Relatos de alunos da UFMS são pedidos de socorro, explica psicóloga
No Facebook, depoimentos se multiplicaram
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No Facebook, depoimentos se multiplicaram
A postura dos professores universitários é criticada por alunos de diversos cursos e instituições de Mato Grosso do Sul e do Brasil. Após a publicação da matéria Faculdade se transforma em pesadelo e página traz relatos de alunos da UFMS, os depoimentos de perseguições e casos de assédio dentro de faculdades se multiplicaram pelas redes sociais e nos comentários da matéria.
Não é novidade que a rotina nas universidades exige muito dos alunos, mas quando a cobrança ultrapassa o limite e se torna capaz de prejudicar a vida acadêmica e pessoal dos alunos, o caso deve ser tratado por um profissional.
O estudo Vulnerabilidade e bem-estar psicológicos do estudante universitário, de 2014, indica que o percentual de estudantes que se queixou de sofrimento psíquico foi de 47,7%. Entre estes, 29% procuraram atendimento psicológico, 9% procuraram atendimento psiquiátrico, 11% usaram ou estão usando medicação psiquiátrica e 10% procuraram atendimento psicopedagógico.
O Jornal Midiamax ouviu duas psicólogas sobre a situação dos alunos universitários. Para os especialistas, os depoimentos podem ser vistos como pedidos de socorro e como reflexo da falta de diálogo nos bancos da universidade.
A psicóloga Laura Osano Gusso diz que o relato dos estudantes na internet é similar aos que são ouvidos por ela no consultório. “Eles [estudantes] sentem falta de um professor mais humano na sala de aula. Alguém com que eles possam contar. Atendo uma menina que tem um perfil muito parecido com os relatos. Mora sozinha, porque veio fazer faculdade aqui e toma remédio controlado, sente a pressão e cobrança deles [professores] por resultados”.
Para Laura, a publicação dos relatos na internet é uma forma de pedir socorro. “[a internet] É uma forma de se manifestar, pois não pode se manifestar de uma forma normal, já não tem essa abertura com os professores. O resultado negativo é que pode reverter contra eles [estudantes], pois o professor não tem essa visão de ajudar e enxerga que os alunos estão denunciando um ato individual deles”, explica a psicóloga.
Sobre isso, a psicóloga avalia que alguns professores não estão preparados para receber os alunos e não compreendem as ‘novas’ formas de ensino e aprendizagem que tiram dos ‘mestres’ o caráter de detenção total do conhecimento. “Os alunos estão no século 21 e alguns professores, no século 20 e, com isso há um conflito”.
Entre os relatos recebidos pelo Jornal Midiamax após a publicação da matéria alunos que dizem que podem desistir a qualquer momento do curso, pois não tem condições psicológicas de lidar com os professores. Laura alerta que o prejuízo vai além do aprendizado e da formação do estudante, com casos de pessoas que se afastam de outras atividades, como o trabalho, por causa do transtorno.
Diálogo
O psicóloga Marilene Kovalski explica que a relação que se estabelece em torno do mundo acadêmico, do conhecimento não pode excluir o sujeito. “Deste modo, não se constrói um saber, é sim uma relação de dominação entre o poder do mestre e a dependência do estudante, e o espaço de aprender, assimilar, introjetar fica prejudicado, favorecendo o mal-estar e o sofrimento entre e para ambos”. |
Marilene explica que o discurso recorrente é de que os alunos não se interessam em aprender, por outro lado, os professores não tem disponibilidade de ensinar, mas que cabe questionar, a que serve uma relação de insatisfação.
“É preciso que o diálogo impere, e que haja espaço para o saber e para o não saber, dos dois lados, mestre e aluno. Que o saber possa circular e construir conhecimento e laços, com sentimentos de prazer e admiração, sem excluir o sujeito de direito e de desejo”.
Sofrimento
Em um depoimento compartilhado após a matéria, uma estudante da UFMS alerta para que os estudantes não se culpem pelo sofrimento:
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