Banca reprova estudante que atingiu nota para Medicina na UFMS; entenda o sistema de cotas
A estudante Isabele Colaço Melgarejo, de 20 anos, sempre sonhou em ser médica. Após concluir o ensino médio e passar meses estudando para o vestibular da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) o esperado momento chegou. Ela prestou a prova, entrou no processo como cotista e atingiu a pontuação necessária para ingressar na […]
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A estudante Isabele Colaço Melgarejo, de 20 anos, sempre sonhou em ser médica. Após concluir o ensino médio e passar meses estudando para o vestibular da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) o esperado momento chegou.
Ela prestou a prova, entrou no processo como cotista e atingiu a pontuação necessária para ingressar na universidade. O sonho de Isabele acabou se tornando um pesadelo quando participou da banca de veracidade da autodeclaração de candidatos pretos ou pardos. A universidade concluiu que a candidata não apresentava os requisitos necessários para assumir uma vaga como cotista.
“Achei injusto, primeiro porque não tem como me classificar como branca ou negra, pois sou parda. Neste ano, a banca levou em consideração apenas aspectos negros, por exemplo, seus lábios têm de ser grossos, o nariz largo, o cabelo crespo e a pele escura. Eles desconsideram nossas origens, minha avó era indígena, então meu cabelo é liso. A questão do pardo deveria ser melhor definida por eles”, relatou.
Conforme a UFMS, realmente o parecer é emitido com base exclusivamente nas características físicas. Não há entrevista ou análise documental dos antecedentes familiares. A universidade ofereceu em 2019, 3,6 mil vagas pelo Sisu (Sistema de Seleção Unificada) desse total, 1,7 mil são para ampla concorrência e 1,8 mil são para cotas.
As cotas são divididas da seguinte maneira:
Isabele não concorda com a decisão da banca e está frustrada. “Não tem como explicar, você batalha tanto por uma coisa e tem seu direito negado. Em que país as pessoas precisam se humilhar para entrar em uma universidade? Vou jogar minha nota no lixo, pois não tenho mais condições de arcar com as despesas de um cursinho, além do emocional abalado. Você fica atrasado em relação aos seus amigos. Acho que aqui na UFMS, as pessoas que entram como cotistas são escolhidas” lamenta.
Outro caso
Situação parecida aconteceu com a estudante Isabela de Souza Silva, de 22 anos, que também disputou uma vaga como cotista para o curso de Odontologia. Ela atingiu a pontuação necessária e foi reprovada na banca de avaliação.
Isabela conta que, em 2017, conseguiu entrar como cotista na UFMS, para o curso de Ciências Sociais, ou seja, de acordo com a estudante, ela já foi aprovada pela banca da mesma instituição que a reprovou dois anos depois.
“Eu me senti como se tivessem tirado o meu sonho sabe? Quando você coloca todas as suas expectativas em algo e de repente isso já não é mais seu. O mundo desaba, o chão também, enfim, é uma sensação muito ruim e não desejo isso para ninguém. Comecei até a me questionar, realmente sou branca? Vou começar a pensar que não sou parda, não sei o que sou, não tenho mais um lugar para mim”, lamenta.
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