Reféns do medo: moradores do Portal da Lagoa revelam rotina permeada por violência
Insegurança, falta de infraestrutura, isolamento e intimidações por parte de traficantes estão na rotina de moradores do bairro Portal da Lagoa, na região norte da cidade. Segundo relatos obtidos pelo Jornal Midiamax nesta quarta-feira (31), conviver com a iminência da violência é apenas mais um dos desafios diários de quem mora na região. Criado em […]
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Insegurança, falta de infraestrutura, isolamento e intimidações por parte de traficantes estão na rotina de moradores do bairro Portal da Lagoa, na região norte da cidade. Segundo relatos obtidos pelo Jornal Midiamax nesta quarta-feira (31), conviver com a iminência da violência é apenas mais um dos desafios diários de quem mora na região.
Criado em 1997 como um loteamento habitacional, promovido pela Correta Empreendimentos Imobiliários, as ruas do Portal da Lagoa não têm asfalto ou sistema de drenagem. Moradores consideram a iluminação pública ineficiente. Com isso, há um cenário favorável para crimes e a insegurança impera nas ruas.
Atualmente, o Portal da Lagoa é considerado fora do perímetro urbano da Capital e, por isso, é classificado como zona rural. Na prática, as cerca de 800 famílias que estimam-se viver no loteamento são isoladas do resto da cidade e dependem do transporte público para se locomoverem ao trabalho.
A única linha de ônibus que atende a região, a 220, têm baixa frequência e só passa a cada uma hora. Para agravar a situação, de acordo com os moradores, motoristas da linha têm se recusado a entrar no bairro durante a noite, após casos de apedrejamento reportados nos últimos dias.
Isolados
Receosos de serem identificados, moradores abordados pela reportagem preferem não fornecer nomes, mas relatam que a violência decorrente de crimes como roubo e tráfico de drogas é muito forte no bairro. Uma comerciante que há 17 anos mora por lá afirma que nos últimos meses várias bocas de fumo se instalaram no Portal da Lagoa. Traficantes, portanto, são apontados como responsáveis pelo vandalismo reportado pela empresa de ônibus.
“Aqui não tem policiamento, não tem ronda, é uma situação de abandono. De três a quatro casas por mês são arrombadas, levam tudo da gente, de botijão de gás à comida. Ficamos sabendo desse ônibus apedrejado e até sabemos quem são, porque o lugar onde aconteceu ficam muitos traficantes”, afirma a moradora, que tem 45 anos.
“Uber também não entra aqui. Os motoristas têm medo, então a gente fica na dependência do ônibus. Mas agora ele deixa os passageiros na entrada e todo mundo tem que entrar no bairro a pé. O outro ponto de ônibus que tem fica na UCDB e fica a mais de 2 km daqui”, comenta outra moradora.
Todavia, nem sempre a região foi assim, segundo afirmam os moradores. “Conforme foram chegando mais moradores a situação da segurança piorou. Aqui não tem lazer, não tem estrutura nenhuma. E agora que o ônibus não está entrando no bairro e a gente tem que seguir a pé, ficamos com mais medo”, revela um morador que também vive na região desde o início do loteamento.
Rondas policiais
Em relação à segurança, a principal reclamação é a falta de policiamento. “Às vezes a polícia até faz ronda, mas são pouquíssimas vezes. E quando a gente chama ela demora muito para vir. Tem muita boca de fumo, quando a polícia prende alguém eles falam que são usuários e são liberados. Além disso eles mudam muito de lugar. Aqui tem muita violência porque não tem polícia”, comenta um morador.
Procurada pela reportagem, o Consórcio Guaicurus informou que registra ocorrências policiais de vandalismo, como a reportada na terça-feira (30), e que também cobra das autoridades mais policiamento na região. A assessoria não confirmou que motoristas estão evitando entrar no bairro em horário noturno.
A Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública) também foi procurada e questionada se diante dos relatos, há alguma providência para melhorar a segurança na região. Até a publicação desta matéria, não obtivemos resposta.
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