Após casos envolvendo mortes e drogas, MPF-MS pede policiamento ostensivo em aldeias

Procuradores da República que integram a Força Tarefa Avá Guarani e lideranças indígenas da região sul do Estado se reuniram na tarde desta segunda-feira (17) para abordar a situação da segurança pública em aldeias indígenas de Dourados, a 225 quilômetros de Campo Grande. A coletiva de imprensa aconteceu no prédio do MPF-MS (Ministério Público Federal […]

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Coletiva da Força Tarefa Avá Guarani com lideranças indígenas de Dourados. Foto: Cleber Rabelo
Coletiva da Força Tarefa Avá Guarani com lideranças indígenas de Dourados. Foto: Cleber Rabelo

Procuradores da República que integram a Força Tarefa Avá Guarani e lideranças indígenas da região sul do Estado se reuniram na tarde desta segunda-feira (17) para abordar a situação da segurança pública em aldeias indígenas de Dourados, a 225 quilômetros de Campo Grande. A coletiva de imprensa aconteceu no prédio do MPF-MS (Ministério Público Federal em Mato Grosso do Sul) na Capital.

Na última semana foram cinco indígenas mortos em aldeias no município. De acordo com o MPF-MS , as taxas de mortes de indígenas na região de Dourados chegam a 101,18 a cada 100 mil habitantes, o que supera a média nacional de 29,2 a cada 100 mil habitantes.

A região é a que mais sofre com violência nas aldeias, a situação é preocupante e viola os direitos da população. “Em qualquer local as autoridades já estariam empreendendo esforços para apuração desses crimes. O que nós vemos é uma indiferença. Há pelo menos 11 anos a situação dos índios é a mesma. Também vemos o governo diminuir os índices de criminalidade no Estado, mas esse alto índice permanece nas aldeias porquê? Os índios também fazem parte da população, também tem seus direitos e por que são tratados com indiferença? ”, questionou o procurador da República, Marco Antônio Delfino de Almeida.

Delfino ressaltou ainda que em Dourados está a maior concentração de indígenas do país, com aproximadamente 13 mil habitantes, em aldeias que existem há pelo menos 90 anos no Estado. E ele acredita que que precisam ser criadas políticas públicas específicas de segurança para os indígenas. ““Esperamos um plano de enfrentamento para que o Governo atue com políticas públicas de segurança para as aldeias, projetos específicos para os índios, senão daqui 10 anos, estaremos na mesma situação”, afirmou o procurador.

Para as lideranças indígenas, os maiores problemas em relação aos crimes nas aldeias estão ligados ao consumo de bebidas alcoólicas e drogas, por isso é preciso um policiamento ostensivo diário. Sem isso eles estão à deriva da criminalidade e muitas vezes precisam agir como policiais na prisão e transporte dos criminosos até a delegacia.

Após casos envolvendo mortes e drogas, MPF-MS pede policiamento ostensivo em aldeias
Gaudêncio Benites, representante da Aldeia Bororó. Foto: Cleber Rabelo

“Estamos cansados de ouvir promessas das autoridades e o Governo dizendo que a Sejusp está atuando nas aldeias. Esse é um grito de socorro. Estamos perdendo nossas crianças e adolescentes. A gente liga para a polícia e eles falam que nunca tem efetivo, que não pode atender. A gente que acaba investigando os crimes. Muitas vezes ligamos e eles perguntam se a gente prendeu o autor porque se for assim, às vezes, eles vão lá. Nós queremos nossos direitos. ”, disse Gaudêncio Benites, representante da Aldeia Bororó de Dourados.

Após casos envolvendo mortes e drogas, MPF-MS pede policiamento ostensivo em aldeias
Cacique Getúlio Jucá, Aldeia Jaguapiru. Foto: Cleber Rabelo

Policiamento diário, e uma relação entre polícia e população, resolveriam a questão de crimes nas aldeias, segundo o cacique Getúlio Jucá, da Aldeia Jaguapiru, também em Dourados. “Os policiais precisam conhecer os indígenas, realizar trabalhos preventivos e não ir lá só quando tem ocorrência policial. Eles precisam dar atenção aos povos indígenas, as policias precisam entrar em contato com os índios conversar com as lideranças porque nós sabemos onde está o problema, quem é a pessoa que oferece risco, queremos evitar essas tragédias, porque nós sem bebida e sem droga não brigamos. ”, explicou.

 

 

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