Dois meses após receber alta, o pastor Gladiston Amorim, ou pastor Dinho, da igreja Ministério Atos de Justiça, continua em processo de recuperação do coronavírus. O pastor ficou 52 dias internado em uma UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e conta que não acreditava que a era ‘tudo isso' até viver na pele os sintomas causados pela . Antes de ser internado, ele defendeu o uso da e explica por que continua a favor do tratamento precoce para o coronavírus. 

O pastor Dinho contou ao Midiamax que sua visão sobre a doença mudou muito desde que ele foi infectado. Para ele, o medo era o oposto da fé, por isso ao ver o pânico gerado em torno da Covid-19, ele não acreditava que as pessoas deveriam temer o vírus. Ele explica que tomava todos os cuidados no início da pandemia, mas acabou relaxando com o passar do tempo.

“Como cristão, eu não vivo por medo, eu vivo pela fé. Medo e fé são opostas. Só que eu acabei perdendo a medida disso, existe um equilíbrio. Eu acabei menosprezando a saúde”, conta.

O sacerdote, que antes de ser internado disse que o vírus era ‘político', ressalta o aprendizado que teve após tantos dias internado. O pastor Dinho afirma que achou que as notícias em relação à Covid-19 eram exageradas, para colocar pânico na população. 

“Achei que a pandemia não era tudo isso, que a doença não era tudo isso. No início da pandemia fiz todas as recomendações, mas depois você acaba dando uma relaxada, não vê o problema ao seu redor. Hoje continuo achando que existe um mal uso [da informação] por parte de alguns segmentos, mas a pandemia é uma questão de saúde, tem que se separar a questão ideológica. Existe um vírus, não temos controle sobre esse vírus”.

Recuperação e a fé

‘Acreditava que o medo era o oposto da fé e não medi isso', diz pastor Dinho, que sobreviveu ao coronavírus após 52 dias na UTI
Pastor venceu a covid-19 (Imagem: Reprodução/ Redes Sociais)

Cerca de dois meses após a alta, o pastor conta que tem feito fisioterapia para recuperar a capacidade motora após tantos dias internado. “Eu perdi um terço do meu corpo. Internei com 92 kg, saí do hospital com 60 kg. É um processo lento, mas estou bem e tive uma recuperação acima do esperado”, relata.

Assim que recebeu alta do hospital, o pastor Dinho foi para o home care, ou seja, para o tratamento em casa. Ele explica que a doença não se tornou mais fácil após a alta e que foram dias dolorosos até que ele começasse a se recuperar realmente. “Eu só troquei de internação, mas ainda precisava de enfermagem 24 horas por dia, fono, nutricionista, fisioterapeuta e visita médica. Eu saí do hospital muito fraco”.

O pastor da igreja Ministério de Atos de Justiça conta que a fé o ajudou muito a passar pelo processo de internação. Quando soube que seria intubado, ele ainda manteve a calma e fez uma oração. “No dia de internar, eu fui orar. Eu ouvi uma voz que me disse: ‘Você é filho e do filho, o pai cuida'. Nos piores momentos da minha internação, a voz continuava ecoando, ‘o pai cuida'. Deus esteve cuidando”, relembra.

O pastor diz que passou por momentos muito difíceis quando saiu do hospital, mas manteve a fé. Ele explica que estava muito debilitado: tinha tosse intermitente, secreção, dificuldade para respirar, pois estava dependente da ventilação mecânica. Ele ainda tinha náuseas, vômito e tremia muito.

Apesar dos momentos difíceis, a recuperação veio rápido. Em poucos dias, ele já conseguia se movimentar e comer. Agora, o pastor continua com a fisioterapia, mas melhora a cada dia.

E a cloroquina? 

‘Acreditava que o medo era o oposto da fé e não medi isso', diz pastor Dinho, que sobreviveu ao coronavírus após 52 dias na UTI
Antes de ser internado, pastor compartilhou nas redes sociais a experiência com a cloroquina. (Foto: Reprodução)

Antes da internação, o pastor fez uso da cloroquina e defendeu o medicamento como um tratamento precoce contra o coronavírus. Hoje, o pastor afirma que continua a favor do tratamento precoce e diz que se orienta pela opinião de profissionais da saúde. “Eu continuo vendo opinião dos médicos, é um assunto controverso, não há unanimidade”, diz.

Gladiston Amorim aponta que fora o ‘kit Covid', com cloroquina, azitromicina e zinco, não há outro protocolo de medicação para a primeira fase da doença. Ele explica que as orientações dadas no início da pandemia, como procurar um médico somente com a falta de ar, foram irresponsáveis. Entre as opções de utilizar o ‘kit Covid' e não fazer nada, ele diz que ainda recomenda o tratamento precoce.

Ele explica que mesmo fazendo uso da cloroquina, ele não obteve resultado, mas que tomaria novamente se necessário. “Não resolveu a minha situação. Para um grupo de pessoas, o coronavírus acaba se agravando mesmo sem comorbidades. A [cloroquina] para mim não deu resultado, mas também não me fez mal, tomaria de novo, sem problema”.

Como pastor e formador de opinião, ele diz que precisa ser responsável e por isso toma todas as medidas necessárias para prevenção ao coronavírus na igreja. O pastor Dinho conta que procura sempre orientar os fiéis sobre a Covid-19.

“A nossa igreja adota controle de biossegurança muito além do que o decreto exige. Sanitizar a igreja regularmente, higienizamos todos os assentos, ainda na chegada tem o tapete para higienizar sapatos, álcool em gel, aferição de temperatura, distanciamento entre as pessoas”.

Ele ressalta que a igreja precisa estar disponível para ajudar as pessoas, ainda mais em um momento de pandemia, quando muitas vidas são perdidas em MS. Porém, é preciso responsabilidade. “A igreja não pode deixar de ajudar as pessoas, mas também não pode se tornar um ponto de contaminação, tem que ter equilíbrio”. 

‘Depois só existe o remorso'

Para quem ainda teima em fazer aglomerações e ignora o risco do coronavírus, o pastor manda um recado. “Para quem não está entendendo a seriedade, ele pode ser agente transmissor da morte. Temos que ser responsáveis agora, depois não tem o que fazer. Depois só existe o remorso pela falta de cuidado”. 

Já para aqueles que estão se recuperando das sequelas da internação, é preciso ter fé e determinação. O pastor Dinho recomenda que os pacientes acreditem e tenham muita vontade em se reabilitar. “O que me ajuda muito é a determinação. Eu sempre faço mais do que a fisioterapeuta pede. Desistir jamais, é um lema para mim hoje”.