O aumento de 2.206 novas notificações de em uma semana fez com que a preocupação em relação à doença crescesse para os sul-mato-grossenses, considerando inevitável uma epidemia da doença em 2020. Para se ter uma ideia, somente ente os dias 15 e 22 de janeiro, o número de confirmações de casos de dengue subiu de 133 para 621, segundo as autoridades de saúde.

O surto de dengue pode ser evitado com os cuidados básicos em relação aos criadouros do transmissor, o Aedes aegypti – também responsável pela febre e pela Zika. Porém, os cuidados não podem se restringir apenas às épocas de chuva. De acordo com o diretor da Fiocruz-MS, o infectologista e pesquisador Rivaldo Venâncio da Cunha, os cuidados em épocas de e seca também são fundamentais.

Por isso, “baixar a guarda” no combate ao mosquito pode estar relacionado ao crescimento da dengue durante o verão. A dengue que circula atualmente no Estado (e também no Brasil) é do tipo 2. E, segundo Venâncio, para que a epidemia aconteça, são necessários apenas dois fatores: percentual de pessoas suscetíveis ao sorotipo da doença e a presença do mosquito transmissor em vários níveis.

Tipo 2

Este subtipo do vírus causador da dengue foi responsável por casos de dengue hemorrágica nos anos de 2009 e 2010. Por apresentar evolução rápida, com quadro de piora de três a cinco dias, exige que as pessoas procurem atendimento médico assim que surgirem os primeiros sintomas. Os maiores riscos são para idosos e crianças menores de 10 anos.

‘Baixar a guarda’ em época de menor incidência colabora para surtos de dengue
O infectologista e pesquisador da Fiocruz Rivaldo Venâncio | Foto: Reprodução

Rivaldo ainda ressalta que no Brasil, o tipo 2 da doença não circulava há mais de 10 anos, o que aumenta o número de pessoas que podem ser contaminadas. “Todas as pessoas que não foram contaminadas pelo sorotipo da doença estão suscetíveis, ou seja, o tipo 2 da dengue não circulava no país há mais de 10 anos, então o percentual de pessoas que nunca foram contagiadas aumenta”, disse.

Além disso, Rivaldo lembra que infelizmente nós brasileiros de forma geral costumamos baixar a guarda em períodos de baixa incidência da doença, o que aumenta a chance de surto no período de calor e chuva.

“Quando entra o frio e a seca, tanto nós como população quanto o poder público baixamos a guarda dos cuidados e, só quando chega o verão e a doença começa a aparecer resolvemos limpar os terrenos e nos cuidar. Se tivéssemos esse cuidado o ano inteiro, diminuiríamos as chances de surtos”, explicou.

“O mosquito intensifica sua proliferação na presença de umidade relativa do ar alta, abundância de água e calor, ou seja, a epidemia só vai acontecer nos períodos chuvosos que é quando o vetor se prolifera, por isso não basta tomar cuidado só no verão. Os cuidados precisam ser constantes”, relatou.

Casos de Dengue

De acordo com o último boletim epidemiológico da SES-MS (Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso do Sul), divulgado na quarta-feira (22), o Estado já conta com quatro mortes confirmadas por dengue.

A primeira vítima foi em Corumbá,  um homem de 29 anos faleceu no dia 9 de janeiro,no dia 10 de janeiro um adolescente de 17 anos veio a óbito pela doença em Sete Quedas. Ainda na mesma semana, dia 12 de janeiro em Campo Grande, um homem de 30 anos morreu por conta da dengue e no dia 15 de janeiro uma idosa de 67 veio a óbito por dengue hemorrágica em Cassilândia.

Ainda conforme aponta o boletim, são 621 casos confirmados da doença, 488 a mais que na semana anterior. agora lidera o ranking com 120 confirmações, seguido de Alcinópolis (66), Três Lagoas (52), Sonora (47), Costa Rica (46), Brasilândia (40), Chapadão do Sul (39) e Itaporã com 23 casos.

Em Nova Alvorada do Sul foram 19 confirmações, Dourados (11), São Gabriel do Oeste (10). Em Paranhos foram 9 casos, Anastácio (8), Bela Vista (7), Guia Lopes, Fátima do Sul, Cassilândia, Caarapó  tiveram 6 casos.