Nesta sexta-feira (3), é comemorado Dia Internacional de Liberdade de Imprensa, instituído pela Unesco (Organizações das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura) há 26 anos. A data celebra o direito de todos os profissionais da mídia de investigar e publicar informações de forma livre, só que em Mato Grosso do Sul, cinco comunicadores foram mortos, supostamente exercendo o trabalho de informar.

Para informar oficialmente sobre todos os episódios de homicídios praticados contra jornalistas, profissionais de imprensa e comunicadores no exercício de suas funções, desde 2005 em todo o Brasil, o CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público) divulgou, nesta semana, o relatório “Violência contra comunicadores no Brasil: um retrato da apuração nos últimos 20 anos”.

26 anos de liberdade de imprensa e 5 executados em MS
Relatório elaborado pela CNMP. (Foto: Reprodução)

O relatório mostra que Mato Grosso do Sul está em quarto lugar nos registros de comunicadores mortos, colocação que divide com o estado de Minas Gerais, ambos com cinco vítimas. Em primeiro lugar está o Rio de Janeiro, com 13 mortes; segundo a Bahia com sete homicídios e em terceiro o Maranhão, com seis registros.

Lembramos também que informação é poder, tanto que a comunicação é tratada como um Quarto Poder, e por isso a tentativa de controlar os meios de comunicação sempre existiu e se chama censura. A censura fica mais clara em regimes ditatoriais, mas a luta pela liberdade de imprensa é constante, pois ainda existe a censura em governos democráticos, só que acontece de forma velada e mais preocupante.

De acordo com o relatório da CNMP, hoje o Brasil é um dos países mais violentos no que diz respeito ao ambiente de atuação dos comunicadores, onde nos posicionamos em sexto lugar no ranking de nações mais perigosas para jornalistas, segundo a Unesco. Estamos atrás apenas de países em grande crise institucional, política e até humanitária, como Síria, Iraque, Paquistão, México e Somália.

Casos do MS

26 anos de liberdade de imprensa e 5 executados em MS
O radialista Edgar Lopes de Farias, 48 anos, conhecido como Escaramuça (Foto: Divulgação)

Um dos casos mais marcantes do Estado e o primeiro a ser registrado no relatório, é o assassinato do radialista Edgar Lopes de Faria, o “Escaramuça”, no dia 29 de outubro de 1997. Ele morreu com seis tiros de uma arma calibre 12, na padaria que costumava tomar café da manhã, localizada na Rua Amazonas em . As testemunhas do crime foram ameaçadas e não comentam o assunto. O caso foi arquivado.

Um dos únicos casos realmente solucionados, foi o assassinato do radialista Samuel Roman, no dia 20 de abril de 2004, em Coronel Sapucaia, divisa com o Paraguai, por volta das 18h, na frente de sua casa com 11 tiros. Dias antes do crime, Roman tinha sido interrogado pela polícia em um inquérito sobre jogos de azar clandestinos na fronteira.  Ele animava o programa “A Voz do Povo” e denunciava o tráfico de drogas na região. Três pessoas foram presas como mandantes do crime, uma delas era ligada ao traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinha Beira-Mar.

Já as mortes de Luiz Henrique Georges, no dia 4 de outubro de 2012, e de Paulo Roberto Cardoso Rodrigues, morto em 12 de fevereiro do mesmo ano, ambos em Ponta Porã, segundo informações colhidas, foram assassinados em virtude de entrevero pessoal e disputas comerciais, respectivamente. Paulo Rocado era diretor-chefe do Jornal da Praça. Luiz, o “Tutu” era proprietário do mesmo jornal. Mesmo com os casos em andamento, a ligação entre os homicídios é clara.

Por fim, Eduardo Ribeiro Carvalho, o Carvalhinho, era proprietário do jornal Última Hora. Foi morto com quatro tiros em 21 de novembro de 2012. O caso foi arquivado no ano passado por falta de autoria. Carvalhinho era conhecido pelas polêmicas falar e artigos que divulgada referente à polícia e política do Estado.