Familiares de Almezinda Alves de Almeida, 82 anos, ficaram sabendo do falecimento da idosa 17h após o óbito ocorrido na última quarta-feira (16), no da . “Me ligaram por volta das 16h30 cobrando do porquê eu não havia ido retirar o corpo da minha tia, que havia falecido às 23h do dia anterior”, conta a sobrinha da vítima, Márcia Bernardes.

Conforme a sobrinha, que estava com uma irmã da paciente no momento da ligação, elas pensaram até se tratar de um trote “quando a atendente percebeu o que havia feito, desligou”, lembra.

Em nota, o Hospital da Unimed informou que lamenta a morte da paciente e justificou alegando que “a unidade hospitalar está sobrecarregada, resultado do acúmulo do alto número de novos casos e aumento substancial de atendimentos, sendo atualmente o maior pico da doença”.

Ainda conforme nota, o hospital informou que “está apurando a possibilidade de ter ocorrido algum ruído na comunicação entre a unidade hospitalar e seus familiares para que sejam tomadas as providências necessárias”.

Descaso e processo

A saga de Alzeminda começou na sexta-feira (11), quando familiares acionaram a ambulância do hospital para busca-la, pois não estava se sentindo bem. No pronto socorro, foi diagnosticada com pneumonia e liberada. “A médica receitou antibióticos e a liberou”, conta a sobrinha.

Unidades sem relação com o SUS ou que oferecem leitos à Prefeitura de Campo Grande tiveram vagas abertas para a Covid-19 ocupadas.
(Foto: Reprodução)

Como a idosa não conseguia se alimentar, pois estava com a garganta inflamada, a sobrinha decidiu coloca-la em uma casa de repouso, para receber cuidados 24h.

Porém, na segunda-feira (14), como Alzeminda estava com pressão baixa e glicemia alta, a família acionou a ambulância da Unimed novamente.

Assim, a paciente deu entrada no Pronto Atendimento da Unimed por volta das 15h, sendo que ela foi internada na hora. “Por volta das 20h entrei para falar com o médico, que me acalmou e disse que iria fazer todos os procedimentos”, relatou Márcia.

Antes de deixar o hospital, a sobrinha da idosa foi informada que a tia iria para o box, que é onde ficam os leitos na tenda da Covid do hospital ou para o CTI (Centro de Terapia Intensiva), dependendo da evolução do quadro da paciente.

Comunicação com o hospital

Márcia, então, deixou o hospital e foi informada de que, por se tratar de caso suspeito de Covid, não poderia visitar a tia e que o contato com a família seria apenas por ligação telefônica.

“Eu levei todo o material de higiene pessoal dela e fraldas, mas a enfermeira chefe que me pediu para assinar a internação dela disse que nada desse material iria ser utilizado, estranhei, pois na recepção haviam me pedido para levar esses itens”, declarou.

Ainda conforme a sobrinha, foi informado a ela que toda alteração no quadro da tia seria informado a ela ou a uma outra tia, irmã da paciente, conforme preenchido na ficha do hospital.

“Na terça-feira, por volta das 14h, me ligaram, dizendo que ela continuava no respirador, mas que o quadro era estável. Fiquei feliz, acreditei na informação que a Unimed me passou”, lembra.

No dia seguinte, data em que Alzeminda viria a óbito, Márcia contou que ligaram novamente do Hospital, por volta das 13h, informando que a paciente saiu do respirador, mas estava com sonda nasal e respirando sem oxigênio. “Disseram que estava evoluindo de forma positiva e passei as informações para a família”, disse a sobrinha.

Porém, na quinta-feira, a sobrinha estranhou não ter recebido ligação do hospital e lembrou que ficava com o celular ligado até na hora de dormir, esperando notícias da tia.

“Quando foi por volta das 16h30 tocou meu celular. A menina não disse o nome e perguntou se eu era parente da paciente Almezinda. Falou que era da Unimed e perguntou por que eu ainda não havia ido buscar o corpo da minha tia, que havia falecido às 23h da quarta-feira”, comentou Márcia.

A sobrinha, então, foi até o hospital, onde afirmou ter conversado com uma representante da direção da Unimed, que teria pedido desculpas pelo ocorrido. Um médico que representava o corpo clínico teria dito a Márcia que a idosa havia sido levada para a enfermaria no segundo dia de internação. “Mas minha tia não era paciente de enfermaria. Era uma senhora de 82 anos que não conseguia falar nem ingerir nada. Ela entrou num quadro superclínico e com menos de 24h mandaram para a enfermaria?”, questionou Márcia, afirmando que foi nesse setor que ela teria passado mal.

“Lá ela teve que ter os primeiros atendimentos, voltaram com ela para o outro setor, mas o quadro dela se agravou e, na quarta-feira à noite, teve insuficiência respiratória que culminou no óbito”, explicou.

A família lamenta o ocorrido. “O que sinto é que foi um descaso muito grande. Não entendi o tratamento que deram a ela, estou extremamente revoltada. Não poderiam ter levado a minha tia para a enfermaria”, finaliza a sobrinha.