O Coletivo de Mulheres Negras de Mato Grosso do Sul, realiza neste sábado (23) a 9ª Feira Afro de MS, o objetivo do evento é fomentar e incentivar o empreendedorismo afrodescendente.  Nesta edição a celebração é em alusão do mês da mulher e ao dia Internacional contra a Discriminação Racial, comemorado no dia 21.

A feira teve início em 2017 e atualmente, segundo a organização, conta com 12 empreendedores negros, além dos apoiadores.  Para Ana José Alves, 62 anos, coordenadora do Coletivo e organizadora da feira, a primeira edição contava apenas com uma tenda preta e foi realizada na Praça Ary Coelho, desde lá cada novo convite se tornou uma edição celebrada.

Com foco no empreendedorismo afro, em dois anos coletivo realiza 9ª edição de feira
Ana, coordenadora do Coletivo de Mulheres Negras de MS e organizadora da feira. (Foto: Minamar JR)

“Estamos na 9ª edição, mas não só aqui na Praça dos Imigrantes. A feira é itinerante, então a primeira edição foi realizada em 2017, mas fomos para o Festival América do Sul, Festival de Bonito, e por ser itinerante, cada uma delas conta como uma edição”, explicou.

Ela ressalta que ações como essa são importantes no combate ao racismo ainda, mesmo que velado, forte no país. “O racista não dorme. Então é preciso que existam ações como essa para valorizar a cultura afro. Estamos aqui para exaltar o empreendedor negro.  Toda a renda é revertida para a própria feira”, disse.

Com foco no empreendedorismo afro, em dois anos coletivo realiza 9ª edição de feira
Kossi Ezou, veio do Togo para Campo Grande há 6 anos. (Foto: Minamar JR)

Kossi Ezou, 27 anos, veio do Togo, na África para Campo Grande há 6 anos, e está desde o início como expositor na feira, para ele o evento é importante também para a autoestima do povo negro. “A feira traz a representatividade do povo negro. O racismo existe, mesmo que velado, e a gente sente no olhar, no tratamento diferenciado, e esses eventos são importantes para a autoafirmação de nós negros”, afirmou.

Representante da feira e integrante do coletivo de mulheres, Angela Vanessa Epifanio, 33 anos, conta que a mulher negra por si só, desde o início da sua história já era empreendedora, mas que a feira fomenta isso, e valoriza. “Antes da abolição a mulher negra já empreendia, depois da abolição ela precisa sustentar a família e isso só foi se tornando cada vez mais forte para nós”, explica.

Ela ressalta que a mercadoria negra sempre foi vista como algo ruim, e um dos objetivos da feira é mudar essa visão. “50% dos empreendedores no país são negros, a maioria mulheres, o que acontece é que nos ensinaram que nossa cultura não tem valor, então precisamos resgatar o significado de toda a cultura negra e fazer com que esse empreendedor se veja com outros olhos”, conta.

Com foco no empreendedorismo afro, em dois anos coletivo realiza 9ª edição de feira
Angela Vanessa, também uma das organizadoras da feira. (Foto: Minamar JR)

“É preciso a valorização e o resgate da identidade, principalmente da mulher negra, que sempre foi vista como um objeto de afeto escondido. Não só nas relações amorosas, mas em toda relação afetiva. E a feira e todas as ações realizadas pelo coletivo visam isso, valorizar o empreendedorismo da mulher e do homem negro e resgatar essa representatividade e essa autoestima”, concluiu.

Serviço

A feira é realizada na Praça dos Imigrantes na esquina da rua Rui Barbosa, com a Joaquim Murtinho e vai até às 16h. Além de apresentações culturais e a venda de artesanato, haverá uma oficina de biscuit para quem for ao evento.