“Mais importante do que desmascarar o pedófilo é educar sexualmente as crianças”

A nadadora Joanna Maranhão, 29, que irá disputar sua quarta Olimpíada este ano no Rio, falou sobre sua superação da depressão em uma entrevista ao portal BBC. Joanna possui a doença devido a um trauma de infância, após sofrer abuso por parte de seu treinador aos nove anos. Ela ressaltou também a importância da educação sexual entre as crianças.

A atleta levou anos para conseguir falar sobre o abuso que havia sofrido. Quando pôde lidar melhor com a situação, criou a ONG ‘Infância Livre’, com o objetivo de auxiliar crianças que passam pelo mesmo problema.

“Mais importante do que desmascarar o pedófilo é educar sexualmente as crianças. É preciso ter uma educação sobre isso, sobre qual carinho pode, qual não pode, o que são certas coisas. É preciso falar disso na escola”, afirma Joanna.

“As pessoas têm um certo pudor, acham errado falar de educação sexual para criança, mas isso é a maior chave para combater o problema (dos abusos de menores). Precisamos falar abertamente sobre isso, explicando que existem partes que podem e partes não podem ser tocadas, fazendo a diferenciação do corpo do menino e da menina, etc.”, diz.

O ensino público no Brasil não possui disciplinas de educação sexual. Algumas redes locais e escolas mantêm projetos a respeito do assunto. A ONG ‘Infância Livre’ tem as aulas do tema como uma de suas principais ações. Mais do que o auxílio a crianças que sofreram abusos, também é feito o trabalho da educação sexual como forma de prevenir o problema.

Lei Joanna Maranhão

Em 2012, quatro anos após a divulgação do trauma vivido pela atleta, foi aprovada a “Lei Joanna Maranhão”, que muda as regras de prescrição para crimes relacionados a abuso sexual infantil: a contagem para a prescrição passa a valer a partir de quanto a vítima completa 18 anos, e não a partir da data do crime.

“O modus operandi do pedófilo é sempre o mesmo, e a reação da criança também. O criminoso é quase sempre uma pessoa próxima, acima de qualquer suspeita. E a criança não consegue falar sobre isso, é muito difícil”, disse Joanna. “Então, a lei é uma vitória e é importante por dar voz à vítima quando ela está pronta para falar”, conclui.