Zerando a vida: A primeira vez na Fórmula 1, esses irmãos jamais esquecerão
Já cantava o sábio poeta Raul Seixas na música Prelúdio que “Sonho que se sonha só é só um sonho que se sonha só, mas sonho que se sonha junto é realidade”. E quando esse sonho é acalentado, cultivado, imaginado por três irmãos desde a infância, quando se torna realidade, isso sim é “zerar a […]
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Já cantava o sábio poeta Raul Seixas na música Prelúdio que “Sonho que se sonha só é só um sonho que se sonha só, mas sonho que se sonha junto é realidade”. E quando esse sonho é acalentado, cultivado, imaginado por três irmãos desde a infância, quando se torna realidade, isso sim é “zerar a vida”!
O Jornalista Luiz Patroni, 37, o Músico Edson Duenha, 35, e o Fotógrafo André Patroni, 30, são filhos de um ex-bicampeão estadual de Rally e piloto de Kart e guardam na memória afetiva os tempos de ouro da Fórmula 1 no Brasil, nos anos 80 e 90. “O automobilismo sempre esteve presente em nossas vidas desde que nascemos. Meu pai corria de kart em uma época que o esporte era muito forte aqui na cidade. A gente assistia corrida todo domingo de manhã e, no começo da nossa infância, tinha o Ayrton Senna ganhando várias corridas, éramos fãs pra caramba. Sempre foi uma coisa leve e divertida”, lembra André Patroni, o caçula.
O automobilismo sempre foi o xodó do patriarca da família Duenha Patroni, o sr. Luiz Valter. Seus moletons de corrida, carros e troféus estavam sempre em destaque em casa e também serviam para as brincadeiras de seus filhos, que cresceram envolvidos pela grande paixão do pai e da mãe, Clara Rosana, que sempre apoiou e segurou as pontas com as crianças, enquanto o marido competia.
Hoje, o sr. Luiz Valter não está mais presente fisicamente com a família, ele faleceu em janeiro de 2007, mas deixou todo o legado de uma criação inspiradora, sem contar a grande paixão por corridas e velocidade que nunca deixará de existir.
O sonho de ir à Fórmula 1
Os anos passaram, os meninos cresceram, tornaram-se adultos e profissionais competentes (cada um em sua área), mas aquela paixão pelo automobilismo, ficou guardada em alguma caixinha por aí. O esporte perdeu um pouco da emoção sem o pai presente.
Apesar de ser um sonho visitar o Autódromo de Interlagos, assistir ao vivo uma corrida, a empreitada não estava nos planos recentes dos Patroni. “Era meio que um sonho ver a Fórmula 1, meu e dos meus irmãos. O evento é um negócio caro e, pra mim, o perfeito seria ir nós três, mas a gente nem planejava”, conta André.
Sem que os irmãos esperassem, o primogênito de Luiz e Clara, o Luizinho, fez uma surpresa para os irmãos: deu de presente o rolê e os surpreendeu certeiramente com essa iniciativa. “O mais especial é que nós nunca tínhamos feito uma viagem só nós três. Nunca dava, por questão de trabalho, tempo, sei lá. O fato de irmos juntos foi muito especial, da gente pela primeira vez na Fórmula 1. Foi muito diferente, uma emoção muito forte”.
Aguenta coração em Interlagos
Naquela pista do Autódromo de Interlagos, muitos fatos históricos já aconteceram. Na memória, alguns momentos icônicos sempre serão relembrados. “Tem uma corrida que não me esqueço, uma em que o Senna ganhou usando apenas a sexta marcha. Ele sempre quis ganhar no Brasil, mas antes, sempre acontecia um acidente, algum imprevisto…. Esse dia, ele estava na corrida e o câmbio começou a dar problema, foi perdendo a segunda marcha, depois a terceira, a quarta… não conseguia reduzir. Resultado: com grande esforço físico, Senna ganhou a corrida, saiu ‘moído’ do carro e, no pódio, não conseguia nem levantar o troféu. É uma cena muito forte”, recorda André.
Reveja este momento (tente não se emocionar)
Além de grandes momentos passados na pista de Interlagos, outro fator deixou a viagem ainda mais significativa. Em 2019, completou 25 anos de morte de Ayrton Senna. O ídolo foi homenageado de diversas formas no autódromo, seja no evento ou pelos fãs. Parecia que o tempo não passou e o piloto estava lá presente, vivo, como se nunca tivesse deixado de estar.
Outra situação que mexeu muito com os irmãos, foi poder ver de perto o carro original do piloto, com o qual ele conquistou seu primeiro título mundial, em 1988. Bruno Senna, sobrinho de Ayrton, foi quem dirigiu a Mclaren, versão MP4/4, e deu quatro voltas no autódromo, segurando a bandeira do Brasil, ao som do tema da Vitória. Emoção pura.
A parceria dos irmãos ganhou mais uma aventura para suas histórias. Das brincadeiras de piloto, com os troféus e macacão do pai, subindo nos carros e pisando na pista de corrida, imagino que um filme tenha passado na cabeça de cada um deles. A consagração de um grande sonho, enfim realizado.
“Eu sempre pensei ‘qual era o dia mais feliz da minha vida?’, eu nunca tive um dia pra falar, nem realizar sonho. Eu sempre tive objetivos e fui atrás de conquistar, mas acho que, pela primeira vez, acredito que realizei um sonho. A sensação foi muito doida, enquanto você tá vivendo aquilo, você fala ‘não acredito que isso tá acontecendo’. Poderíamos ter ido em qualquer outro momento, mas calhou de cair na homenagem ao Senna, foi muito perfeito poder ver isso. Ter meus irmãos comigo e compartilhar essa experiência juntos, os melhores amigos, invadir a pista, você compartilha o momento de forma intuitiva. A gente sabe o que o outro tá pensando só e olhar, a gente viveu aquilo, faz parte da gente, como se fossemos um só”, conclui André.
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