Usuários do SUS criticam sabotagem e protesto contra pontos eletrônicos
A população em Campo Grande não está nada satisfeita com a sabotagem dos pontos eletrônicos. Após o escândalo das últimas semanas, quando três unidades de atendimento tiveram os pontos eletrônicos vandalizados, os pacientes entram em consenso sobre a necessidade de um controle sobre os horários dos médicos.
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A população em Campo Grande não está nada satisfeita com a sabotagem dos pontos eletrônicos que controlam os horários de trabalho dos servidores nos centros de saúde e nas demais unidades. Após o escândalo das últimas semanas, quando três unidades de atendimento tiveram os pontos eletrônicos vandalizados, os pacientes entram em consenso sobre a necessidade de um controle sobre os horários dos médicos.
“Eu acho uma pouca vergonha, onde já se viu não bater ponto? Todo trabalhador tem que prestar conta dos seus horários”, protesta a agente de limpeza Antônia Melo Bibiane, de 27 anos. Antônia conta que já chegou a ficar mais de quatro horas à espera de atendimento médico, mas desta vez, o atendimento no UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Coronel Antonino foi rápido.
O Jornal Midiamax foi até o UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Coronel Antonino e ao CEM (Centro de Especialidades Médicas) para conversar com a população. Nestes locais, houve vandalismo nos pontos eletrônicos, o que levou até o MP-MS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) a investigar os casos.
Um dos postos em que houve sabotagem no aparelho de ponto, a UPA Coronel Antonino teve movimento atípico nesta quinta-feira (16). Pacientes atendidos em menos de uma hora, bancos vazios e ninguém na calçada. O cenário estava bem diferente das denúncias de demora no atendimento e superlotação que chegam diariamente no WhatsApp do Jornal Midiamax.
Uma das pacientes, que não quis se identificar, conta que a rapidez no atendimento surpreendeu. “Tem dias que eu fico aqui a tarde inteira”, comenta.
Há rumores de que os médicos organizariam demissão em massa como forma de protestar contra os pontos eletrônicos instalados nas UPAS. Além disso, o Sinmed-MS (Sindicato dos Médicos de Mato Grosso do Sul) informou que a categoria irá se reunir nesta quinta-feira (16) para debater a questão dos horários de trabalho.
A instalação dos pontos eletrônicos nas unidades é uma determinação da Justiça e tem como principal finalidade fazer com que nos servidores cumpram integralmente sua jornada de trabalho. Com isso, acredita a administração, espera-se uma agilidade no atendimento e a consequente redução das filas.
O pedreiro Aparecido José de Alencar, de 55 anos, defende que os médicos devem ser tratados como uma categoria qualquer de trabalhadores, com os mesmos direitos e deveres.
“Tem médico que não aparece, tem médico que nem olha na sua cara direito, fica só mexendo no WhatsApp e não atende o paciente. Eles não quererem bater ponto é errado, eles têm que cumprir horário que nem pedreiro, que nem qualquer empregado”, diz.
O atendente Diogo Caffaro Franco, de 30 anos, também apoia o uso do ponto eletrônico. Segundo ele, só assim haverá um controle sobre quem realmente comparece ao trabalho. “Eu acho que foi uma sabotagem de um médico que trabalha aqui mesmo, vai ver é uma pessoa que não vinha trabalhar e não queria que descobrissem”, sugere.
O controle dos horários de entrada e saída de médicos é uma esperança para quem sofre com a precariedade no atendimento em postos de saúde da Capital. “Teve uma vez que eu trouxe minha esposa grávida para a UPA, sete horas depois, ela não tinha sido atendida e tinha fortes dores nas costas. Só quando ela deitou no chão é que apareceu gente para ajudar”, relembra Diogo.
A professora Marilda de Jesus Rosa, de 50 anos, comenta que o atendimento foi rápido no CEM, um dos locais onde houve a sabotagem, mas que o controle dos horários dos médicos pode agilizar ainda mais o procedimento.
A massoterapeuta Maria de Fática Nogueira, de 58 anos, relembra de casos em que passou mais de cinco horas à espera de atendimento nas UPAS. “Quem sabe com o ponto não melhora [o atendimento], né? Eu acho que todo mundo tem que bater ponto, é única forma de comprovar o tempo de trabalho”, diz.
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