Os usuários do transporte coletivo que descem no Terminal Moreninhas estão sentindo no bolso a falta de integração dos ônibus. Com dupla cobrança de passagem, moradores precisam pagar duas vezes para embarcar nos veículos que vão para os bairros próximos.
A situação tem gerado revolta em quem depende do transporte público diariamente. Atualmente, o Moreninhas é o único que não faz a integração das linhas e obriga os passageiros a passarem novamente pela catraca e desembolsarem o valor de R$ 3,70.
Com a migração do terminal de transbordo para “pontão de ônibus”, vigilantes foram contratados para fazerem a segurança da linha “26 Moreninha 3 e 4”. Moradores informaram que, no início da manhã desta quinta-feira (22), o caos tomou da linha e populares ameaçaram bater no motorista.
Um segurança que não quis se identificar explicou que fica dentro do veículo para “proteger a população da ação dos vândalos” e não para intimidar os usuários da dupla cobrança. As cozinheiras Tereza Dias e Natalia Lima dos Santos engrossam o número de trabalhadores que não aguentam mais a situação.
“A situação é revoltante. A integração tem que voltar. Já reclamamos na Prefeitura, mas eles não tomam providências. Quem não conhece a cidade fica aqui preso porque nem sempre tem gente lá nas guaritas para vender o passe e eles cobram duas vezes, daqui a pouco vamos ter que ir para casa de bicicleta,” garante Tereza.
Quem não tem condições de desembolsar outra passagem precisa descer na plataforma e ir a pé. Esta é a rotina da enfermeira Roseli Alves que, mesmo diante da tarde chuvosa desta quinta-feira, abriu o guarda-chuva e andou diversas quadras até chegar em casa.
“O bairro aqui é do tamanho do Aero Rancho e lá tem integração, mas aqui não. Dizem que não tem usuário, mas quando a gente pega o ônibus é lotado e, na linha 61 (Moreninhas / Shopping), tem que esperar dois ou três veículos porque eles vêm do Centro lotado”
A diferença no orçamento no final do mês também é sentida pela artesã Aurea Maria. A usuária conta que faz curso no Centro e na volta precisa descer no Moreninhas e ir andando até em casa. “Eu não tenho condições de pagar outra passagem. Aqui ninguém ganha dinheiro como água. Ônibus todos lotados e ainda dizem que querem fechar o Terminal.”
Abandono
A reportagem esteve no local e encontrou os banheiros abandonados e a ausência de vigilantes fixos nas cabines de passe. A antiga entrada principal estava vazia, trancada e pichada. Os banheiros foram flagrados sem limpeza, com cheiro forte e sem energia elétrica.
O cenário desenvolve medo em quem passa pelo local no início da manhã e noite. Roseli Alves diz que a entrada de pessoas não é controlada e o local fica à mercê de vândalos e usuários de drogas.
“Não tem fiscal, não tem bebedouro, limpeza e nem segurança. Isso é um perigo porque não temos paz, as pessoas mal intencionadas já sabem do abandono e vem pra cá de moto e ficam rondando a região.”
A equipe do Jornal Midiamax tentou um parecer da Prefeitura Municipal a respeito das denúncias, mas até o fechamento da reportagem não obteve retorno.
Cenário deve mudar
A dupla cobrança no terminal de transbordo pode estar com os dias contatos. O presidente da Assetur (Associação das Empresas de Transportes Coletivos Urbanos de Campo Grande), em reunião realizada com as lideranças das Moreninhas, garantiu que equipamentos serão providencias para, a partir da próxima terça-feira (27), a integração volte a funcionar.
Em projeto desenvolvido pela Agetran (Agência Municipal de Trânsito), uma grade de 30 metros de extensão deve ser instalada para separar o espaço e inoperar a pista de rolamento. O restante do local deve ser disponibilizado para outros fins.
Uma das sugestões oferecidas por Resende é transformar as plataformas em espaço gastronômico e para comércio de ambulantes. Ele lamentou o fato de o Terminal Moreninhas ter sido construído em lugar inadequado e supostamente não possuir demanda de passageiros.
