Ao pôr do sol deste domingo (5), começou a ser observado o período do Ramadã, e antes do nascer do sol desta segunda-feira (6), as 500 famílias muçulmanas que vieram para começaram seu período de jejum para a aproximação de Deus.  A prática é observada pelos fiéis conforme profecia recebida pelo último mensageiro de Allah, o profeta Maomé, que diz: “ao ver a Lua, jejua”.

“O dia começa quando o sol se põe. Então ele começou ontem depois do pôr do sol, mas não teve jejum, fizemos a oração de descanso, hoje de manhã antes do sol nascer começou o 1º dia do jejum do Ramadã”, contou o comerciante Ahmed Salim Ali.

De acordo com o comerciante, o Ramadã é celebrado no nono mês lunar do calendário islâmico e tem duração de um mês. Mas não tem uma data fixa. “A cada ano ele retrocede 11 dias. Quando eu cheguei em Campo Grande em 1991, eu jejuei em março. A cada 33 anos ele volta para fevereiro”, explicou.

Em árabe, a palavra Ramadã, significa “sentir sede”, nesse mês os adeptos do islamismo abstêm-se de comer e beber, ter relações sexuais e outras ações como fofocar e fumar, entre o nascer e o pôr do sol. O jejum é obrigatório.

“É um período de purificação. Não pode nem brigar nesse tempo. O jejum é uma adoração secreta. Deus falar, toda ação do ser humano é para ele mesmo, menos o jejum. O jejum é para Deus. Você pode falar que está jejuando, e não estar, ninguém vai saber. Só você e Deus. Agora se você estiver orando, todo mundo vê”, disse Ahmed.

Sobre os benefícios do período de jejum, Ahmed ressalta que é uma prática que traz benefícios para qualquer ser humano, independente da religião.  “O jejum é uma proteção. O jejum mais espiritual, nos leva para perto de Deus. Nós recitamos mais o alcorão nesse período, mais obras de caridade. O período ensina qualidades como o autocontrole, o autoconhecimento, a autoconfiança e a paciência. Tal sacrifício é para o temor de Deus”, afirmou.

O Ramadã também traz proteção, saúde, melhora o caráter e educa, purifica a alma e o corpo.

É importante ressaltar que a prática é o 4º pilar do Islamismo, e todos os membros são obrigados a jejuar, mas a observância fiel vai de acordo com cada um. Crianças, mulheres grávidas e lactantes, pessoas doentes e viajantes são desobrigados do compromisso. Porém os que não jejuam, alimentam pessoas necessitadas durante o período do Ramadã.

“Quem precisar quebrar o jejum por poucos dias, e tem condições de fazer o jejum, pode compensar depois jejuando ou pagando o valor das refeições a pessoas carentes, mas é melhor jejuar mesmo se puder”, ressalta.

Além do jejum, o islamismo tem outros pilares, o primeiro é a declaração de fé em que os muçulmanos testificam que Allah é o único Deus e que Maomé foi seu último mensageiro; as cinco orações diárias; o pagamento do tributo social, de 2,5% do ganho anual; a peregrinação a Meca, pelo menos uma vez na vida para aqueles que têm condições.

Conflitos

Gaza e Israel, mas uma vez passam por momentos de conflitos. Ás vésperas do início do Ramadã, no sábado (4), o Hamas e a Jihad Islâmica dispararam mais de 150 misseis contra Israel, que bombardeou cerca de 30 alvos dos dois grupos na Faixa de Gaza.

Na manhã desta segunda-feira, a calma voltou, mas o final de semana de conflitos 27 mortos e as Forças de Defesa israelenses afirmaram que o país foi alvo de 690 foguetes disparados a partir de Gaza e atacou 350 alvos do Hamas e da Jihad Islâmica. Dos 690 foguetes, 240 foram interceptados pelo sistema de defesa antiaéreo de Israel (35%). Quatro israelenses e 23 palestinos morreram.

Para Ahmed a possibilidade de maiores conflitos durante o Ramadã não tem nada a ver. “Esses conflitos acontecem há mais de 60 anos. Parece que eles não querem resolver o problema. Os interesses nas riquezas daquela terra geram isso, todo mundo quer. Eu torço para que parem, porque quem sofre são as crianças e mulheres, pessoas que não tem nada a ver com isso. Tomara que consigam fazer um cessar fogo e não tenha mais bombardeio de nenhum dos dois lados”, contou.