‘A menina que roubava livros’ ganha os detentos do Presídio Federal

Livro é o mais lido no Presídio

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Livro é o mais lido no Presídio

Em Campo Grande, no Presídio Federal, a história de uma menina, fascinada pela leitura, e que furtava os livros e se envolvia nas histórias para esquecer os horrores da segunda guerra mundial, ganhou os presos. O Projeto ‘Remissão pela leitura’, do Ministério da Justiça, foi criado para que os presos de unidades federais façam resenhas, e quando aprovadas, culminam em redução de quatro dias de suas penas pela leitura de cada obra.

No Presídio Federal, a leitura do ‘A Menina que Roubava Livros – de Markus Zusak – lidera o interesse dos detentos. E os presos parecem mesmo estarem interessados em histórias ambientadas em meio a segunda guerra, isso porque, em seguida vem outra história do período: ‘O Menino do Pijama Listrado’, de John Boyne. A ‘Senhora do Jogo’, da líder em publicações Sidney Sheldon e o famoso ‘Quem Mexeu no Meu Queijo’, de Spencer Johnson também ganhou a atenção dos presos.

Das 6 mil e 4 resenhas produzidas pelos presos detentos nos 4 presídios federais do Brasil, 5 mil 383 foram aprovadas pela equipe pedagógica. “Se foram consideradas pelos juízes de execução penal em sua totalidade, elas representaram uma redução superior a 21 mil dias para os leitores”, explica o Ministério da Justiça.

“A iniciativa associa ações complementares de fomento à leitura à oferta da educação em ambientes em que cerca de 81% da população prisional não possui sequer a educação básica completa”, explica a coordenadora-geral de Promoção da Cidadania do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), Mara Fregapani Barreto. O Órgão vinculado ao Ministério da Justiça e Segurança Pública é responsável pelas políticas prisionais nacionais e pela gestão das penitenciárias federais.

Como funciona o projeto

Regido pela Portaria nº 276 de 20 de junho de 2012, o projeto prevê que o acervo seja indicado por profissionais ligados à área de educação. “A maior quantidade concentra-se nos clássicos da literatura brasileira, filosóficos e científicos, porém, com o avanço da iniciativa os gêneros se diversificaram. A única restrição acontece em relação a obras que fazem apologia ao crime ou de conteúdo que atentem contra a moral e os bons costumes”, explica o Ministério.   

Apesar da proibição da apologia, um clássico da literatura mundial, ‘Crime e Castigo’, do russo Fiódor Dostoiévski, está entre as obras mais lidas nos presídios. A obra, que narra a história de um homem atormentado pelo assassinato que cometeu, gira em torno de uma angústia que flerta com a possibilidade do ‘crime perfeito’ e é considerada uma das obras inaugurais da corrente filosófica do Existencialismo. É a mais lida do Presídio Federal de Catanduvas, em Santa Catarina.

 

 

“Após a leitura, os presos produzem uma resenha que é avaliada por uma comissão composta por especialistas federais em Assistência à Execução Penal (pedagogos, psicólogos e terapeutas ocupacionais) ou por professores da rede estadual de ensino que lecionam nos presídios”, explica o MJ.

O preso tem 30 dias para ler o livro e elaborarem uma resenha “atenda aos princípios da fidedignidade e clareza, além da estética”. Os trabalhos são enviados ao juiz federal da Execução de Penas de cada estabelecimento, responsável pela decisão e pelos dias de remissão da pena.Clássicos brasileiros como ‘Grande Sertões Veredas’, do modernista João Guimarães Rosa, e o norte-americano ‘O Apanhador no Campo de Centeio’, de J.D Salinger também cativaram os presos de Catanduvas.

A história da menina que roubava livros em meio à destruição da guerra, no entanto, conquistou os detentos. Ele está na lista dos mais lidos dos quatro presídios federais.

 

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