Presidente do hospital rebateu críticas de Marquinhos
O presidente da ABCG (Associação Beneficente de Campo Grande) Esacheu Cipriano Nascimento, rebateu na manhã desta segunda-feira (7), as declarações do prefeito de Campo Grande Marcos Trad (PSD), que publicou um vídeo pedindo ‘de presente’ de aniversário para Campo Grande, a reabertura de Pronto Socorro da Santa Casa.
“Vamos parar com essa história de fazer apelo para que a Santa Casa dê um presente. O grande presente que a população pode receber, é o prefeito cumprir com sua responsabilidade, e pagar o devido valor dos serviços médicos que a Santa Casa presta à população e que a Prefeitura não tem condições de prestar certamente”.
A troca de ‘farpas’ entre o Município e a administração do hospital acontece após a Santa Casa ficar superlotada e fechar a entrada do atendimento de emergência. Esacheu apelou para que todos os órgãos competentes fossem verificar o que está acontecendo e se a Prefeitura está fazendo uma gestão de qualidade na saúde “como a Santa Casa está fazendo”.
“Faço um apelo ao MPF (Ministério Público Federal) e aos órgãos de fiscalização para que verifiquem o que está acontecendo na Santa Casa e o que acontece no Município. O orçamento municipal, de R$ 1,2 bilhões, é mais que suficiente para dar saúde com dignidade à população. A gestão [da Santa Casa], estamos fazendo de forma adequada. Eu quero saber se a Prefeitura está fazendo gestão no mesmo nível”, disse o presidente.
Nesta manhã, o hospital abriu novamente às portas à imprensa para mostrar a situação dos atendimentos. Ao contrário, da última sexta-feira (4), quando os corredores estavam ocupados por pacientes da ala verde –menos grave- desta vez, os corredores estão vazios, mas a superlotação segue nos setores destinados a atender pacientes mais graves.
De acordo com o presidente do hospital, a situação ainda é de superlotação, mas a partir desta data, será liberado para atender urgência e emergência regulados pela Central de Regulação da Sesau (secretaria municipal de saúde). Esacheu frisou que o corredor não é feito para atender os pacientes e que a faixa que indicava a superlotação será retirada.
Esacheu disse ainda que a Santa Casa precisa trabalhar dentro da receita. Em 2016, eles tinham que cumprir R$ 590 mil em procedimentos médicos e foram feitos R$ 1,4 milhão. Outro problema enfrentado, segundo o presidente, é que a Santa Casa esgotou a capacidade de pedir empréstimos e negociar com fornecedores.
Desde a última quarta-feira, quando a Santa Casa interrompeu os atendimentos de demanda espontânea, foram recebidos cerca de 200 ambulâncias e 312 pacientes.
Pacientes mais graves
A Santa Casa possuí seis leitos da ala vermelha – mais grave-. No início da manhã desta segunda, haviam 15 pacientes graves internados na ala vermelha, sendo que parte deles, ocupavam uma sala da área verde. São 12 pacientes entubados, sendo um com respiração manual. Uma morte foi registrada.
Também, há superlotação nas salas cirúrgicas. Três pacientes graves ocupando salas do centro cirúrgico e com isso, o hospital deixa de fazer em média 30 cirurgias.
Mais críticas
O prefeito Marquinhos Trad (PSD) voltou a criticar a Santa Casa, em agenda pública nesta manhã. Após a decisão de fechamento do Pronto Socorro, houve até uma confusão entre uma ambulância do Corpo de Bombeiros e funcionários do Hospital.
“Eles estão pressionando para ter mais dinheiro, cada vez mais dinheiro. São quase R$ 250 milhões por ano, toda vez se fala em dinheiro. Se não estão dando conta, deixem os outros tomarem conta. Ninguém pediu para ele (Esacheu Nascimento, presidente da associação que mantém o hospital) ser da Santa Casa, ele que se candidatou. Então que saia”, disparou Marquinhos.
Impasse
O impasse entra a ABCG (Associação Beneficente de Campo Grande) –mantenedora da Santa Casa e a Prefeitura resultou na suspensão de cirurgias eletivas na última terça-feira (1º). Segundo o hospital, apenas procedimentos já agendados seriam realizados. No primeiro semestre de 2017 foram realizadas 7.173 cirurgias eletivas, sendo 1.598 apenas em junho.
A decisão foi tomada no último dia 24 e anunciada para o dia 1 de agosto. No dia 25, a direção do hospital e representantes da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde Pública) se reuniram para discutir o assunto, mas não chegaram a um acordo.
A medida é uma forma de pressionar a Prefeitura em relação à contratualização do hospital. O contrato foi encerrado em dezembro de 2016 e desde então, ao menos oito aditivos foram assinados para manter os serviços e o repasse de R$ 20,2 milhões oriundos do governo Federal, Estado e Município.