de maio, a chegada de dois pastores evangélicos de Osasco (SP) ao distrito de Nova América para a realização de eventos e visitas a fiéis acendeu o alerta: ambos testaram positivo para a doença e fugiram do isolamento social. Até a polícia seria acionada.
Como resultado, cerca de 10 imóveis da comunidade passaram a ser monitorados, a fim de avaliar se os moradores contraíram a Covid-19. Naquele momento, Osasco já tinha passado de 1.000 casos e 100 mortes por coronavírus.
“Aquele momento foi de preocupação porque houve muito contato [entre infectados e moradores] e nós não sabíamos como funcionava. Eles ficaram com medo e fugiram, surgindo o primeiro caso na cidade. Mas depois disso somamos 387 casos”, disse o prefeito.
A situação resultou na melhoria da estrutura de atendimento: de 1, a cidade passou a contar com 4 respiradores; e as equipes de Saúde passaram a visitar casos suspeitos e confirmados de casa em casa. “Está tudo tranquilo e, por isso, vamos contestar o resultado do Prosseguir”.
Prefeitura de Caarapó proíbe narguilé e tereré e limita a 4 o número de jogadores de sinuca por mesa
Por meio do decreto 71, de 1º de setembro de 2020, a Prefeitura de Caarapó anunciou novas medidas temporários para enfrentamento ao coronavírus, a fim de conter aglomerações e outras condições que favorecem a circulação da doença.
Entre elas, estão as proibições das rodas de tereré e do consumo de narguilé, com a promessa de notificar pais ou responsáveis de adolescentes e jovens flagrados usando os produtos.
O dispositivo também qualifica como aglomeração quaisquer reuniões com mais de 6 pessoas, sendo este também o número máximo de pessoas em cada mesa para consumo em bares, restaurantes e similares. O distanciamento mínimo das mesas é de 2 metros.
O toque de recolher na cidade tem início às 22h, com o delivery autorizado até as 23h. Todos os estabelecimentos comerciais autorizados a funcionar só podem receber até 50% da sua capacidade de lotação, sob pena de multas que variam de R$ 1 mil a R$ 4 mil e podem, ainda, ter cassado o alvará de funcionamento. Já foram expedidas 26 multas.
“Tivemos bares com o funcionamento suspenso por uma semana por descumprirem seguidamente essa ordem”, explicou o prefeito.
Supermercados foram instruídos a operarem com a mesma capacidade limitada de clientes, desde que mantenham distanciamento de 2 metros entre eles, ofereçam sanitizantes a compradores e funcionários e abram as portas das 7h às 20h de segunda a sexta-feira e das 7h às 18h aos domingos.
Dentre as restrições explicitadas no decreto, o artigo 6º é o que chama mais a atenção, ao determinar que bares que forneçam mesas de sinuca aos clientes permitam apenas quatro jogadores por mesa. André Nezzi, porém, afirma que a medida tem explicação.
“Estávamos tendo problema porque nossa fiscalização aqui flagrou o jogo de ‘bolinho’, que reúne de 6 a 8 jogadores que passam o taco de um para o outro e mantém aglomeração. Restringimos a 4 jogadores por mesa”, explicou, referindo-se a um jogo rápido de sinuca comumente feito com apenas 3 bolas –vence quem encaçapar a última bola, isto é, deve-se acertar na sequência.
Nezzi reforçou que a medida apenas prova que “até as pequenas coisas” são fiscalizadas no município, reiterando que o avanço da Covid-19 em Caarapó está sob controle. A reportagem contatou a SES para questionar sobre os motivos que levaram à inclusão do município na Bandeira Cinza, mas não obteve resposta até a veiculação esta matéria –o espaço segue aberto para manifestação.
Notícias mais lidas agora
- Polícia investiga ‘peça-chave’ e Name por calúnia contra delegado durante Omertà
- Ex-superintendente da Cultura teria sido morto após se negar a dar R$ 200 para adolescente
- Suspeito flagrado com Jeep de ex-superintendente nega envolvimento com assassinato
- Ex-superintendente de Cultura é assassinado a pauladas e facadas no São Francisco em Campo Grande
Últimas Notícias
Com feira de adoção e desfile de pets, ação em shopping de Campo Grande reforça combate ao abandono animal
Evento foi realizado no shopping Bosque dos Ipês, na tarde deste sábado (14)
Grupo especializado em roubo de camionetes é ligado a facção e usava codificador de chaves
Investigações mostram que ordens de furtos vinham de presídio de Mato Grosso
Lula segue internado e fará exames de sangue, diz boletim médico
Alta está prevista para a próxima semana
Banco Central leiloará US$ 3 bilhões na 2ªfeira para segurar o dólar
Dinheiro das reservas será vendido com compromisso de recompra
Newsletter
Inscreva-se e receba em primeira mão os principais conteúdos do Brasil e do mundo.