150 famílias invadem área de antigo clube da Capital, com terrenos a ‘R$ 1,2 mil’

Grupo vetou barracos em terreno de 18 ha

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Grupo vetou barracos em terreno de 18 ha

Cerca 150 famílias invadiram, no final do mês de dezembro, terreno de 18 hectares nas proximidades da Rua dos Cafezais, no bairro Los Angeles, onde funcionou o clube Samambaia, entre os anos de 1980 e 2005. Os invasores alegam ociosidade do terreno e reivindicam a posse da área para construção de casas.

São mais de 600 pessoas no lugar, em sua maioria famílias que dizem não ter casa própria e estar na fila da Emha (Agência Municipal de Habitação de Campo Grande). Os novos moradores alegam que o terreno foi escolhido porque estava abandonado há vários anos, e servia apenas de esconderijo de bandidos e ‘desova’ de corpos.

As famílias afirmam que, com a invasão, pretendem chamar a atenção para a distribuição de casas populares, que segundo eles nem sempre beneficia quem mais precisa. O déficit habitacional em Campo Grande é estimando em 50 mil famílias na fila de espera por uma casa.

Preço

No local, impera o silêncio. Poucos dão alguma informação, mas dizem abertamente que foram orientados por um suposto líder a não prestar qualquer tipo de notícia. Um morador, com a garantia de ter preservada a identidade, contou que os terrenos custam R$ 1,2 mil, e para a regularização dos lotes cada família irá pagar R$ 1 mil ao advogado. Sobre um suposto financiamento das invasões, ele respondeu: “Aqui nada vai ser de graça, ninguém quer morar sem pagar. Tudo será pago”, disse.

Apesar da invasão, os moradores dizem ter estabelecido regras no local. É proibido, por exemplo, construir barracos; sao permitidos apenas construções de casas em alvenaria. Para isso, homens e mulheres trabalham mais de 12 horas por dia às pressas para construir as residências. Escavadeiras e tratores foram contratados e a quantidade de material de construção é grande, mas ninguém quis revelar a origem dos materiais. Em menos de três semanas foram construídas cinco casas e a medição dos terrenos já foi realizada, cada lote terá 10×20 metros quadrados.

Uma das donas do antigo clube, a pensionista Nilda Loureiro, 63 anos, comentou que invasão foi de repente, e afirmou que irá ingressar com ação de reintegração de posse. “De repente eles estavam no terreno, levei um susto”, disse.

Nilda conta que após a morte de seu esposo, Idair Loureiro, em 2000, a administração do local passou aos filhos do marido, e o local ficou divido entre ela e os herdeiros. O local foi fechado em 2005 e nunca mais funcionou. As piscinas foram extintas e a área de lazer deu espaço ao matagal.

A proprietária lembrou que o clube foi alugado para o treinamento dos atletas do Cene (Centro Esportivo Nova Esperança), que pertencente à Igreja da Unificação de Moon. À época, a área chegou a ser negociado com o Reverendo Moon, mas a transação não teve andamento.

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