Vilã ou aliada das crianças? Tecnologia ‘ensina’ línguas, mas pode trazer prejuízos a visão

Com o avanço das tecnologias e a facilidade do acesso à internet, a rotina da maioria das crianças inclui horas em frente aos aparelhos eletrônicos. Uma pesquisa realizada no Centro de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação aponta que cerca de 69% das crianças e adolescente do país, na faixa dos 9 aos […]

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Com o avanço das tecnologias e a facilidade do acesso à internet, a rotina da maioria das crianças inclui horas em frente aos aparelhos eletrônicos. Uma pesquisa realizada no Centro de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação aponta que cerca de 69% das crianças e adolescente do país, na faixa dos 9 aos 17 anos, utilizam a internet mais de uma vez por dia. Na região Centro-Oeste, os dados são ainda mais alarmantes, atingido a casa dos 74% das crianças conectadas.

Os problemas de visão, principalmente a miopia, têm ligação direta com o uso de celulares e computadores, especialmente entre os pequenos. A pré-disposição genética é um dos fatores responsáveis pelas patologias ligadas à visão.

O esforço demasiado dos olhos – referente ao longo período sem descanso – também pode desencadear a miopia acomodativa, ou seja, reversível.

Usados com cautela e respeitando o tempo de descanso, a tecnologia pode deixar o posto de vilã para aliada no desenvolvimento infantil. Este é o caso de Ian Ainoã Duarte que tem os jogos online como companheiros durante o dia-a-dia.

Vilã ou aliada das crianças? Tecnologia 'ensina' línguas, mas pode trazer prejuízos a visão

Autodidata, Ian “fala” quatro línguas (português, inglês, espanhol e francês) que aprendeu jogando videogame. A rotina da criança, segundo a avó, é baseada em chegar da escola, almoçar e ir para a televisão ou computador.

O pequeno possui miopia e chega a ficar 7 horas diárias em frente aos aparelhos. A doença fez com que o estudante desenvolvesse 2,5 graus no olho esquerdo e 3 no direito. Apesar da superexposição aos eletrônicos, a avó garante que Ian respeita o tempo de descanso.

“Ele não apresenta aumento de grau e respeita os intervalos. No caso dele, a tecnologia serviu para o auxílio de um desenvolvimento precoce.”

Isildinha dos Santos se refere ao poder de absorver as informações que a criança desenvolveu jogando videogame. O garoto aprendeu a ler com 4 anos e, aos 11 anos, tem gosto peculiares como Os Simpsons e Minecraft. Quando perguntado qual ídolo preferido, Ian é categórico: Bill Gates, claro.

Andando contra a maré, o garoto é minoria quando o assunto é respeitar as regras. Como as crianças possuem dificuldades de falar sobre os sintomas de cansaço ocular, a oftalmologista Cristiane Santos Bernardes alerta sobre o policiamento dos pais.

“Os pais devem ficar atentos na forma como o filho usa os aparelhos. Atitudes como fechar o olho, aumento do piscar e olhos avermelhados são indícios de exposição excessiva. Assim que identificado os sintomas, procurar um médico e suspender o uso dos eletrônicos.”

Vilã ou aliada das crianças? Tecnologia 'ensina' línguas, mas pode trazer prejuízos a visão

Crianças também relatam olho embaçado por muito esforço e, segundo a especialista, a atual realidade é pequenos com menos de 6 anos indo às consultas devido ao uso de celulares e tablets.

“O olho fica muito tempo contraído focando no celular de perto e quando olha pra longe tem a sensação de embaçamento. Como neste caso a patologia é transitória, basta suspender o uso.”

Recomendações

Regras são essenciais para minimizar o impacto dos eletrônicos na visão. Não somente a progressão de grau, mas outros sintomas como dor de cabeça, sensação de vista cansada e aumento da incidência de olho seco podem prejudicar a saúde ocular das crianças.

A recomendação é que o uso seja limitado de acordo com a faixa etária. Crianças menores de 8 anos devem fazer um intervalo de 15 a 30 minutos a cada 1 hora de uso de eletrônicos.
Para maiores de 8 anos, o ideal é descanso de 5 a 10 minutos a cada hora. Já a distância também deve ser observada. O conselho é que o objeto fique de 35 a 40 cm de distância dos olhos, evitando esforço.

“Se puder sair do celular/tablet e ir para a televisão, melhor ainda. Quanto mais longe melhor”, garante a oftalmologista.

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