VÍDEO: 12 dos 29 vereadores de Campo Grande andaram de ônibus com o Jornal Midiamax

Durante 11 dias, 12 dos 29 vereadores de Campo Grande andaram de ônibus pelo menos uma vez e vivenciaram um pouco do que a população enfrenta diariamente no transporte coletivo de baixa qualidade e caro oferecido pelo Consórcio Guaicurus. Mesmo com a maioria pegando linhas em horários privilegiados, escapando da lotação extrema, a experiência serviu […]

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Durante 11 dias, 12 dos 29 vereadores de Campo Grande andaram de ônibus pelo menos uma vez e vivenciaram um pouco do que a população enfrenta diariamente no transporte coletivo de baixa qualidade e caro oferecido pelo Consórcio Guaicurus. Mesmo com a maioria pegando linhas em horários privilegiados, escapando da lotação extrema, a experiência serviu para aproximar os parlamentares das reclamações dos eleitores.

Teve vereador que não sabia nem onde encostar o cartão do passe, que se horrorizou com os banheiros imundos nos terminais, político andando com um monte de assessores e até escolta… Mas, teve também parlamentar que sabia exatamente o horário do ônibus.

O Desafio do Jornal Midiamax convidou os 29 vereadores de Campo Grande a irem e voltarem de um dos seus compromissos diários utilizando o transporte coletivo urbano e 12 deles toparam a ideia.

Os vereadores usaram o serviço entre os dias 11 e 22 de julho, na semana em que foi realizada a audiência pública para discutir a concessão da Prefeitura ao Consórcio Guaicurus sobre o serviço.

Escaparam da ‘verdade verdadeira’

Nos vídeos transmitidos pelo Jornal Midiamax no Facebook e no Youtube, muita reclamação dos usuários sobre a baixa lotação no transporte, diferente da realidade encarada no dia a dia. Alguns até questionaram se os ônibus não teriam sido ‘preparados’ para o transporte os parlamentares.

Os passageiros, que nos últimos dias já identificavam o Desafio Midiamax e aproveitavam para ‘falar umas verdades’, reclamaram o tempo todo sobre as escolhas dos políticos, que na maioria das vezes, escaparam da ‘verdade verdadeira’ que tem ônibus detonados, ruas esburacadas, muita poeira ou chuva, demora e lotação extrema.

Por morarem em bairros ricos e bem situados, onde incrivelmente o serviço do Consórcio é menos pior porque há menos gente usando ônibus e ruas com asfalto, a maioria dos vereadores não enfrentou nem metade do drama que a maioria dos passageiros enfrenta.

Além disso, como saíam mais tarde de casa, depois dos horários de pico, quando os trabalhadores ‘comuns’ estão se deslocando espremidos nos ônibus, alguns parlamentares ainda se deram ao luxo de andar em linhas vazias.

E, para completar a ‘sorte’ dos vereadores, o desafio foi realizado durante o período de férias escolares dos alunos tanto da rede pública como da rede particular de ensino, diminuindo quase na metade o fluxo de passageiros.

Entre os vereadores, uma opinião se repetiu em frente às câmeras nas lives transmitidas nas redes sociais do Jornal e comentadas em tempo real pelos leitores: “Mas, olha só. O ônibus sempre foi lotado. Desde que eu me entendo por gente, sempre foi lotado”.

Perrengue?

Dos 12 vereadores, somente Eduardo Romero (Rede), Jeremias Flores (Avante) e Otávio Trad (PSB) encararam o desafio sem os assessores. Os outros parlamentares ora ou outra pediam auxílio aos servidores para saberem sobre o trajeto, linhas que deveriam embarcar, horários ou até mesmo sobre o uso do passe de ônibus.

Quem passou menos tempo dentro do transporte coletivo foi o vereador Otávio Trad, que saiu de casa e foi à Câmara em cinco minutos e andou por mais quatro minutos a pé. O trajeto mais longo foi o do vereador Chiquinho Telles (PSD), da casa dele, nas Moreninhas, até o Residencial Mooca, bairro que sequer está no mapa da cidade, em um percurso que demorou 1h50.

Durante o caminho, muitos usuários aproveitaram a oportunidade para conversar com os vereadores e pedir para que eles cobrassem melhora no serviço. Absurdos como “é comum a gente perder o horário no trabalho por causa do ônibus, que nunca passa no horário combinado” e “quando chove molha mais aqui dentro do que lá fora” foram reclamações constantes dos passageiros.

Junior Longo (PSB) chegou a conversar com o motorista para saber da situação dos ônibus, apesar do aviso que consta no transporte para que os passageiros não conversem com quem está dirigindo. Dharleng Campos (PP) se enrolou ao tentar passar pela catraca com o cartão magnético e apoiou uma vendedora de salgados, comprando uma empada. Betinho (PRB) ouviu a reclamação das usuárias da linha do Dahma, que vão apertadas no ônibus que as leva para o condomínio logo cedo.

Chiquinho Telles (PSD) escutou dos usuários que é preciso uma linha 061 que não passe pelos terminais Guaicurus e nem pelo Morenão, para que o ônibus não fique tão cheio. Vinícius Siqueira (DEM) relembrou aos passageiros a importância da CPI dos transportes.

Otávio Trad (PTB) não viu dificuldades no curto trajeto e Eduardo Romero (Rede) lembrou das alternativas ao transporte coletivo. Pastor Jeremias Flores (Avante) e Wilson Sami (MDB) ficaram indignados com a falta de limpeza dos terminais. Eduardo Cury (SD) citou a falta de segurança dentro do transporte coletivo. William Maksoud (PMN), que mora na região central, chegou rapidamente à Câmara. Ayrton Araújo (PT) chegou a entrar no ônibus errado.

Concessão do transporte

O responsável pelo serviço do ônibus, segundo a Constituição, é o poder público municipal, ou seja, a Prefeitura, que pode realizar licitação para realizar a concessão do transporte. Na Capital, o serviço é prestado pelo Consórcio Guaicurus desde 2012, com previsão de faturamento de mais de R$ 3 bilhões nos 20 anos de exploração do transporte de passageiros.

(Colaboraram Evelin Cáceres, Mayara Bueno, Renata Volpe, Richelieu Pereira, Guilherme Cavalcante, Mariane Chianezi, Mylena Rocha e Cleber Rabelo)

 

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