Tradição: Clientes trocam peixes caros por opções que cabem no bolso

A sexta-feira santa se aproxima para os campo-grandenses e algumas das pessoas já começam a preparar suas receitas para não fugirem da tradição de evitar comer carne vermelha durante o período, que para alguns, é considerado sagrado. A procura por peixes, bacalhau – este o principal nome desta época, mesmo não estando na lista de […]

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A sexta-feira santa se aproxima para os campo-grandenses e algumas das pessoas já começam a preparar suas receitas para não fugirem da tradição de evitar comer carne vermelha durante o período, que para alguns, é considerado sagrado. A procura por peixes, bacalhau – este o principal nome desta época, mesmo não estando na lista de preferências – aumenta e os comércios esperam faturar mais nesse momento, mesmo com alguns preços estarem salgados.

Em conversas com consumidores, o bacalhau realmente não está no topo da lista na hora da compra. O preço elevado entra nos principais argumentos para que ele fique atrás de outros peixes mais em conta, como o próprio pintado, pacu e alguns filés no pacote que costumam ter uma diferença de pelo menos duas vezes o valor cheio dos pescados.

Na sua lista de preferências, Sonia Leite, 62 anos, diz que o bacalhau não está entre as principais opções e que foge dele, já que para ela, o gosto não é um dos mais curtidos pela família e nem por ela própria. “Pintado e pacu são os meus preferidos, mesmo que o pacu seja um pouco mais gordo, mas prefiro eles. As receitas são as mais simples possíveis”.

A dona de casa diz que ela e sua família que é composta por mais seis pessoas, praticam a rotina de comer peixe na semana santa e que não deixa de fora do calendário este período. “Fui criada por esse sistema, então a gente segue à risca”.

 

Tradição: Clientes trocam peixes caros por opções que cabem no bolso
Evandro diz que o ensinamento da semana santa veio dos seus pais. (Foto: Marcos Ermínio)

Em relação ao preço, que está variando bastante, Sonia acredita que está um pouco pesado no bolso do consumidor em relação aos anos anteriores e reclama porque para ela, o Estado é banhado por vários rios que possuem peixe e com essas condições, o valor dos pescados deveria estar um pouco mais barato. “Nem todo mundo tem condições de comprar, um monte de gente humilde”.

O mesmo pensamento acontece com Evandro Moreira, 38 anos e servidor público do Estado que concorda que o preço dos peixes, mesmo com algumas promoções, “está um pouco mais caro em relação ao ano passado”. Ele afirma que mesmo nestas condições, segue com a tradição de peixe e carne branca na semana santa. “A maioria costuma praticar, abdicar de algumas coisas, então acho que segue à risca essa rotina. Meus pais passaram para mim, minha esposa também gosta de fazer isso. Mas na família é meio a meio, tem gente que faz e tem gente que não segue”.

O servidor costuma fazer a compra do peixe pelo menos uma vez no mês e que a prática de comer peixe se intensifica nessa semana de quarta a sexta, que é onde é celebrado o período. “Pacu e pintado são os que levo sempre, mas uma tilápia para fazer uma lasanha também entra no cardápio”, afirmou.

 

Tradição: Clientes trocam peixes caros por opções que cabem no bolso
Pintado e pacu estão na lista de preferências. (Foto: Marcos Ermínio)

Cleuber Linares, proprietário de uma peixaria que está há 40 anos no comércio de Campo Grande, fala que o “bacalhau é público alvo diferente, pacu e pintado são os carros chefes na hora da venda”.

O comerciante explica que para fazer um cálculo sobre o faturamento, ele pega as médias dos últimos três anos e realiza a compra dos peixes com pelo menos 10% de diferença do ano anterior para não prejudicar as vendas e ficar em falta durante o período celebrado. “Em termos de venda, deve igualar ao ano passado que foi acima das expectativas”.

Cleuber ainda espera ficar por muito mais tempo com o comércio e que se sente feliz vendo que a procura por peixes envolve várias gerações e que ainda está sendo seguido o protocolo familiar na semana santa. “As pessoas mais jovens, pais e filhos, netos estão todos seguindo, ainda é tradicional nas famílias ver essa comemoração da semana santa”.

Tradição: Clientes trocam peixes caros por opções que cabem no bolso
Cleuber deve ficar aberto no feriado para atender as pessoas antes do almoço. (Foto: Marcos Ermínio)

Ele afirma que a procura deve ficar mais intensa na quinta-feira ou até mesmo no próprio feriado. Embora alguns comércios não abram no feriado, ele aproveitará o dia para ficar aberto até às 12 horas e atender o pessoal que deixou de comprar durante a semana.

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