Procura por abrigo aumentou 22% no Cetremi 

A ociosidade de prédios na área central da Capital, tem virado abrigo para moradores de rua. A prefeitura contabiliza até 176 pessoas atendidas, mas nas calçadas a cena de se repete todo dia, e se espalham pela cidade, ocupando prédios vazios e casas abandonadas. Na lista de locais invadidos estão um antigo restaurante chinês, um supermercado fechado no ano passado e uma casa na avenida Duque de Caxias. 

A primeira para é o antigo restaurante China, na Rua Pedro Celestino. Fechado desde 2015, o hall de entrada do velho estabelecimento atualemente é ocupado por alguns moradores de rua. O que servia de abrigo para o gás, acomoda um casal. Eles colocaram panos na grade, papelões e colocaram uma porta. Improviso que fez do espaço de 50 cm de largura e 3 metros de comprimento, o que talvez chamem de lar. 

Perto dali outro caso de abandono, o antigo supermercado Ki-frutas fechou há dez meses e amarga um triste fim. O local está largado, as janelas estão quebradas, assim como os portões, e o lixo tomou conta do espaço. Se abrigam pessoas de vida fragmentada, em geral, por vício de álcool e drogas. 

Quando o comércio fechou, mercadorias, prateleiras, máquinas e até alimentos foram deixados para trás. A maioria dos itens foram saqueados, como aparelhos de ar-condicionado. Enquanto isso, vizinhos convivem ainda com o mau-cheiro, consequência dos produtos abandonados, e da seguida ocupação irregular. “Virou preocupação da região, a gente pensa na violência, na mudança repentina, de um lugar movimentado para uma bagunça e sujeira”, comenta uma moradora. 

A proprietária do local, a estudante Mylena Miuki, herdou o prédio da família, e arrendou para uma comerciante. Após problemas judiciais, o supermercado foi fechado e segundo ela, o que restou foram dívidas e dificuldades financeiras, situação que dificulta o cuidado. “Os cadeados do prédio eram trocados sempre que arrombados, até que os frequentadores conseguiram derrubar o portão e quebrar as janelas”, disse. A jovem informou que o espaço está disponível para locação. 

A última construção de um conjunto de casas na avenida Duque de Caxias, tem acesso ‘livre. A residência está desocupada há anos e tem sido alvo constante de vândalos e usuários de drogas. Pessoas em situação de rua também dormem por ali durante a noite e vão embora pela manhã. O cenário é de abandono e destruição.

Aumento de pessoas em situação de rua

A prefeitura diz que no mês passado 110 pessoas foram atendidas pelo Centro Pop, serviço ofertado para pessoas em situação de rua e tem a finalidade de assegurar atendimento e atividades direcionadas para o fortalecimento de vínculos interpessoais ou familiares. 

O Cetremi (Centro de Triagem do Migrante e População de Rua), na saída para Três Lagoas, tem capacidade de acolher 100 pessoas, sendo 50 em situação de rua e 50 migrantes. Mas, devido à grande procura, no final de semana, 122 pessoas foram atendidas pela unidade, um aumento de 22%.  

Pelo SEAS (Serviço Especializado em Abordagem Social, da SAS) foram abordadas 176 pessoas, sendo 140 homens, 36 mulheres e 11 migrantes. Estima-se que tenha 1,2 mil pessoas estejam em situação de rua.