Com ‘as águas de janeiro’, o Paraguai deve ultrapassar os 5m em maio

Especialista diz que a média é comum para a época

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Especialista diz que a média é comum para a época

Como cantado por Almir Sater na música Comitiva Esperança, ‘as águas chegaram em Janeiro’ no Pantanal, mas esta não é considerada a cheia do Paraguai. A inundação que agora acontece é comum deve-se à intensidade da chuva de dezembro e janeiro e as cheias dos rios Miranda, Aquidauana e Taquari.

O pico da cheia deve acontecer em maio com a chegada das águas do norte, pelo Rio Paraguai. Nesta época o leito deve ficar entre 5 e 5,5 metros. A estimativa é do pesquisador da Embrapa Pantanal, Carlos Padovani, especialista em geohidrologia.

“A cheia do Paraguai ainda não chegou. O Rio Paraguai está subindo ainda. Tem chovido muito dentro do Pantanal e também nas bacias do Rio Miranda e Aquidauana, que encheram muito e essa água está inundando o trecho da BR-262, a Estrada Parque, o Passo do Lontra. Há alguns anos não chove tanto no Pantanal, mas essa cheia está no tempo dela”, explica Padovani.

As águas vêm ‘através do Rio Negro, Nhecolândia e Paiaguás, vai descendo o Piqueri, o São Lourenço e o Paraguai’ e quando chegarem à planície pantaneira encontrarão o solo já encharcado. “A preocupação para essa região e para as outras próximas ao Rio Paraguai, mais abaixo de Corumbá, no Rio Nabileque. Há muitas fazendas e criação de gado”, alerta o pesquisador.

Com ‘as águas de janeiro’, o Paraguai deve ultrapassar os 5m em maio

“Mesmo não estando muito alto, é capaz de inundar uma área muito grande porque se dá o encontro de inundações, com águas de origens diferentes e se estende por área muito grande já que a região é plana. Toda a região de Corumbá, Estrada Parque, Passo do Lontra e até 10 quilômetros para dentro e vai encontrar a inundação que já está lá”.

A equipe da Embrapa Pantanal irá continuar observando os índices de chuva em fevereiro e março, tanto nas bacias sul-mato-grossenses como as do Rio Paraguai, Taquari e São Lourenço, por exemplo, no Mato Grosso. Padovani acrescenta que a cheia “depende de como vão se desenvolver chuvas de fevereiro. As previsões são de que as chuvas continuem também em fevereiro e março”, mas a estimativa ainda é de que o nível do Paraguai fique até os 5,5m, o que é comum para a época.

Padovani aconselha que os moradores da faixa do baixo Pantanal e próximos ao Rio Paraguai tomem as providências e estejam preparados para a chegadas das águas de maio. “Que retirem o gado logo ou se prepararem para retirar daqui um mês”, alerta.

Maiores cheias

Conforme dados compilados pelo pesquisador Carlos Padovani, as maiores cheias do Rio Paraguai aconteceram em 1905, 1982, 1988 e 1995, atingindo a média de 6,59m em Ladário. Consulte os detalhes na tabela 01. O nível foi atingido apenas 3,47% ‒ 4 anos ‒ da série que se inicia em 1900. Já a média dos 6,21m foi atingida 6,08% das vezes ‒ em 7 anos. Confira na tabela 02.

A ocorrência mais comum do nível do Rio Paraguai em Ladário durante a cheia é justamente a média esperada de 5,25m. Este pico aconteceu 30 vezes e representa 26% das ocorrências, conforme tabela 03.

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