#CG121: Gravidez na pandemia e as mães que descobriram vida em meio à quarentena

Sem precedentes, a pandemia do novo coronavírus tem feito a população mundial reaprender regras de comportamento. Vivendo uma experiência totalmente nova, em isolamento e em uma quarentena que já dura 5 meses, duas mães de Campo Grande – uma ainda gestante e outra com um recém-nascido – contam como passam por esse momento único sendo […]

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Sem precedentes, a pandemia do novo coronavírus tem feito a população mundial reaprender regras de comportamento. Vivendo uma experiência totalmente nova, em isolamento e em uma quarentena que já dura 5 meses, duas mães de Campo Grande – uma ainda gestante e outra com um recém-nascido – contam como passam por esse momento único sendo integrantes do grupo de risco.

Preparados para a gravidez, a pedagoga Anna Luiza, 28 anos, e o marido Luís Henrique, 33 anos, já aguardavam o momento, embora não estivessem planejando uma data. E foi assim que ele veio, Guto, hoje com 35 dias, é fruto de uma gravidez descoberta com 6 semanas de gestação, que até então a mamãe acreditava ser um desconforto no estômago.

“Ele nasceu pouco antes de termos números elevados de casos em Campo Grande. Fiquei com medo até mesmo de ter o bebê no hospital”, comentou Anna. Mesmo com a insegurança e o medo de contaminação para ela e para Guto, a mãe de primeira viagem conseguiu ter o bebê em unidade hospitalar, com todos os cuidados.

Nem mesmo com as consultas antes de Guto nascer, Anna não teve muitos problemas. “O consultório me avisava quando faltavam duas pacientes, assim eu não ficava na sala de espera e chegava na minha vez de ser atendida”, conta. Natural do estado de São Paulo, foi na hora de preparar tudo para a chegada do bebê que ela sentiu as primeiras dificuldades.

Compras para os ‘bebês da quarentena’

#CG121: Gravidez na pandemia e as mães que descobriram vida em meio à quarentena
Marcelle Castro (Foto: Arquivo Pessoal)

Para Anna, as compras foram a maior dificuldade, tanto que muitas coisas foram compradas pela internet. “Não dava para sair pesquisando modelo e preço”. O mesmo aconteceu com a nutricionista e professora de educação física Marcelle Castro, de 30 anos. Assim, na primeira gestação, que chega às 20 semanas, ela nem sequer pode sair para comprar roupas para ela.

“Eu vestia P, agora algumas roupas não servem mais e eu não posso sair para comprar”, contou. Além disso, Marcelle, que já comprou algumas coisas para a chegada do bebê, prevista para final de dezembro ou começo de 2021, também não tem conseguido produzir as coisas que gostaria. “Eu faço crochê e também gosto de fazer várias coisas de ‘faça você mesmo’, mas não posso sair para comprar material, então não tenho feito muito do que gostaria”.

Assim, ficando em casa, as ‘mamães da pandemia’ acabam se prendendo à internet, o canal para compras que nem sempre garante um produto da forma como esperado. Entre tantas ‘novidades’ que a pandemia trouxe, o chá de bebê também teve que ser adaptado. Anna conta que ia fazer dois chás, um em Campo Grande e um com a família em São Paulo, mas os planos não saíram como o esperado.

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Anna e Luis ganharam uma charreata (Foto: Arquivo Pessoal)

Mesmo assim, veio a surpresa. “Campo Grande colocou em minha vida pessoas maravilhosas e nossos amigos fizeram uma ‘charreata’. Foi lindo, fico emocionada só de lembrar”, disse a pedagoga, que estava em casa em um dia quando foi surpreendida pelos fogos e buzinas no portão. Já para Marcelle ainda há uma esperança, ela conta que quer fazer o chá de bebê com o marido Ronan Machado em outubro e que, se até lá as coisas estiverem melhores, deve acontecer.

Medos e incertezas

Além de todas as novidades que uma primeira gestação traz, o pós-parto também gera incertezas, ainda mais em meio a uma pandemia. “Agora o medo do contágio é maior”, conta Anna. Ela lembra que evita locais fechados, só chegou a sair para as primeiras consultas e vacinas de Guto e que toma todos os cuidados e medidas necessários. “Fora isso, não saio com ele de casa para nada”.

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Anna Luiza (Foto: Arquivo Pessoal)

Porém, sem poder receber visitas de amigos e familiares, há uma dificuldade de ver uma ‘luz no fim do túnel’. “Ao mesmo tempo que tento ser otimista, vem um desespero. Qual o novo normal? Quando vamos conseguir sair e ter contato com outras pessoas sem medo?” questiona a mamãe Anna. Da mesma forma, Marcelle espera que na chegada do filho a situação da pandemia esteja mais calma. Isso porque a família do marido Ronan é de fora e há toda a dificuldade para a visitação.

Já em na educação do filho, por exemplo, questionamentos sobre quando Anna retornar da licença maternidade, se terá opção de onde e com quem deixar Guto, também preocupam. Como solução para não se sentir sozinha neste momento de dúvidas, ela tem um grupo no WhatsApp, com outras mães que tiveram os filhos na pandemia e assim trocam experiências. “Dessa forma tentamos ficar menos isolados”, diz.  E mesmo com os percalços, com as dificuldades, as novas mamães enfrentam o momento da pandemia com garra para trazer ao mundo os novos bebês campo-grandenses.

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