Com HRMS em investigação por mortes, diretor adere ao PDV e novo assume na segunda

Após a Justiça pedir investigação ao MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) pela responsabilidade sobre a morte de 1.140 pacientes no HRMS (Hospital Regional de Mato Grosso do Sul) entre fevereiro e outubro deste ano, o diretor da unidade, Márcio Eduardo de Souza, concluiu o prazo para se demitir pelo PDV (Plano de […]

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Hospital Regional em Campo Grande. (Divulgação
Hospital Regional em Campo Grande. (Divulgação

Após a Justiça pedir investigação ao MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) pela responsabilidade sobre a morte de 1.140 pacientes no HRMS (Hospital Regional de Mato Grosso do Sul) entre fevereiro e outubro deste ano, o diretor da unidade, Márcio Eduardo de Souza, concluiu o prazo para se demitir pelo PDV (Plano de Demissão Voluntária) e seguirá para a iniciativa privada. De acordo com o secretário estadual de Saúde, Geraldo Resende, o médico já havia aderido ao PDV (Plano de Demissão Voluntária) e estava apenas cumprindo o tempo até a última quinta-feira (31).

O novo diretor nomeado será revelado por publicação do Diário Oficial do Estado nesta segunda-feira (3). Na quarta-feira (5) será realizada uma coletiva para apresentação do responsável pela unidade e também para apresentação de um plano de ação da SES (Secretaria de Estado de Saúde) sobre a média de 4,4 mortes por dia no Hospital.

“O diretor cumpriu o prazo do PDV até o último dia. Nós sentimos pela perda de um bom profissional, mas desejamos sucesso”, disse o secretário ao Jornal Midiamax.

Mortes e inquérito

O Estado de MS destinou no ano passado um total de R$ 354,7 milhões ao Hospital Regional, que corresponde a 23% dos gastos totais com a saúde em MS. O Hospital que recebe a segunda maior demanda do estado está sempre envolvido em problemas, que vão desde a falta de insumos e de profissionais, até a presença de piolho de pombos. A Funsau (Fundação de Serviços de Saúde de Mato Grosso do Sul), que administra o HRMS, informou que do dia 1º de fevereiro a 14 de outubro, foram registrados 1.140 óbitos na instituição.

Os dados sobre a morte dos pacientes foram um pedido do juiz David de Oliveira Gomes Filho, da 2ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais. O juiz afirma que é possível que as pessoas estejam morrendo por causa da ineficiência da administração do HRMS.

“Assim, saber o alcance desta situação na vida dos usuários é de suma importância para os posicionamentos futuros do juízo no processamento do feito e para se apurar responsabilidades por omissão no socorro das pessoas”, disse nos autos.

Para ter a dimensão sobre o impacto do Hospital sobre a vida (ou morte) dos pacientes, além dados sobre o número de óbitos, o juiz ainda pediu informações sobre quem são as pessoas que vieram a óbito (nomes e idades), qual era o estado de saúde destes pacientes quando procuraram socorro, quanto tempo precisaram aguardar para que o atendimento viesse, qual foi a causa da espera (falta de material de medicamentos, de leitos, de médicos, de enfermeiros, de exames etc).

A Funsau só informou o número de mortes e pediu um prazo de 180 dias para ceder as outras informações. Segundo a Fundação, será preciso fazer um mutirão com vários médicos para analisar os prontuários e obter as informações.

Em nota, a SES informou que trabalha para melhorar o atendimento prestado no HRMS. Segundo o secretário Geraldo Resende, o número de óbitos está dentro da média histórica dos últimos nove anos, que foi de 1.311 óbitos por ano. “Não detectamos nenhum crescimento desproporcional nestes números”, salienta.

O HRMS recebe cerca de 120 mil pacientes por ano. “Os números apresentados à justiça estão dentro da série histórica do hospital. Em 2016 foram registrados 1.491 óbitos, em 2017 foram 1.436 e em 2018 foram 1.419”, explica o secretário, lembrando que nos últimos nove anos foram registradas 11.799 mortes no HRMS.

(Matéria editada às 17h15 para correção de informações). 

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