Em Campo Grande, construção civil emprega 30 mil, mas falta de qualificação afeta mercado

Neste sábado (26) se comemora o Dia do Trabalhador da Construção Civil, data que homenageia todos que atuam direta ou indiretamente nesse ramo. Você sabe o que faz um construtor civil? Tendo em vista que em Campo Grande a construção civil emprega cerca de 30 mil pessoas (dados do Sintracom – Sindicato dos Trabalhadores nas […]

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(Foto: Divulgação)
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Neste sábado (26) se comemora o Dia do Trabalhador da Construção Civil, data que homenageia todos que atuam direta ou indiretamente nesse ramo. Você sabe o que faz um construtor civil? Tendo em vista que em Campo Grande a construção civil emprega cerca de 30 mil pessoas (dados do Sintracom – Sindicato dos Trabalhadores nas Industrias da Construção Civil e do Imobiliário), o Jornal Midiamax conversou com alguns profissionais da área que contam a paixão, as vantagens e desvantagens desse segmento de mercado.

Adão Castilho é presidente há três anos da Acomasul (Associação dos Construtores de Mato Grosso do Sul). Ele conta que a paixão pela profissão começou desde pequeno, pois seu pai era construtor e decidiu seguir o mesmo caminho. Hoje, ele tem formação na área e abriu seu próprio negócio onde está há 25 anos. “O que eu mais gosto é de construir. É muito gratificante ver o canteiro de obras com vários trabalhadores e também deixar o cliente satisfeito. Nós construtores temos que pensar que alguém vai ocupar este espaço por muitos anos, então tem que ser um trabalho bem feito”, afirma.

De acordo com ele, uma dificuldade no ramo é o profissionalismo. “Falta profissionais capacitados e a maioria dos que trabalham na área, sem formalização, têm alguns vícios e isso não é tão bom na construção, pois cada obra é de um jeito”, explica.

Na sua equipe há gente que não é capacitado, mas Adão explica que o que muda é a questão salarial. Um mestre de obras com formação chega a ganhar de R$ 3.500 a 4 mil reais, já o pedreiro sem capacitação vai ganhar em torno de R$ 2.500. Essa avaliação de valores é de uma empresa pequena, os grandes negócios chegam a ganhar mais.

Rosiane Benitez também atua na construção civil como engenheira e sua opinião é na mesma linha de pensamento que do Adão. “Encontrar mão de obra qualificada com um preço justo é a maior dificuldade, mas uma vantagem que vejo é que a área proporciona um rodizio de equipe, o que acaba sendo uma boa opção ter essa fácil mobilidade de profissionais”.

Segundo ela, por mais que a profissão tenha seus altos e baixos, é possível se desenvolver e crescer profissionalmente. O que ela mais gosta é tornar uma ideia em algo palpável, transformar o sonho do cliente em realidade. “É todo um processo, desde a criação do pensamento, organização, até o final da edificação pronta”, conta.

Seu trabalho é voltado para gerenciar pessoas, materiais e processos. Ela explica que todo profissional da área precisa saber se relacionar com os colaboradores, parceiros e clientes. Além disso, também é preciso administrar e otimizar materiais para não ter desperdícios. “Saber a etapa do que está fazendo e sempre estar atento ao cronograma são os fatores principais que o profissional precisa ter”, explica Rosiane.

Dificuldades

A Acomasul, atualmente, conta com 315 associados e seu papel é proporcionar integração na cadeia da construção civil (conselhos de arquitetura, engenharias, corretórias de imóveis, sindicatos, Sebrae, Fiems, etc), buscando a união e soluções para o setor.

Tendo em vista esse grande número de atuantes na área, Adão explica que ainda há muito o que lutar pela área, pois existem diversas barreiras que impedem a expansão do negócio. Essas dificuldades afetam o construtor que deixa de investir por falta de segurança jurídica. “Às vezes a gente começa a construir um imóvel e quando terminamos as regras já mudaram completamente e não há tantos benefícios”.

Um caso que ainda está em pauta nos assuntos governamentais é a impossibilidade de os construtores atuarem em locais sem pavimentação através do programa Minha Casa Minha Vida. “Essa atitude traz um impacto muito grande, todos os bairros aonde têm casas e não tem asfalto vão ficar abandonados, pois o programa não financia mais casas nessas regiões e quem sofre é tanto a cadeia da construção civil que perde espaço e também os moradores que ficarão sem desenvolvimento no bairro”

O presidente da Acomasul enfatizou que o município não pode pavimentar todas as vias e os construtores precisam seguir com as obras. De acordo com ele, pequenos empresários da construção são responsáveis por 42% de todos os empreendimentos do Minha Casa Minha Vida, gerando cerca de cinco mil empregos.

Quer entrar na área?

Pelo que se deu para ter de noção, a principal dica para atuar na área é buscar capacitação. Seja por meio da graduação, curso técnico e capacitações, estar atento e antenado no ramo é um fator importante para conseguir mais espaço no mercado de trabalho.

“A dica que eu dou é a pessoa buscar entrar em contato com a área o mais rápido possível, começar a se familiarizar com a construção civil, entrar nesse mundo desde cedo, para ter grande potencial de crescimento”, diz a engenheira civil Rosiane Benitez.

Na Capital, é possível encontrar curso na área pela Escola de Qualificação Profissional da Funsat (Fundação Social do Trabalho) desenvolve diversos cursos de capacitação com a finalidade de melhorar o perfil para a empregabilidade e apoiar iniciativas empreendedoras objetivando a geração de trabalho e renda. Há também a graduação em engenharia civil proporcionada por diversas faculdades públicas e privadas.

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