VÍDEO: usuários duvidam de melhorias nos ônibus em troca de isenção do ISS
Tarifa do transporte coletivo pode ter aumento
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Tarifa do transporte coletivo pode ter aumento
“Vou esperar sentada para ver se vai melhorar”. Cansados de promessas, os usuários de ônibus duvidam que o sistema de transporte coletivo vai melhorar em Campo Grande. Em sete anos – de 2010 até 2017, a tarifa do transporte coletivo na Capital passou de R$ 2,50 para R$ 3,55, um aumento de 42% [R$ 1,05 ]. Como previsto em contrato, entre outubro e novembro, a tarifa deve ser revisada e a população começa a se preocupar com ‘facada’ que vai levar.
Neste ano, o Consórcio Guaicurus- que reúne as quatro empresas responsáveis pelo transporte coletivo da Capital- está bem próximo de conseguir com a Prefeitura, a isenção do ISSQN (Imposto Sobre Serviços de Quaisquer Natureza) pelos próximos anos. Com isso, os empresários podem ter R$ 35,1 milhões de impostos perdoados até 2020, com a contrapartida de melhorias no sistema de transporte e até mesmo que a tarifa não tenha reajuste neste ano. Mesmo assim, a população diz estar ‘pagando para ver’ o valor não aumentar e alguma promessa ser cumprida.
Usuários estão cansados de promessas
As queixas da população são recorrentes ao longo dos anos. Além do preço, que pesa no bolso de quem não tem carro ou motocicleta, a demora, os pontos de ônibus que são apenas uma madeira fincada no chão, além do estado de conservação da frota incomoda os passageiros.
A população diz que não viu os veículos com ar-condicionado que foram prometidos e reclama da falta e lotação dos coletivos.Recentemente, seis ônibus articulados, que ‘comemoraram’ aniversário de dez anos na frota da Capital foram retirados de circulação e não foram substituídos por articulados ou BRTs.
A auxiliar de serviços gerais Ana Paula reclama da qualidade dos ônibus em Campo Grande. “É uma falta de respeito com os idosos e com todo mundo. Atrasa ônibus e o motorista não para. Não devia aumentar não, devia era abaixar o preço, pois nem todos mundo tem condições”, diz.
Sobre as melhorias, ela diz não acreditar que os empresários vão melhorar o sistema de transporte público. “Não confio. O negócio é esperar sentada. São tantas promessas que vão falando e a gente não vê nada. Vão aumentando isso e aquilo e não estão nem aí para a gente”, completa.
A consultora autônoma Janete Mani Mendes também diz que não acredita que a isenção de impostos da Prefeitura vai fazer os empresários melhorarem os ônibus na Capital. “Pode até dar certo, mas cumprir, eles não vão. Tem tantos projetos aí e não vejo nenhum em andamento”, diz. “Está muito caro o passe. O ônibus anda muito cheio e você mal consegue segurar”, analisa.
A funcionária pública Vanilze Nascimento também diz não acreditar nas melhorias. “O ponto de ônibus, mesmo, não tem. Você fica em pé no sol esperando. Onde eu pago mesmo, só tem aquele ‘palitinho’ no sol. Desde que eu moro lá é assim”, diz.
Isenção aos empresários
O Consórcio Guaicurus recebe a isenção fiscal da Prefeitura desde 2013, mas a população diz não ter visto melhorias nos últimos anos. Em 2016, o reajuste chegou até a ser vetado pelo TCE (Tribunal de Contas do Estado) e só ocorreu em 22 de dezembro. Os empresários mantiveram a isenção do imposto e se comprometeram a realizar reformas nos terminais de transbordo.
A isenção ficou valendo de março até outubro deste ano, com isso, os empresários economizaram R$ 700 mil. Mas, a população não viu as melhorias da contrapartida. Os terminais foram ‘maquiados’ com pintura, mas os problemas em banheiros e na estrutura continuaram tirando os usuários do sério. Nos dias de chuva, os passageiros continuam reclamando que chove dentro do terminal.
Na última terça-feira, o secretário Municipal de Fazenda, Pedro Pedrossian Neto, confirmou a intenção da Prefeitura de manter a isenção do ISSQN ao Consórcio Guaicurus. “Daremos a isenção para que não haja elevação na tarifa nesse sentido”, disse. Como contrapartida, o grupo deve instalar 100 novos pontos de ônibus pela cidade.
Como o valor do passe é calculado
Campo Grande tem uma das tarifas mais caras do Brasil e não se sabe exatamente os valores utilizados na conta do reajuste. No começo deste mês, o Jornal Midiamax procurou a Prefeitura e solicitou acesso ao IPK (Índice de Passageiros por Quilômetro) do período, mas o pedido foi negado.
Não é preciso cadastro e nem identificação para fazer as simulações. Na capital gaúcha, que tem população de 1.484.941 habitantes, a taria é de R$ 3,75 e deve passar, segundo a estimativa, para R$ 3,95. Ao contrário de Campo Grande, onde os trocadores foram extintos no começo dos anos 2006, em Porto Alegre, ainda há a função nos ônibus, mas projeto pretende fazer a profissão desaparecer por lá também.
Em Campo Grande, para calcular de quanto será o reajuste do transporte coletivo, a prefeitura da Capital leva em consideração além do IPK, que não é divulgado, o preço do diesel, reajuste anual dos motoristas, INPC (Índice de Preços ao Consumidor) acumulado e o IPCA-Oferta Global – valores entre a data de cálculo da tarifa em vigor e a data de elaboração do cálculo do reajuste).
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