Pacientes que procuraram as UPA (Unidades de Pronto Atendimento) ou CRS (Centros Regionais de Saúde) nesta terça-feira (26) e que receberam classificação azul – ou seja, com menor gravidade – já recebem orientação para procurarem atendimento nas UBS (Unidades Básicas de Saúde) e UBSF (Unidades Básicas de Saúde da Família).

De acordo com populares, a própria UPA ou CRS encarregou-se de acionar a unidades de Atenção Básica da região domiciliar do paciente para intermediar o atendimento. A ideia não foi mal vista pelos pacientes, mas as queixas revelam insatisfação com os postos de saúde, sobretudo pela falta de médicos.

Os encaminhamentos de pacientes com classificação azul foram determinados por resolução da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), publicada nesta terça-feira (26), com o fim de direcionar à Atenção Básica os atendimento menos graves nas unidades de emergência. Contribui para a decisão um levantamento da , na qual 80% dos pacientes poderiam ser atendidos em postos de saúde.

De acordo com a pasta, desde o segundo semestre do ano passado as rede de Atenção Básica tem se preparado para receber demanda diária, para além das consultas pré-agendadas.

“Faz parte da política de fortalecimento da Atenção Básica e as unidades de saúde estão se preparando para isso”, destacou a Sesau ao Jornal Midiamax. Segundo a pasta, a estratégia de fortalecimento da Atenção Básica inclui não só a contratação de mais médicos, mas, também, de reorganização dos horários das UBS e UBSF.

“Tem que melhorar”

A reportagem esteve na manhã desta terça-feira na UBS Coronel Antonino, que é acoplada à UPA Walfrido Azambuja de Arruda. Lá, pessoas aguardavam atendimento pré-agendado e não havia pacientes que receberam, mais cedo, classificação azul. Porém, alguns presentes reforçaram que para os encaminhamentos terem aceitação, é preciso investir na Atenção Básica.

Para que paciente "azul" deixe UPA, atendimento em postos precisa melhorar
Helena teve que deixar a região onde mora para encontrar especialista e diz que serviços nos postos tem que melhorar (Foto: Guilherme Cavalcante | Midiamax)

Como a autônoma Helena Ferreira, de 53 anos. Moradora do bairro Jardim Anache, ela precisou se deslocar até a UBS Coronel Antonino para realizar atendimento ginecológico da filha, que é excepcional.

“Para as pessoas quererem ir aos postos, os atendimentos precisam melhorar bem. Aqui o atendimento é bom, mas não está na nossa região, porque o posto de lá não tem ginecologista. Passamos mais de ano tentando saber para onde ir até conseguirmos atendimento aqui. Se não tiver médico nos postos, as pessoas vão para a UPA, sem dúvida”, aponta.

A vendedora Cleusa Sá, de 29 anos, moradora do Estrela do Sul, também precisou se deslocar de outra região para levar a filha para atendimento médico. “No posto da minha região vive faltando médico, então eu consegui o atendimento aqui. Tem que melhorar muito a estrutura pras pessoas trocarem as UPA por aqui”, detalha.

De acordo com a Sesau, apesar da possibilidade de encaminhamento, o paciente pode pedir para ser atendido na UPA na qual procurou atendimento. “Mas sem atendimento prioritário, devido a não haver risco de morte na classificação de risco Azul. No entanto, ele é alertado de que o atendimento pode ser mais rápido na UBS, além de ter o benefício de ter o caso com acompanhamento médico”, destacou a Sesau.

Vale lembrar, ainda, que a própria UPA ou CRS também fica responsável por fazer esse encaminhamento.