Alimentação é o segmento que mais cresce no mercado, principalmente de produção natural. Porém, sem preparação e conhecimento, poucos empreendedores conseguem se manter saudáveis. Para ajudar no processo de iniciação da ideia e aprimoramento do negócio é que existem as incubadoras. A realidade nos centros de , no entanto, é curiosa: de um lado há locais lotados e de outros espaços com várias salas vazias à espera dos futuros empresários.

Na Capital, há quatro incubadoras mantidas pela Prefeitura Municipal, por meio da Sedesc (Secretaria de Desenvolvimento Econômico, de Ciência e Tecnologia). Cada um dos centros de desenvolvimento empresarial e de treinamentos é voltado para um segmento específico e oferece com salas para abrigar os projetos aprovados na seleção de candidatos à incubação, capacitações, consultorias, assessorias e espaço de inovação.

Artesanato, alimentação, têxtil e tecnologia. Esses são os segmentos das incubadoras de Campo Grande. Relatório que mostra o perfil socioeconômico da Capital revela que de todas essas áreas, a Incubadora Municipal Norman Edward Hanson – da área de alimentação, é a única com quase todas as vagas para incubados preenchidas.

De acordo com a gerente das incubadoras municipais, Tereza Teixeira, o ramo de alimentos é mesmo o que faz mais sucesso. “Hoje as pessoas quando querem empreender, a maioria busca na área de alimentos por ser um ramo que, se trabalhado corretamente, é possível ter um grande potencial de crescimento”, afirma.

A Incubadora Normam Edward Hanson, no bairro Santa Emília, possui oito salas e desse total cinco estão sendo usadas. A Sedesc está com um edital aberto que vai selecionar mais duas ideias de negócio para preencher o espaço e há mais de 20 pessoas na disputa pelas vagas.

Por ser uma área muito procurada, a Sedesc está planejando abrir em algumas incubadoras de outros ramos uma sala de capacitação para auxiliar esses empreendedores que não entram na incubação. “A ideia é ajudar com capacitações. Hoje não atendemos só os incubados, os empreendedores da comunidade também nos procuram para terem entendimentos, então abrir uma sala para capacitá-los é uma boa solução no momento”, explica Tereza.

Cheia ou à espera de interessados, incubadora é 'berço' para sonho do próprio negócio
Incubadora Municipal Mário Covas atua no segmento têxtil e afins (Foto: Divulgação PMCG)

Os incubados

Adriano Adamis de Souza é apicultor há mais de 25 anos. A ideia de incubar o negócio partiu da filha. No começo, ele não levou muito a sério, mas depois que viu toda a estrutura montada percebeu o potencial de crescimento que o negócio poderia ter. Dito e feito: hoje, praticamente, toda a produção de mel e derivados passa pelo espaço montado na incubadora.

A empresa dele, Mel Serra da Bodoquena, entrou em 2015 com a primeira incubação, onde apenas envasava o mel. No final da incubação, Adriano passou por um novo processo seletivo com uma nova proposta para aprimorar ainda mais o seu negócio. Então apresentou uma nova gama de produtos, que na época não fazia, e envolveu o empreendedorismo social com o ambiental.

“A incubadora para nós foi como uma mãe, nos deu suporte e abriu portas que a gente nunca imaginou. Aqui amadurecemos e temos mais credibilidade ao oferecer nossos produtos. Tenho certeza que sairemos pronto para encarar o mercado lá fora”, ressalta Adriano.

O casal Jander Pereira Padilha e Monica Rodrigues Padilha são os novatos na incubadora de alimentos. Recentemente montaram um negócio que chama Bela Moni Sorvetes, onde produzem picolés. Para iniciar o empreendimento, fizeram uma adaptação na casa e começaram a produção. Quando souberam da incubação, não pensaram duas vezes e correram atrás para participar.

“Estamos bem motivados e tenho certeza que a incubação vai abrir portas para o mercado. Ainda estamos engatinhando, mas vamos formalizar, nos capacitar e vai dar tudo certo”, diz Jander.

Salas vazias

A Incubadora Municipal Mário Covas – especializada na produção têxtil e afins, diferente da alimentação, tem apenas quatro salas ocupadas e uma delas pertence à República das Arteiras que trabalham com slow fashion para criadores de moda autoral, costura sob medida, alfaiataria e costura de coleções.

A sócia-proprietária Ivani Grance conta que antes de entrar para a incubadora, ela e as amigas trabalhavam em casa. “Para atender o bairro é cômodo trabalhar em casa, porém como nosso público é voltado para criadores de moda autoral precisávamos de um espaço adequado e a incubadora veio de encontro com a nossa necessidade no momento”.

“Um aluguel para uma estrutura como a que temos aqui é mais de dois mil reais, fora os custos com adequação. Então na incubação pagamos um valor bem baixo, entramos pagando R$ 200 reais, uma diferença bem grande”, afirma Ivani.

Ainda de acordo com ela, esses segmentos, como o têxtil, são mais difíceis de lotar a incubação, pois há pouca procura. “É um setor que tem um déficit de profissionais, a cidade pode até ter muitas costureiras, mas elas ficam escondidas. Trabalhar em casa ficamos inviáveis, precisamos ampliar o negócio e ter visibilidade e a incubadora proporciona um ambiente adequado, impõe respeito para o cliente e tem uma rede de apoio que ajuda no negócio”, finaliza.

Como começar

Um dos quesitos é inovação. A Bela Moni Sorvetes, por exemplo, não comercializa apenas picolés tradicionais. Como diferencial, estão testando a produção de picolés detóx, feito à base de água de coco e sem açúcar. Até o momento, o casal já tem seis sabores do tipo, mas que ainda precisam de adaptações antes de apresentar ao mercado.

Além disso, há todo um processo para ser incubado. Veja o passo a passo:

Ter perfil empreendedor (gerencial e técnico)

– Buscar uma incubadora e conversar sobre suas ideias e suas intenções para o negócio, já existente ou não.

–  Colocar as suas ideias no papel, preenchendo um plano de negócio.

– Preparar todos os documentos exigido nos Editais de Seleção das incubadoras;

– Se inscrever num Edital de seleção;

– Apresentar seu projeto para a banca.

– Se aprovado, assinar os instrumentos jurídicos das incubadoras para ingresso e incubação.

Uma empresa pode permanecer incubada por dois anos, podendo renovar por mais seis meses. Após essa data as empresas são graduadas e deverão buscar um local para se instalarem caso estejam instaladas na própria incubadora.

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Pesquisa

Dados disponibilizados pelo (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) revelam que o percentual de sobrevivência de empresas no Brasil é preocupante. De cada 4 empresas abertas, 1 fecha antes de completar 2 anos de existência no mercado.

Um dos maiores problemas enfrentados pelo empresariado é a dificuldade de planejar e executar ações de marketing, especialmente as que envolvem o meio digital. Por isso, o papel da incubadora é fundamental. “Elas cuidam e auxiliam os empresários por determinado período, até que sua empresa esteja preparada para o mercado”, afirma Yago Roque Perez, assistente do Sebrae/MS.

“O Sebrae apoia empresas nascentes e empreendedores na formalização de seus negócios. É de nosso interesse que as incubadoras de empresas estejam aptas a oferecem suporte técnico, gerencial e formação complementar ao empreendedor e facilitar o processo de inovação e acesso a novas tecnologias nos pequenos negócios, contribuindo para que novos empreendimentos sejam criados em Mato Grosso do Sul, melhorando o ambiente empreendedor como um todo”, finaliza Yago.