Depois de terem a energia cortada por conta dos ‘gatos’, os moradores de uma ocupação no Jardim Centro-Oeste querem regularizar a área. A comunidade se reuniu e contou com a ajuda de defensores públicos, que devem entrar com uma ação civil pública. Segundo os moradores, ninguém se recusa a pagar pela energia, mas a empresa só pode fornecer o serviço se a área estiver regularizada.

Um dos defensores públicos presentes, Homero Medeiros, afirma que está colhendo informações dos moradores, principalmente dos que mais precisam, como famílias com crianças, idosos e pessoas acamadas. Ele cita o caso de Maria Leda, uma moradora de 61 anos que perdeu um medicamento de alto custo após o corte da energia elétrica. No caso dela, o remédio deve ser mantido na geladeira e é fornecido pelo poder público, ou seja, um prejuízo também para a secretaria de saúde.

Moradores de ocupação no Centro-Oeste querem ação civil para regularizar área
Com corte, dona Edith perdeu todas as dosas de insulina que tinha. (Foto: Renata Portela/Midiamax)

A dona Edith, de 67 anos, conta que também foi prejudicada com o corte de energia. Ela toma insulina há 40 anos e perdeu todas as doses que tinha e também os alimentos que estavam na geladeira. “Se com luz já é difícil aqui, imagine sem luz”, comenta.

Ana Lara, de 30 anos, tem três filhos, entre eles um bebê de colo. Ela perdeu todos os alimentos que guardava na geladeira e ainda aponta que os mosquitos machucam as crianças, já que sem energia, não há como usar o ventilador. “Vi as matérias no Facebook e as pessoas comentam como se fôssemos vagabundos. A gente não quer de graça, a gente trabalha, só queremos que regularize [a área]”.

Uma das líderes da comunidade, Elizângela Prudêncio, de 40 anos, disse que já esperava pelo corte de energia porque as ligações eram irregulares. Ela explica que um morador até teve que sair de casa, já que precisava de um respirador para sobreviver. São cerca de 2,4 mil famílias na ocupação, mas algumas casas ainda têm energia elétrica.

Por causa do corte de energia, os moradores da ocupação chegaram a fechar a BR-163 nesta quinta-feira (11) e o congestionamento foi quilométrico, chegando até à região da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul). A comunidade até queria uma nova manifestação nesta sexta-feira (12), mas foi orientada pelos defensores públicos a aguardar pela ação civil. “Espero que alguém olhe por nós. Que alguém dê uma posição, se a gente não puder ficar aqui”.