O primeiro dia de prova do (Exame Nacional do Ensino Médio) aconteceu neste domingo (4) com questões de linguagens e ciências humanas. Enquanto a redação pode ter confundido os estudantes com relação à abordagem, as provas de ciências humanas e linguagens exigiram um rico vocabulário dos estudantes, dizem professores.

O professor Edgar Silveira Lescano, do colégio Raul Sans de Matos, leciona na disciplina de literatura e filosofia e comentou que o conteúdo esteve dentro do que já é exigido há anos pelo Enem. Para o professor, não houve surpresas nos assuntos abordados, mas a linguagem da prova cobrou vocabulário culto dos alunos. “A maior dificuldade foi a utilização de termos academicistas, linguagens cultas, palavras que se o aluno não tiver boa leitura, não teria condições de fazer a interpretação”, comenta.

O professor de história do colégio Raul Sans de Matos, Marcelo Piccoli, concorda que o vocabulário pode ter dificultado a prova para quem não tem o costume de ler. “Não teve ‘pegadinha' na prova, mas tinha que interpretar de maneira mais complexa, não estava tão simples. O uso de palavras não comuns, que exigem mais leitura e vocabulário, foram utilizadas, essa é a dificuldade”, diz.

Para o professor de história, não houve surpresa entre os assuntos cobrados pela prova. Ele cita que a História Geral deu ênfase na idade média e moderna, com poucos assuntos de história contemporânea. Além disso, a História do Brasil também se manteve no padrão e dentro da estatística de reincidência de temas da disciplina. Entretanto, apesar de temas previsíveis, era preciso interpretação.

“O que levou a dificuldade, no caso, foi a interpretação da questão, a interpretação do que está sendo pedido, do comando da questão e o texto de apoio. Causou dificuldade sim, porque você acaba associando conteúdo, mas junto ao conteúdo, o que mais definiu o aluno a chegar na resposta é a interpretação correta do texto e das alternativas”, diz.

O professor Lescano cita que, apesar de um conteúdo já esperado, uma das questões da prova chamou a atenção e exigiu um conhecimento bem mais aprofundado. “Teve uma questão sobre um texto de Santo Agostinho, que foi bem subjetiva. O aluno não tem condições de trabalhar os textos da escolástica, estuda-se superficialmente as obras, achei bem pesado colocar um sermão e fazer com que o aluno entenda”, comenta.

As questões de Língua Portuguesa também ficaram dentro do esperado, de acordo com Vinícius Beltrão, professor da plataforma de educação SAS. “A prova foi previsível, com muitos textos e tipologia variada. Ela percorreu o caminho dos anos anteriores e seguiu uma linha interpretativa”, explica. Ele afirma, ainda, que as maiores dificuldades da prova vieram de temas inesperados, com questões que os alunos poderiam não ter contato muito profundo, o que prejudica a interpretação de texto.

Tanto as questões de Inglês, quanto as de Espanhol exigiram dos alunos conhecimento de nível fácil e médio, porém Vinícius pontua que o nível de dificuldade sempre varia de acordo com o contato que o aluno teve com a língua estrangeira de sua preferência. “Se o candidato foi uma pessoa que se dedicou mais em ler textos em inglês ou espanhol, de acordo com a escolha feita, sentirá mais facilidade ao resolver as questões”, comenta.