Para quem espera ônibus no sol e chuva, promessa de pontos ‘verdes’ parece piada

Enquanto a prefeitura de Campo Grande planeja criar  pontos de ônibus sustentável pela cidade, quem vive em bairros da periferia da cidade ainda sofre com a falta de uma cobertura simples para proteção do sol ou chuva enquanto aguarda transporte coletivo. A ajudante de lavanderia, Marta Rita dos Santos, de 47 anos, mora no bairro Los […]

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Enquanto a prefeitura de Campo Grande planeja criar  pontos de ônibus sustentável pela cidade, quem vive em bairros da periferia da cidade ainda sofre com a falta de uma cobertura simples para proteção do sol ou chuva enquanto aguarda transporte coletivo.

A ajudante de lavanderia, Marta Rita dos Santos, de 47 anos, mora no bairro Los Angeles e acha pouco provável que a região seja contemplada com um ponto de ônibus sustentável, já que na Rua Lauro Muller, além de ter apenas uma estaca de madeira indicando existência do ponto, um rio se forma toda vez que chove.

“A situação é precária. Desde que moro aqui, vejo essa rua virar um rio e o motorista de ônibus cortando o caminho porque não dá para passar. O Centro da cidade sempre foi prioridade, enquanto nos bairros ficamos desamparados”, lamenta.

A situação é ainda mais delicada para Araci Santos de Arruda, de 63 anos, que é cadeirante e também depende do transporte coletivo urbano. Após sofrer um AVC (Acidente Vascular Cerebral), precisa da ajuda do marido para chegar até o ponto. Por não conseguir se locomover sem a cadeira, mesmo morando a poucos metros do ponto, o trajeto pela rua alagada é longo.

“É horrível, nas segundas-feiras preciso do ônibus e meu marido me leva até lá. O ponto não tem cobertura, ficamos debaixo de sol, chuva, quando alaga isso aqui e o ônibus passa, parece que tudo vai afundar”, reclama.

O calor e a água da chuva são os maiores problemas que os usuários do transporte coletivo enfrentam quando o ponto não tem cobertura. A estudante Gabrielly Ojeda, de 14 anos, muitas vezes pega o ônibus em outro lugar para não encarar o sol. “Vou em outro ponto quando faz sol, agora, quando chove, acabo chamando um motorista de aplicativo. Eu tenho o passe do estudante e muitas vezes gasto um dinheiro que não poderia”, diz.

Para quem espera ônibus no sol e chuva, promessa de pontos 'verdes' parece piada
“Quando chove, chamo um motorista de aplicativo e gasto um dinheiro que não poderia”, reclama Gabrielly Ojeda. (Foto: Leonardo de França)

Programa Ponto de Ônibus Sustentável

O prefeito Marquinhos Trad sancionou uma lei nesta quinta-feira (2), que autoriza a criação do Programa Ponto de Ônibus Sustentável em Campo Grande. Eles são feitos de contêineres com telhado verde e placas solares que geram energia limpa, os pontos devem ser instalados em locais de grande fluxo de passageiros.

As cidades de Cuiabá (MT) e Florianópolis (SC) já aderiram ao programa. De acordo com a lei publicada no Diário Oficial de Campo Grande, o ponto sustentável poderá ser adotado pela empresa concessionária de transporte coletivo ou por empresas privadas que tenham interesse.

500 novos pontos

No início do ano, a prefeitura homologou a licitação para a instalação de 500 novos pontos na Capital. De acordo com a publicação no Diário Oficial, de 3 de janeiro, R$ 2,1 milhões em recursos do projeto mobilidade urbana, travados desde 2012, serão usados. Na data, o município divulgou uma lista com endereços de onde os pontos serão instalados:

Estação de Pré-embarque na Guia Lopes/Brilhante

Brilhante com Marechal Deodoro
Brilhante com Manoel Cavalcante Proença
Brilhante com Mário Quintanilha
Brilhante com Círiaco Maymone
Guia Lopes com Paissandú

Na avenida Bandeirantes

Entre as ruas Nova Bandeirantes e Campinas.
Entre as ruas Manoel Cavalcante Proença e Hermenegildo Pereira.
Entre as ruas Sebastião José Machado e Bélgica.
Entre as ruas Salim Maluf e Tenente Antônio João Figueiredo.
Entre as ruas Caiapós e Argemiro Fialho.
Entre a Avenida Salgado Filho e Rua Brilhante.

O que diz a prefeitura

O Jornal Midiamax entrou em contato com a Prefeitura solicitando o posicionamento sobre o andamento da construção desses pontos, mas até o momento a assessoria de imprensa não retornou. A reportagem também questionou a manutenção dos pontos que não têm cobertura e a previsão para a instalação de novos pontos em bairros distantes do Centro, e aguarda posicionamento.

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