A Força Nacional está sendo acusada por lideranças indígenas de uma área de conflito, a Tekoha Yvy Rovy Poty, de ter feito ameaça em atendimento à solicitação de uma proprietária rural. Na denúncia do Cimi (Conselho Indigenista Missionário Indigenista), o fato aconteceu na última terça-feira (25) e os agentes teriam chegado apontando armas.

Segundo relatos dos indígenas que estão acampados na área, quatro viaturas chegaram da Força Nacional chegaram no local às 10h da manhã, na tentativa de fazer um despejo forçado e ilegal, de acordo com informações do Cimi.

A retomada Tekoha Yvy Rovy Poty está localizada  na zona limítrofe à Reserva Indígena de , no Mato Grosso do Sul e está em disputa judicial. Entretanto, segundo o Cimi, as audiências de conciliação no Supremo Tribunal Federal (STF) estão suspensas por conta da pandemia e a fazendeira tentou passar por cima da justiça.

“Ela já chegou mandando queimar as nossas casas. Eles podiam ter mandado um papel pra nós, não precisava chegar desse jeito. Nós temos muitas crianças aqui. Ficamos muito assustados”, contou um indígena, que preferiu não se identificar.

Ainda segundo relatos de acampados na comunidade, não é a primeira vez que este tipo de violência acontece. “A polícia já chegou atirando uma outra vez. Não precisa disso. Conversando a gente se entende”, ressaltam, acrescentando que no local também vivem idosos e grávidas.

Os indígenas encaminharam uma carta de próprio punho ao Ministério Público Federal, pedindo segurança na retomada. O documento foi apresentado também em reunião realizada com urgência pela Aty Guasu, Grande Assembleia Guarani Kaiowá, realizada na última sexta-feira (28).

A reportagem do Midiamax apurou junto a proprietários rurais envolvidos em conflitos pela posse de áreas que estão sendo reivindicadas na Justiça, e que também preferem não se identificar,  que na maioria da vezes os ataques partem dos próprios indígenas e, que em razão disso são obrigados a acionarem a Força Nacional.

Procurada, a Força Nacional, que foi chamada para garantir a seguranças nessas áreas depois de conflitos intensificados em janeiro, que resultaram em pessoas feridas dos dois lados,  não quis se manifestar sobre o assunto e que qualquer informação só pode ser repassada pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública.