Cerca de 200 ribeirinhos deixam casas no Pantanal após queimadas e problemas de saúde 

Cerca de 200 ribeirinhos deixaram suas casas no Pantanal sul-mato-grossense, após os problemas das queimadas, que ocasionaram problema de saúde nos moradores. Conforme levantamento, cerca de 1,5 milhões de hectares já foram destruídos com os incêndios na região. As informações são do O Globo. Documento assinado pelo Instituto Homem Pantaneiro (IHP), mostra que oito comunidades […]

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Cerca de 200 ribeirinhos deixaram suas casas no Pantanal sul-mato-grossense, após os problemas das queimadas, que ocasionaram problema de saúde nos moradores. Conforme levantamento, cerca de 1,5 milhões de hectares já foram destruídos com os incêndios na região. As informações são do O Globo.

Documento assinado pelo Instituto Homem Pantaneiro (IHP), mostra que oito comunidades ribeirinhas na margem de cidades de Mato Grosso do Sul foram assoladas por incêndios. Nelas vivem cerca de 1.110 pessoas, distribuídas em cerca de 240 famílias. As pessoas que deixam suas casas, em geral, recorrem a parentes que vivem na região urbana.

São quatro meses que a Comunidade ribeirinha de Porto Manga, a 70 km de Corumbá, vive com dificuldades. O pescador Delson Castelo, de 57 anos, convive com sua família e conta que, em regiões vizinhas, a única saída encontrada foi o êxodo. Pelo menos 200 pessoas, doentes com a fuligem e temorosas com o fogo, preferiram deixar suas casas em busca de um abrigo, ainda que temporário, nas cidades.

“Vimos relatos de pessoas que sofriam dor de cabeça e problemas respiratórios agravados pelos incêndios”, afirmou Angelo Rabello, diretor de relações institucionais do IHP. “O empobrecimento dos ribeirinhos aumentou muito nos últimos 30 anos. Como vivem em regiões de baixa densidade populacional, as zonas mais carentes não contam com telefonia, estrada ou energia elétrica. Há cada vez menos cabeças de gado, e o pasto abandonado é vulnerável à entrada do fogo”, salientou.

“Chefes de família que moram em comunidades carentes, sem água tratada ou boa alimentação, mandam os parentes para morar na cidade, onde podem escapar da miséria. Agora, estão sozinhos”, conta Castelo. — O Pantanal está tão seco que lembra o Nordeste.

— Apesar de terem o rio como meio de subsistência, e não o pasto, os ribeirinhos são acusados pelo Estado de provocar os incêndios. Estão muito indignados com essa mentira e com a distância de qualquer atendimento à saúde — diz Siqueira. — Sabem que, na cidade, são preteridos pela classe média alta de qualquer serviço. Além disso, não terão a pesca para lhes dar comida, e ficarão expostos à subnutrição. A vida urbana demanda muito mais dinheiro do que eles precisam em seu ambiente. Acho que, por isso, podem se envolver em gangues.

Alimentação afetada

A pescadora e artesã Julia González, moradora da Área de Proteção Ambiental (APA) Baía Negra, no município de Ladário, viu o fogo destruir seu pomar, onde fazia geleias com plantas nativas, além do pequeno terreno em que cultivava mandioca e milho. Julia tem 62 anos e reside na APA há mais de 20. Não sabe de onde veio o fogo e para onde foi a água dos rios que banham o Pantanal.

— A queimada afetou nossa alimentação. Geralmente, quando pedimos ajuda, os bombeiros dizem que fomos nós que ateamos o fogo — lamenta. — Os caminhões-pipa ficaram quatro dias jogando água ao redor de nossas casas, para que nenhuma delas seja atingida pelos incêndios. Muitas são de madeira, alguns moradores usam até papelão para fechar as portas. Agora, precisamos começar de novo.

O combate ao fogo está sendo capitaneado pela Operação Pantanal II, que reúne Corpo de Bombeiros do Mato Grosso do Sul, Polícia Militar Ambiental, Exército, Força Aérea e Ibama.

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