Mais de 1,5 mil pontos da cidade não tem cobertura 

Quem utiliza o transporte público em sabe a dureza que é, e o apuro começa antes mesmo de iniciar trajeto, nos pontos de ônibus. Cansado de ver passageiros esperando em pé, o comerciante Davi do Prado, 40 anos, resolveu criar bancos em uma das paradas do bairro Tiradentes, na tentativa de oferecer mais conforto a essas pessoas. 

Os bancos feitos em madeira ficam na calçada da loja de carros de Davi, que já usou o transporte público e sabe o sofrimento que é. “Eu fico sentado aqui na garagem e notava senhoras em pé, sempre ofereci cadeira, e então tive a ideia de fazer os bancos permanentes”, conta. O ponto de ônibus reformado pelo comerciante fica na Rua Rouxinóis, por onde passa a linha 514. 

A empatia com a situação vem dos longos anos usando o transporte público na cidade, que segundo Davi não mudou em nada em 20 anos. “A gente pensa que as coisas vão melhorar com os anos, mas continuam iguais”, diz, lembrando dos tempos que utiliza o transporte público da cidade, há pelo menos 20 anos. “Os ônibus passam empinados de tanta gente, sempre lotados, pontos sem cobertura, foi sempre assim”, completa.  

A Capital tem exatamente 3.467 pontos de ônibus, mas 1.511 não apresentam cobertura ou qualquer outro tipo de estrutura, apenas uma tábua sinalizando que ali é uma parada. Quem utiliza esses pontos diariamente são os cerca de 100 mil passageiros do transporte público da cidade.

“Quando começa a chover eu saio correndo atrás de uma cobertura, e quando está sol a gente aguenta, mas tem dia que está ardido, não é? ”, disse a dona de casa Leonizia Garcia, 67 anos, que descrevia o seu cotidiano enquanto esperava embaixo do sol forte a sua linha chegar, no Jardim Noroeste.  

 Na Avenida José Nogueira Vieira, no Tiradentes, o curioso é que um lado da via os pontos tem cobertura, mas do outro não. O problema pode ser constatado por toda parte da cidade. Para tentar atenuar a situação, a prefeitura criou cobertura em 100 lugares, embora a quantidade seja significativa, não mudou o cotidiano, principalmente nos bairros mais afastados. O município promete instalar 500 abrigos, porém, a previsão ainda não foi informada.