Direção nega informações, mas admite 10 leitos não habilitados

Problemas no repasse que deve ser realizado pela Prefeitura de ao HC () – Alfredo Abrão, culminaram em uma série de denúncias feitas por funcionários do local. Na lista de reclamações resultantes do não pagamento estão problemas de atraso salarial; assédio moral, leitos inativos e falta de medicamentos. 

Segundo as informações, o município fechou o ano de 2016 devendo R$ 1,8 milhão à unidade hospitalar. A verba referente a dezembro de 2016 não foi paga e gerou vários transtornos à administração e aos colaboradores do hospital.

“Não estamos recebendo salário e vale transporte. Apenas ouvimos que temos de ter foco no trabalho e atender o paciente. Fazemos nosso serviço e atendemos com respeito, mas precisamos do pagamento para o nosso sustento”, ressalta um funcionário que prefere não se identificar.

Outro profissional, que não quer ter o nome divulgado, também reclama da situação. “O salário de novembro recebemos semana passada e os valores não batem. Tiraram a nossa insalubridade de 40% e pagaram só 20%. As horas extras não pagaram inteiras e os funcionários têm de implorar por passe de ônibus. Não temos condições de continuarmos assim (sic). Não recebemos décimo terceiro e tem gente sem gás, sem comida”, relata.

Carlos Coimbra, diretor do HC, admite atraso relação ao pagamento e afirma que a questão está sendo discutida com a administração municipal. “Tivemos atraso por conta da Prefeitura. Pagamos uma parcela no mês passado e estamos negociando para que possamos receber o restante”, defende. 

Além dos problemas provocados pela falta de pagamento, alguns trabalhadores dizem que estão sofrendo assédio moral e denunciam falta de medicamentos. “Alguns foram obrigados a pedir demissão mesmo com anos de registro em carteira. Estamos sofrendo assédio moral e estamos com medo. Também estamos com medicamentos em falta, não temos nem soro”, frisa um dos trabalhadores.
                       
Por outro lado, o diretor do hospital defende que as denúncias não procedem. “Eu desconheço essas informações. Temos vários funcionários que foram cedidos para a empresa que faz a gestão dos leitos de UTI [Unidade de Tratamento Intensivo] e três que pediram demissão para trabalharem diretamente pela empresa, mas ninguém foi obrigado a pedir demissão. Também não recebemos nenhuma informação sobre falta de medicamentos, temos tudo em estoque”, assegura. 

Leitos de UTI –

Funcionário também afirmam que dos 20 leitos de UTI, inaugurados no novo prédio do hospital em setembro do ano passado, 15 estão “fechados” e apenas cinco permanecem em funcionamento. Um vídeo gravado no último sábado (7) mostra a situação do local.

Carlos Coimbra, por sua vez, justifica que dos 20 leitos apenas 10 estão habilitados conforme as preconizações do Ministério da Saúde e que, desde o ano passado, o hospital aguarda um posicionamento da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde Pública) a respeito do fato.

“Tínhamos 10 leitos de UTI funcionando no antigo prédio, eles já estavam habilitados. Quando inaugurou o novo prédio, já tínhamos a permissão de funcionamento de 10 leitos e pedimos apenas dos demais, mas a solicitação ainda está em análise. Precisamos do posicionamento da Sesau. A questão dos leitos não tem nada a ver com o problema no repasse”, declara.

A assessoria de comunicação da Sesau confirma a versão apresentada pelo diretor do hospital e diz que a solicitação está em análise, no entanto, não informou prazo para que os leitos sejam habilitados. 

Já a assessoria de comunicação da Intelad Gestão de Saúde Ltda, empresa responsável pela gestão dos leitos de UTI do Hospital do Câncer, afirma que as unidades estão bloqueadas por questões de pagamento.