Dogueiro histórico teme perder ponto por ‘limpeza’ na avenida Mato Grosso

Carrinhos de lanche não podem mais funcionar no local 

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Carrinhos de lanche não podem mais funcionar no local 

Se o canteiro da Avenida Mato Grosso ganhou popularidade pelos carrinhos de cachorro-quente, o mérito é de Elcio Gonçalves Domingues, que há 26 anos vende lanches em frente ao colégio Dom Bosco. Ali ele viu criança virar adulta, receber diploma e fez grandes amizades, mas, no início dessa semana, recebeu o comunicado de que é preciso ter autorização municipal para continuar no endereço e por isso ele corre o risco de perder o ponto. 

A Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano) confirmou que recentemente foi realizada fiscalização na região da Avenida Mato Grosso e que os vendedores ambulantes que exercem a atividade de forma irregular foram notificados.  O órgão esclareceu ainda que a remoção dos lancheiros ocorre porque o município está realizando “ações que visam a urbanização dos canteiros públicos”, dentre as execuções está a limpeza, manutenção dos espaços e o tratamento fitossanitário da arborização. 

Nesta terça-feira (12), o comerciante disse que esteve na Semadur e que foi assegurado que ele poderia retornar ao seu lugar na quinta,mas não apresentou nenhum documento que pudesse garantir sua permanência. Enquanto isso, o órgão municipal sustenta que obedece o Artigo 5º da Lei 2.909  que instituiu o Código de Polícia Administrativa do Município de Campo Grande, e dispõe “É vedada a utilização dos logradouros públicos para atividades diversa daquelas permitidas neste código”.

Primeiro foram os traillers do canteiro da Avenida Afonso Pena, e agora são os dogueiros da Mato Grosso que enfrentarão uma mudança de endereço. Nessa segunda-feira, os comerciantes foram notificados pela Prefeitura de Campo Grande e não podem mais exercer a atividade no local, sob pena de multa de R$ 900. 
“Avisei os alunos, ficaram indignados, depois de 26 anos querem tirar nosso estabelecimento comercial de lá”, lamentou. “Quando abri aqui, eu fui na prefeitura pedir alvará para regularizar o carrinho, mas naquela época não tinha isso, disseram para eu ficar e eu fiquei”, recorda.

Agora, Elcio e mais cinco ambulantes enfrentam a mesma situação, não sabem o que deve ser feito, e muito menos quando devem reabrir. O número de ambulantes expandiu nos últimos anos depois que uma faculdade e um centro de cursinho se estabeleceu na região. O comerciante atende cerca de 150 pessoas por dia, e para provar o lanche, os clientes recebem até senha.

Em 2011, os carrinhos de lanche da avenida Afonso Pena foram transferidos para a antiga rodoviária de Campo Grande, mas passados seis anos, o espaço ainda funciona de forma rudimentar.

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