Na Capital, desafio é maior para travestis, diplomados e para quem busca 1º emprego

Brasil tem 13 milhões de desempregados

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Brasil tem 13 milhões de desempregados

Professora procura trabalho como cozinheira, uma travesti tenta, mais uma vez, enfrentar as barreiras do preconceito do mercado e um jovem busca o primeiro emprego há dois anos. As três situações foram descobertas na fila de empregos na agência pública de empregos, em Campo Grande, em tempos em que a população desocupada chega a 13 milhões de pessoas no Brasil.  

A fila dos desocupados, sem data para voltar ao mercado de trabalho, engrossou nos últimos anos e timidez de investimentos em um momento de economia incerta, congelou as oportunidades. Curso superior sempre foi visto como garantia de emprego, mas a professora de Artes Neusa Brites provou que não. 

A artista perdeu o emprego de professora no ano passado, e não tem conseguido colocação em sua e resolveu, em paralelo, uma vaga de cozinheira. Com a crise, brasileiros com diploma universitário, como Neusa, são empurrados para ocupações de menor qualificação. “Estou procurando qualquer emprego, não me importa a função”, disse.
Segundo ela, as vagas que surgem traçam perfis diferentes do seu currículo, e ela acaba ficando na fila. “Pensei que fosse mais fácil procurar fora da minha área, que não precisasse um vasto currículo, mas entendi que aqui o que precisa é de experiência”, contou. 

A experiência também tem é empecilho para Wendell Bartolli, 19 anos, que diz estar em busca do primeiro emprego há quase dois anos – desde que terminou o ensino médio. “Eu venho aqui pelo menos duas vezes por semana para ver se tem vaga, já distribui currículo, mas ainda nada. A gente que sai da escola e quer trabalhar, tem dificuldade em conseguir alguma coisa porque eles querem experiência”. 

Exclusão

A busca por emprego pode ser um campo hostil, no caso das travestis e transexuais os preconceitos e dificuldades são ainda maiores. Adrielly Oliveira tem 26 anos, tem experiência assinada em carteira de trabalho e muita força de vontade. São nove meses à procura de uma vaga, mas apesar da disponibilidade, ela conta que enfrenta diariamente uma série de desafios por ser travesti.

O estigma alinhado a prostituição, segundo ela, é a principal barreira.  “Acham que nós temos que ficar na rua, mas não é só vendendo o corpo que nós travestis podemos trabalhar”, desabafou. 
A jovem ainda não trocou o nome em todos os documentos, e sem formação, a situação fica pior. “Só terminei o ensino médio”, conta. “Eu tenho experiência, já trabalhei com limpeza, em cozinha, mas é um caminho mais difícil para mim”. E continuou eu não vou para rua. Mas vou continuar procurando”.

Efeitos da crise 

Até o final do ano passado Mato Grosso do Sul tinha 112 mil pessoas desempregadas, conforme Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 

Em Campo Grande há 196.537 mil postos de empregos formais, mas as novas ofertas ainda são minguadas. Em janeiro foram 170 novas vagas, mas para um cenário que demitiu 7,8 mil trabalhadores. O número, apesar de baixo, é visto com otimismo, pois em 2015 e 2016 o início do ano registrou somente fechamento de postos. O levantamento, no entanto, não revela a quantidade de pessoas sem emprego. 

A situação difícil da Capital é efeito do cenário nacional, são mais de 13 milhões de brasileiros desempregados. Os dados constam no PNAD Contínua, a pesquisa oficial do IBGE. O indicador refere-se ao período de janeiro e fevereiro deste ano.  

 

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