Frio castiga de sem-teto a quem vive na favela e todos dependem de doações

Neste início de semana, a primeira onda de frio do ano atingiu a capital sul-mato-grossense e derrubou severamente as temperaturas deixando algumas pessoas no aperto por conta da falta de agasalhos. Somente na noite desta terça-feira (14), a SAS (Secretaria Municipal de Assistência Social) realizou quatro abordagens nas ruas da cidade, mas apenas uma pessoa […]

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Foto: Marcos Ermínio
Foto: Marcos Ermínio

Neste início de semana, a primeira onda de frio do ano atingiu a capital sul-mato-grossense e derrubou severamente as temperaturas deixando algumas pessoas no aperto por conta da falta de agasalhos. Somente na noite desta terça-feira (14), a SAS (Secretaria Municipal de Assistência Social) realizou quatro abordagens nas ruas da cidade, mas apenas uma pessoa foi encaminhada para abrigo, as outras recusaram atendimento.

A situação do frio é ainda mais sentida na favela do Noroeste, uma das regiões mais antigas da cidade. A população espera ansiosamente a chegada das primeiras doações. Localizada próxima a Uniderp Agrárias, a região, de acordo com alguns moradores, é muito fria, principalmente nos primeiros horários da manhã e nos finais da tarde, quando as quedas de temperatura são mais sentidas.

A assistência para a comunidade carente geralmente parte de entidades religiosas e de comunidades próximas, que fazem ações voluntárias uma vez por mês levam alimentos, roupas e às vezes sopão. As famílias que tem crianças em casa, recebem atenção especial.

Roberta Rodrigues é moradora da favela. Grávida de seis meses e com um filho de dez anos, ela contou ao Jornal Midiamax que durante os dias frios passa aperto e está sempre à espera de doações de casacos e alimentos.

 

Frio castiga de sem-teto a quem vive na favela e todos dependem de doações
Foto: Marcos Ermínio

Giuliano de Souza, 38 anos, mora em uma casa humilde, é casado e pai de 7 filhos. Desempregado, conta que espera ansiosamente pelas doações. “Não veio ainda, mas sempre tem ajuda. Inclusive, um grupo da nossa favela começou a pedir doação de casacos”.

Muitos não conseguem sustento por não ter emprego próprio e vivem de bicos. Muitas pessoas enfrentam dificuldades quando relacionam a moradia com a necessidade do trabalho. “Fica difícil de comprar, porque a maioria não trabalha, excluem a gente por morar na favela”, lamenta Giuliano.

No frio a rua fica cheia de crianças, elas brincam de correr para espantar o frio, pois não tem roupas suficientes para vestir. ”Eu cuido de uma criança e ela tem uma única calça para passar o dia”, diz Giuliano.

Frio castiga de sem-teto a quem vive na favela e todos dependem de doações
Foto: Marcos Ermínio

Da favela para a antiga rodoviária

Na antiga rodoviária, no Centro de Campo Grande, a situação não é diferente. Muitos moradores de rua sofrem com o frio e estão a mercê de ajuda de pessoas, mas conforme declarações, mantas e alimentação sempre chegam nessa época.

De acordo com a SAS, as solicitações de atendimentos para pessoas em situação de rua aumentam devido ao frio. Muitos usuários ficam expostos a queda de temperatura e procuram alimentação e um lugar para dormir durante a noite.  Para atender os casos, a equipe da secretaria faz abordagens e oferta serviços socioassistenciais.

O Centro POP (Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua) é uma unidade de referência de natureza pública e estatal do Sistema Único de Assistência Social. Voltado para o atendimento especializado a pessoas em situação de rua, tem como finalidade oferecer assistência a jovens, adultos, idosos e famílias que utilizam as ruas como espaço de moradia ou sobrevivência.

Frio castiga de sem-teto a quem vive na favela e todos dependem de doações
Foto: Marcos Ermínio

Para chegar até os usuários, as ações partem da divulgação em redes sociais dos telefones de Seas (Serviço Especializado em Abordagem Social) e para aqueles que não aceitam os serviços oferecidos, há entrega de agasalhos e cobertores. Existe também uma campanha de inverno, SAS Aquece, com o objetivo de fazer com que a população se sensibilize e relate onde estão e quem são as pessoas que estão em situação de vulnerabilidade e sofrem por causa do frio.

A abordagem social constitui em um processo de trabalho planejado na aproximação, escuta qualificada e construção de vínculo de confiança com pessoas e famílias em situação de risco pessoal e social nos espaços públicos, para atender, acompanhar e mediar o acesso à rede de proteção social por meio da equipe do serviço ou denúncias da população através de busca ativa nos territórios.

Para contribuir com a campanha “SAS aquece” ou denunciar casos de pessoas em situação de vulnerabilidade, basta ligar nos telefones de busca ativa: (67) 9-8404-7529 (67) 9-8471-8149 Serviço Especializado em Abordagem Social – SEAS.

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