Ivo de Souza morreu em acidente e deixa para a música de MS exemplos e histórias
Ivo de Souza era daqueles que tinha a música no sangue. Violeiro das antigas, sertanejo raiz, ainda era sucesso nos bailes pelo Mato Grosso do Sul e até na internet, onde conseguiu em regravação Ricky atingir a marca de R$ 4 milhões de visualizações no YouTube. E é assim que o ícone da música sul-mato-grossense […]
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Ivo de Souza era daqueles que tinha a música no sangue. Violeiro das antigas, sertanejo raiz, ainda era sucesso nos bailes pelo Mato Grosso do Sul e até na internet, onde conseguiu em regravação Ricky atingir a marca de R$ 4 milhões de visualizações no YouTube. E é assim que o ícone da música sul-mato-grossense nos deixa.
Em plenos preparativos para seu 74º aniversário, o músico que marcou a cultura do Estado resolveu partir. Ele voltava de Terenos, onde foi buscar mandiocas que ganhou justamente para a festa, marcada para esse domingo (20).
Tudo aconteceu no sábado (19), 24 horas antes da festa. Na volta, seu carro bateu de frente com uma carreta e Ivo morreu, na entrada de Campo Grande, na rodovia BR-262. Ele deixa filhos e uma carreira invejável para muitos, marcada por exemplos para as novas gerações de artistas e boas histórias para relembrar.
“Excelente profissional! Poucos jovens tem a memória que esse homem tinha. Ivo de Souza, nunca o presenciei cantando no palco com aquela pasta que fica para mostrar a letra da música. Ele tinha uma memória de elefante”, conta o música Castelo, da antiga dupla Castelo e Mansão, também famosa nos bailes de Campo Grande.
Castelo não poupa elogios ao colega de sertanejo. “Eu o admirava pela sabedoria, pela vontade de expressar nossa música da maneira de fazia, de coração. Não visava dinheiro, eu sei que fazia de coração. É uma perda irreparável, não só para o Mato Grosso do Sul. Vai servir de exemplo para muitos jovens”, completa.
O poder da música de Ivo transcendeu gerações e o carinho expressado por Castelo foi visto também na fala dos jovens que foram se despedir do músico neste domingo – ele será sepultado às 16h no mesmo local do velório, o cemitério Monte das Oliveira, na avenida Guaicurus, número 700.
“Tenho duas histórias em especial com o Ivo de Souza. Uma é que o primeiro palco que subi na vida profissionalmente foi com ele, que me convidou”, relembra o cantor sertanejo Santiago, da dupla Zé Augusto e Santiago, que continua a fala.
“A outra é que uma vez fomos fazer um show em Dourados e chegou para gente que o Ivo ia fazer a abertura do nosso show. Liguei para o contratante na hora e disse: de jeito nenhum! Nós é que vamos fazer a abertura do show do Ivo de Souza. Não tem essa possibilidade”, explica Santiago.
Quem também tem muita história para contar dos tempos passados junto a Ivo é o amigo desde a infância, Nailo Rezende. “Vai ficar de recordação tudo o que ele fez de bom, tudo o que ele falava para nós, as coisas engraçadas que ele dizia. Eu ria muito dele”.
Nailo conheceu toda a família do violeiro, desde guri, segundo ele mesmo conta. “De uns tempos para cá ele dizia assim: Nailo, tem violeiro hoje que passa metade do show afinando viola, ensaiando, e a outra metade passa tocando viola desafinada”, diz, gargalhando em seguida da piada contada pelo amigo.
“Acho que para a cultura é uma perda muito grande, fico triste de ver um personagem como ele, primeiro violeiro do Brasil a subir no palco de Barretão, morrer sem gravar um DVD. Uma pena essa falta de reconhecimento até do Poder Público. Era um sonho dele. Hoje era para estarmos no aniversário dele, tocando e festejando”, completa Santiago.
Música de MS em luto
Ivo se foi cinco anos após seu primo e ex-parceiro Janguinho morrer, em 2014, vítima de um AVC (Acidente Vascular Cerebral). O violeiro começou a carreira ainda em 1965, na dupla Jango e Janguinho – posteriormente Ivo de Souza e Janguinho -, logo depois do surgimento de nomes como Délio e Delinha e Amambai e Amambaí.
Com três anos de carreira, veio o primeiro sucesso, em 1968, com a interpretação de ‘Espero Ser Feliz’, de Teixeirinha. Anualmente, os aniversários de Ivo eram comemorados na Colônia Paraguaia, seu grande palco. Porém, neste ano, por causa da reforma do espaço, a festa seria na Chácara Antártica.
“Ele sempre estava em eventos lá, com vários cantores. É um parceiro e já estávamos combinando fazer o aniversário do ano que vem na colônia, mas infelizmente ele se foi. Uma perda muito grande para Campo Grande e meio artístico, muito triste”, opina o vice-presidente da Colônia Paraguaia na Capital, Silvio Cantero.
A despedida musical de Ivo foi na sexta-feira (18), quando se apresentou ao vivo ao lado do também músico Valdirzão no programa Cidade Alerta MS para divulgar o evento que participaria ao lado de João Carreiro, da dupla com Capataz, e outros músicos do Mato Grosso do Sul, como o Grupo Trem Bom, Zé Augusto e Santiago e Grupo Panteiro.
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