#CG119 anos: Campo Grande, uma capital com cara e jeitão de interior

Apesar de ser uma capital, Campo Grande é uma cidade com cara de interior. Quem nunca ouviu falar que por aqui todo mundo se conhece? Na cidade, hábitos como tomar tereré em frente de casa ou até mesmo comprar ‘fiado’ são normais mesmo nos dias de hoje. Isso tudo sem falar que a capital tem menos de um milhão de habitantes, menos populosa do que as grandes capitais do país.

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Apesar de ser uma capital, Campo Grande é uma cidade com cara de interior. Quem nunca ouviu falar que por aqui todo mundo se conhece? Na cidade, hábitos como tomar tereré em frente de casa ou até mesmo comprar ‘fiado’ são normais mesmo nos dias de hoje. Isso tudo sem falar que a capital tem menos de um milhão de habitantes, menos populosa do que as grandes capitais do país.

Campo Grande comemora 119 anos neste domingo (26) e o Jornal Midiamax fez um raio-x com dados sobre a cidade para ajudar a entender, afinal, o que é que Campo Grande tem de tão legal.

Com um IDHM (Índice de Desenvolvimento Humano Municipal) de 0,784, a cidade pode ser considerada como um bom lugar para se viver. O índice considera características como renda, longevidade e educação. Os dados são do Ipea (Instituto de Pesquisas Econônicas Aplicadas) e situam o município na faixa de Desenvolvimento Humano Alto.

A doméstica Aradice Goes, de 63 anos, acredita que a única característica que Campo Grande ainda carrega de cidade de interior é a hospitalidade. “Aqui é muito acolhedor, aqui por onde você anda, conhece muita gente, faz amigos, é por isso que falam que aqui todo mundo se conhece”, diz.

A pensionista Maria das Graças, de 68 anos, mora na cidade há mais de duas décadas e não se arrepende. “Eu gosto muito daqui, tem coisas a melhorar, como toda cidade, mas é muito bonita e agradável”.

Segurança

A segurança também é um fator importante para que a capital tenha este ar pacato. Segundo informações do Ipea, Campo Grande tem o terceiro menor índice de homicídios a cada 100 mil habitantes entre as capitais do país, atrás apenas de Florianópolis e São Paulo.

Além disso, em comparação com outras capitais, Campo Grande está em 15º no ranking da mortalidade no trânsito, com 21,7 óbitos a cada 100 mil. É o que apontam os dados do Ministério da Saúde.

O aposentado Elio Menezes, de 50 anos, discorda que Campo Grande seja pacata. Ele diz que mora na cidade há 30 anos e teve a casa roubada três vezes. Para evitar os crimes, a saída foi fortalecer a amizade com os vizinhos. “Só não fui roubado mais vezes por que me mudei para um bairro melhor, além disso tem os vizinhos né? São os melhores seguranças que você pode ter, por que estão sempre de olho”.

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O atendimento nas UPAs é alvo de reclamações constantes entre os moradores. (Foto: Marcos Ermínio)

 

Saúde

A saúde é uma das maiores preocupações dos moradores. As UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) lotadas, a falta de vagas em hospitais e a infraestrutura são algumas das denúncias feitas diariamente pelos campo-grandenses.

A manicure Luiza Cordeiro, de 31 anos, aponta que a saúde é o maior problema. “A gente vai no posto de saúde e é sempre lotado, são quatro, até cinco horas para receber um atendimento. E ainda por cima, é muito difícil ser encaminhada para um hospital, minha mãe ficou quase uma semana doente até conseguir”, reclama.

Dificuldades em conseguir um leito hospitalar são corriqueiros na Capital. Na última semana o Hospital Universitário chegou a fechar o pronto-socorro devido à falta de vagas, mas dados do Ministério da Saúde apontam que Campo Grande tem 300 leitos para cada 100 mil habitantes, uma média considerada adequada pela OMS (Organização Mundial de Saúde). Quanto ao número de médicos, Campo Grande tem 279 profissionais para cada 100 mil habitantes, também considerado o suficiente pela OMS.

A taxa de mortalidade infantil também é um indicativo dos serviços de saúde da cidade. Informações do Ministério da Saúde mostram que o município tem a segunda menor taxa de mortalidade entre crianças menores de cinco anos a cada mil nascidos vivos: 9,8. O número só é menor do que o índice de Florianópolis.

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O Noroeste é o bairro com a menor renda per capita. (Foto: Arquivo/Cleber Gellio)

Renda e economia

Campo Grande também é considerada uma cidade desenvolvida socioeconomicamente. O Índice FIRJAN de Desenvolvimento Municipal acompanha mais de 5 mil municípios brasileiros e a cidade está posicionada como a 6° capital com o melhor índice de desenvolvimento, com 0,819.

O Ipea aponta que a renda per capita do campo-grandense era de R$ 1.089,37 em 2010, mas um estudo mais aprofundado mostra a desigualdade social. Enquanto em um dos bairros nobres da Capital, o Chácara Cachoeira, a renda per capita é de R$ 3.845,32, no Noroeste a situação é bem diferente, cada morador tem uma renda média de R$ 278,57, aponta o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

A doméstica Aradice Goes veio fazer uma visita em Campo Grande e acabou ficando pela oportunidade. Aradice conta que não tem como reclamar sobre a geração de empregos, já que conseguiu trabalho na cidade e ainda criou seus filhos. O servente Geraldo dos Santos, de 45 anos, diz que há 17 anos veio para Campo Grande em busca de oportunidades. “Aqui tinha mais emprego na minha área, que é a construção civil”.

Habitação

Considerada a capital mais arborizada do país, a paisagem da Capital é um diferencial, mas chama a atenção mesmo é no período de floração dos ipês, árvore-símbolo da cidade. Campo Grande tem 96,4% de áreas arborizadas, aponta o IBGE.

Quanto às moradias, 89,72% da população possui serviço de água potável, enquanto 43,92% dos moradores possuem sistemas de coleta e afastamento de esgoto, entre os 10 menores índices entre capitais.

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Alguns bairros da cidade têm crescido devido à construções de novos edifícios. (Foto: Marcos Ermínio)

Campo Grande tem condições de crescer?

A população de Campo Grande tem crescido cada vez mais. Enquanto em 2000, a cidade tinha uma população de 663.621 habitantes, o número aumentou para 786.797 em 2010 e a estimativa atual é de que 874.210 viviam na cidade no ano passado, segundo o IBGE. Mas afinal, Campo Grande tem estrutura para se expandir cada vez mais?

Alguns bairros já estão em visível processo de verticalização. Edifícios são construídos em bairros que não tinham esta característica. “A cidade tinha 910 prédios em 2016, dos quais 600 na área central. Hoje a gente tem a verticalização em direção ao Parque das Nações Indígenas, indo ao bairro Chácara Cachoeira e onde a lei permitir”, diz o arquiteto e urbanista Ângelo Arruda.

O urbanista afirma que a verticalização não tem mal nenhum se for controlada, organizada e relacionada com a densidade. “Preparar Campo Grande para ser vertical é um processo, a cidade tem uma lei que é o Plano Diretor, ele indica que lugares da cidade pode ter uma densidade maior e as empresas de infraestrutura, energia,  água, esgoto, tudo, têm que se preparar para receber o investimento”, explica.

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