Com estímulo de professora, detentos vencem medo da escrita e lançam livro de sonetos
Depois de 14 anos lecionando, uma professora incentivou detentos a buscarem um novo caminho: através da poesia. Um apenas um ano, o trabalho com reeducandos do IPCG (Instituto Penal de Campo Grande) resultou na produção de um livro de sonetos, além da esperança de uma nova vida com a liberdade. O projeto pedagógico é uma […]
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Depois de 14 anos lecionando, uma professora incentivou detentos a buscarem um novo caminho: através da poesia. Um apenas um ano, o trabalho com reeducandos do IPCG (Instituto Penal de Campo Grande) resultou na produção de um livro de sonetos, além da esperança de uma nova vida com a liberdade.
O projeto pedagógico é uma iniciativa da Escola Estadual Polo Regina Anffe Nunes Betine, responsável pelo ensino em unidades prisionais em parceria com a Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário). A ideia do livro surgiu quando a professora Jacqueline Velasques Escolante percebeu que os internos tinham medo de escrever. Em um concurso de redação, ela percebeu como os reeducandos tinham dificuldade de se expressar. Para ajudar os alunos, ela começou a ensinar poesia e usou Vinícius de Moraes como inspiração.
A professora ensinou que o ‘dom das palavras’ é um mito e que todos têm a capacidade de escrever e se expressar através das palavras e da poesia. “Todos têm algo a dizer, a compartilhar, e precisam documentar o que vivem, as reflexões sobre coisas da vida”, diz Jacqueline.
O livro é a concretização do incentivo dado pela professora. A obra reúne 30 sonetos escritos pelos detentos durante as aulas de Português e Literatura. Orgulhosa, ela cita que até mesmo os desenhos da capa foram feitos pelos alunos. “Tenho um aluno que ganhou concurso de redação, cujo tema era Diretos Humanos. Ele escreveu quatro sonetos no livro e me disse que vai escrever o próprio livro quando sair. Eu mesma já corrigi alguns sonetos que ele está compondo”, comemora.
Para Jacqueline, a educação é transformadora na vida de pessoas que são desacreditadas pela sociedade. “Foi desafiador e ao mesmo tempo gratificante trabalhar com eles, pois quem está estudando quer a mudança em suas vidas. Levar esperança, afeto e encorajamento de que a mudança é possível é muito bom”, comenta.
Com o título “A Diversidade em Soneto”, o livro aborda a heterogeneidade cultural de Mato Grosso do Sul, com foco nas questões relacionadas a indígenas, negros e imigrantes. O interno Welton de Oliveira Gondin é autor de quatro sonetos e garante que o poder de se expressar é muito empolgante. “O tempo que estou em uma cela, procuro escrever para me ocupar, aprendi muito escrevendo sonetos”, afirma.
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