Confusão na noite de sábado espantou ‘lancheiros' que ganham a vida no local

Uma confusão na noite de sábado (6) na antiga rodoviária, no Bairro Amambai, considerado o primeiro de , entre moradores em situação de rua e usuários de drogas, expõe uma realidade de ‘abandono' de uma região que já foi sinônimo de desenvolvimento na Capital, e que ainda hoje abriga estabelecimentos comerciais antigos na cidade e redes de hotel e hostels.

A marginalização de pessoas em situação de rua e usuários de drogas tem crescido no local, conforme explicou a síndica do CCO (Centro Comercial Condomínio Terminal do Oeste) Rosane Nely de Lima, que defende que as pessoas em situação de rua não devem ser tratadas como criminosos, mas devem ganhar atenção do poder público. Rosane explica que a situação é uma denúncia da ausência de políticas sociais.

“É um acúmulo muito grande de problemas sociais, os usuários não são violentos com outras pessoas, mas muitas vezes brigam entre eles, jogam pedras uns nos outros e as pessoas não entendem que eles não são criminosos e ficam com medo. E isso é muito ruim, estamos lutando tanto pra revitalizar o bairro”, explica.

Rosane afirma que a situação deve ser encarada como um problema da sociedade. “Tem um projeto da guarda, de juntar a Polícia Militar, a SAS [Secretaria de Assistência Social] e fazer estudos, quem é morador, quem é usuário, como vamos fazer, como vamos tirar da rua. O centro da cidade está tomado, durante a semana não tem como ver porque tem movimento”, contou.

A síndica também critica a falta de estrutura da guarda municipal. De acordo com ela, na noite de sábado (6), uma confusão entre as pessoas em situação de rua e usuários de drogas teria assustado vizinhos e comerciantes no local. “Ontem tinha um evento e só tinham dois guardas no posto. É um problema nosso, ontem era sábado a noite e fui correr atrás de resolver para os vizinhos e para os lancheiros, que tiveram que ir embora”, declarou.

Para ela, além do abandono das pessoas marginalizadas e insegurança dos moradores, o local, que concentra hotéis e hostels, transmite uma imagem ruim da capital. “Temos uma grande parte da rede hoteleira, é o primeiro bairro de Campo Grande, tem muita gente de fora. Eu acho que tinha que haver uma junção entre os poderes pra desenvolver um projeto pra sanar esse problema, a gente precisa estar junto”.

 

(Luiz Alberto)

“O secretário de segurança tinha que ser mais preocupado com essa região. Porque a guarda tem uma secretaria, ela tem que fazer o que é passado pra ela. A polícia não tem como fazer nada, porque não são criminosos. Falei com ele [secretário] ontem e me respondeu: ‘a guarda faz o papel dela e você deveria chamar a polícia'”, explicou Rosane.

O que diz o secretário

Titular da Semsp (Secretaria municipal de segurança pública), o Marjor Luidson Borges Tenório Noleto afirma que a prefeitura, em parceria com o governo estadual, desenvolve políticas públicas voltadas à população marginalizada no Amambai.“Nós temos atuado na região da rodoviária, pautando o princípio do respeito, individualidade, repeito aos direitos humanos, temos colocado a guarda pra assumir o papel na sua região central. Mas a guarda é responsável por toda região central”. 

“Nossas abordagens tem o viés da integração. Desde o início de outubro que trabalhamos integrados com a SAS. A ordem que eu dei é que não vou tratar o usuário como bandido e marginal, vou tratá-los com respeito e dar acesso os serviços públicos, com respeito à condição deles”, afirma.

O secretário afirma que a estrutura da guarda no centro dividiu-se, colocando guardas em outros pontos como praças, parques e escolas. “ O combate ao tráfico tem o viés da atuação com o Estado, através da Polícia Militar. Estamos apoiando sempre a PM, integrados com ela. Ali (antiga rodoviária) é uma área privada, a prefeitura detém um pequeno percentual. Nós damos atenção, fazemos intervenções e quando há necessidade, quando tem cidadãos armados nós acionamos a PM. Não vou posicionar a guarda civil para fazer faxina e serviço social”, finaliza.