Trabalhadoras da Casa da Mulher Brasileira são demitidas e denunciam retrocesso
Deficientes, mulheres denunciam apadrinhamento político
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Deficientes, mulheres denunciam apadrinhamento político
Três ex-trabalhadoras da Casa da Mulher Brasileira denunciaram ao Jornal Midiamax que foram demitidas injustamente para que apadrinhadas políticas ocupassem seus lugares. Elas têm deficiência física e teriam sido mandadas embora ‘sem motivo aparente’. As novas funcionárias fizeram treinamento para atender na Casa nesta sexta-feira (10).
“De uns três meses para cá a gente vinha se sentindo pressionada, saindo funcionárias, gente sendo mandada embora sem motivo. Lá na Casa da Mulher somos especializadas. Quando a coordenadora foi mandada embora, ficamos vulneráveis, ficamos sem chão, e aí começaram mais e mais demissões”, diz a ex-funcionária Rosa Maria Batista Santos, de 55 anos.
Rosa diz que as demissões são um retrocesso para políticas de inclusão. “Faço parte das políticas públicas, além de mim existem duas negras, duas índias, e mais uma deficiente. As duas deficientes foram mandadas embora. Sem explicação, sem justa causa, sem motivo algum”, critica Rosa, que é portadora de uma síndrome chamada focomelia, que provoca má formação genética no feto ocasionando o encurtamento dos membros superiores ao tronco.
Rosa conta ainda que foi policial civil por 17, com conhecimento acumulado em atendimentos de casos. “Entendo tudo sobre o assunto, sobre políticas preventivas de violência contra a mulher”, enfatiza.
Ela ainda pontua ter sido contratada para ser telefonista, entretanto atuava como recepcionista. “Não sei porque fui demitida. Nunca deixei de cumprir qualquer função. Ao contrário, estava sempre disposta ao o que fosse”.
Também demitida nesta semana, Mônica Luz, de 50 anos, diz se sentir discriminada, e justo no local onde deveria estar segura. “Sinto-me discriminada, sou deficiente visual e nunca teve adaptação para mim. Fui cerceada das funções adequadas. Fui contratada para ser telefonista e fiquei como recepcionista, mas mesmo assim sempre exerci a função”, diz, pontuando que no dia 22 completaria um ano de casa.
Segundo Mônica, nada foi avisado com antecedência, ela foi chamada e informada que seus serviços não seriam mais necessários. “Foi só isso, nenhuma justificativa. Saio da minha casa 5h30 da manhã e chego às 6h30 no trabalho. Nunca atrasei e de um dia para outro fui mandada embora”, reclama
Para a presidente da Associação de Mulheres com Deficiência de Campo Grande, Mirella Ballatori Tosta, 52 anos, a situação é um retrocesso nas políticas públicas para mulheres com deficiência. “Essa situação nos pegou de surpresa. Elas foram contratadas por currículo, não por caráter político. A Casa da Mulher Brasileira não é do PT, não é do PSDB, é do povo, é nossa. A as gestoras não podem tirar as pessoas e colocar do jeito que quer. A gente sabe porquê estão fazendo isso. É questão política, única e exclusivamente”, diz.
O Jornal entrou em contato com a Prefeitura de Campo Grande para obter um posicionamento da administração sobre as denúncias, que não foram respondidas até o fechamento desta matéria.
Matéria editada às 19h21 para correção de informações.
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